Não é raro ouvir-se dizer que a corrida pode ser prejudicial para a coluna e que treinar com muita roupa ajuda a perder mais peso. Contudo, é importante perceber até que ponto estas – e outras – afirmações se baseiam em fundamentos criteriosos e lógicos.
A propósito da terceira edição do Exercise Summit, um evento organizado pela Exercise School que se realizou recentemente, em Lisboa, e onde foram debatidas várias questões sobre o exercício físico, a VISÃO conversou com Nuno Filipe Pinho, Coordenador Pedagógico da Exercise School, que desmistificou algumas ideias preconcebidas relacionadas com o treino.
1. A melhor altura para fazer exercício é de manhã?
Apesar de o momento escolhido para se treinar depender, muitas vezes, da forma como se consegue gerir o dia, devido ao trabalho e aos assuntos pessoais, o essencial é manter um padrão regular de treino, diz Nuno Pinho. “Este é um fator determinante na regulação biológica. Por isso, encontrar a hora certa que permita manter a regularidade é um elemento estruturante em todo o processo”, explica. O especialista refere, ainda, que se deve limitar o exercício físico nas horas noturnas em alguns casos, para que o sono não seja afetado.
2. Correr pode ser prejudicial para a coluna e pernas/joelhos?
Este movimento envolve stress mecânico nas articulações e, por isso, é relevante perceber se o desportista está apto para tolerar esse stress, assim como qual é a “dose” de corrida necessária para conseguir atingir os seus objetivos definidos. “É injusto atribuir à corrida uma conotação negativa, sendo mais imperativo definir se a pessoa está preparada para correr e desenvolver um processo progressivo de prática que permita uma adaptação mecânica e de habilidade”, explica Nuno Pinho.
3. Os melhores exercícios para se perder peso são os de cardio?
De acordo com o especialista, qualquer forma de exercício é “cardio”, e são as demandas fisiológicas que vão determinar a intensidade com que o sistema cardiovascular terá de funcionar para sustentar o esforço. “Perder peso, ou melhor, melhorar a composição corporal pela perda de tecido adiposo em excesso, passa por melhorar os hábitos de vida, tendo em conta a alimentação, o tabagismo, a adesão a uma prática regular de exercício ajustado e os hábitos de sono, e não a uma prática desenfreada de um qualquer método de treino”, esclarece Nuno Pinho.
4. Para se reduzir a gordura abdominal, deve fazer-se, principalmente, muitos abdominais?
Não, não se pode resumir a perda abdominal à realização de abdominais. Segundo Nuno Pinho, a perda de massa gorda em excesso acontece com hábitos de vida saudáveis, e não com a realização de “métodos de treino mágicos”.
5. Fazer exercício físico com mais roupa ajuda a perder mais peso?
A sudorese (suor excessivo) não é um indicador de intensidade, mas sim gestão de temperatura interna, não sendo determinante na melhoria da fisiologia. Por isso mesmo, “não existe fundamento para uma afirmação desse tipo”, afirma o especialista.
6. Quanto mais tempo durar o treino, mais rápido se conseguem atingir os objetivos?
Intensidade e volume são conceitos opostos e, portanto, quem quiser treinar de forma intensa vai ter de diminuir a duração. “Dependendo de cada indivíduo, construir intensidade pode levar anos e, como tal, a duração do treino terá que ir sendo ajustada às suas possibilidades e ao nível de intensidade do treino. Prefiro a seguinte ideia: “Treinar bem é que faz bem””, diz Nuno Pinho.
7. Beber água durante o exercício físico faz mal?
“A hidratação é um imperativo à vida”, afirma o especialista. Portanto, é essencial a manutenção constante da hidratação corporal.
8. Quando se treina muito, podemos abusar um pouco mais na alimentação?
Independentemente de se treinar muito ou pouco (ou até nada), seguir uma alimentação equilibrada, fornecendo ao sistema biológico nutrientes com elevada qualidade, é imprescindível à manutenção de uma vida saudável. O treino realizado de forma isolada não torna ninguém mais saudável.
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