Investigadores do Royal Children’s Hospital em Melbourne, na Austrália, acreditam que os jovens hoje em dia têm uma forma de ver a vida diferente dos jovens das gerações passadas e garantem que a idade da adolescência deve ser alterada.
“A adolescência é a fase de alongamento da vida entre a infância e a idade adulta, e a sua definição há muito representa um enigma. A adolescência engloba elementos do crescimento biológico e as principais transições do papel social, que mudaram no século passado”, diz o estudo.
Esta geração de adolescentes estuda durante mais tempo e tende a atrasar a estabilização da vida pessoal e profissional, o que leva os investigadores a acreditar que a idade de entrada na vida adulta deve ser apenas aos 25 anos. “O atraso no tempo da transição de papéis, incluindo a conclusão da educação, do casamento e da paternidade, continuam a mudar as perceções populares de quando a idade adulta começa”, segundo a pesquisa.
Além de começarem a assumir responsabilidades mais tarde que os pais e avós, os jovens entram também na puberdade mais cedo devido a mudanças ao nível da saúde e da nutrição. A investigação relata que “a puberdade precoce acelerou o início da adolescência em quase todas as populações” e que os jovens devem ser considerados adolescentes a partir dos 10 anos de idade.
A puberdade começa quando a parte do cérebro conhecida como hipotálamo começa a libertar uma hormona que ativa as glândulas pituitária e gónada do corpo. A primeira é responsável por várias funções do organismo como por exemplo o crescimento e a segunda produz as células sexuais necessárias para a reprodução.
Susan Sawyer, diretora do centro para a saúde do adolescente do hospital de Melbourne, disse à BBC que “embora muitos privilégios legais para adultos comecem aos 18 anos de idade, a adoção de papéis e responsabilidades geralmente ocorre mais tarde” e defende que “uma definição expandida e inclusiva da adolescência é essencial para um enquadramento apropriado para o desenvolvimento de leis, políticas sociais e sistemas de serviços.”
A diretora deste centro acredita que “a nossa definição atual de adolescência é excessivamente restrita e as idades de dez a 24 anos estão em melhor forma com o desenvolvimento dos adolescentes hoje em dia”.
A era do marketing e dos media digitais está a afetar a saúde e o bem-estar dos jovens, o que leva o período de transição da infância para a idade adulta a ocupar uma parcela maior do curso da vida de um indivíduo. Por isso, os autores deste estudo defendem que “ao invés de 10 a 19 anos, uma definição de 10 a 24 anos corresponde mais de perto ao crescimento dos adolescentes e aos entendimentos populares desta fase da vida e facilitará investimentos ampliados em uma ampla área de configurações pessoais”.
Estas conclusões foram publicadas na revista The Lancet Child Adolescent Health e resultam de um estudo realizados por cientistas australianos e suecos.