Um estudo mostra que homens caucasianos que façam um mínimo de sete horas e meia de exercício por semana têm o dobro do risco de sofrer de doenças do coração em comparação com aqueles que fazem um número de horas de exercício mais moderado.
Investigadores da Universidade de Illinois e da organização de saúde Kaiser Permanente, nos EUA, observaram diferentes rotinas de exercício durante 25 anos e descobriram que homens caucasianos que praticam muito desporto têm 86% mais probabilidade de obstrução das artérias do coração, quando chegam à meia-idade. O mesmo não foi observado em homens de raça negra.
Ao examinar o percurso físico de 3.175 participantes brancos e negros, foi observado que elevados níveis de exercício durante um tempo prolongado causam stress nas artérias e levam a uma maior calcificação da artéria coronária (CAC) e, consequentemente, a um maior risco de doenças cardíacas.
A descoberta surpreendeu os cientistas. “Esperávamos ver que níveis elevados de exercício físico ao longo do tempo estivessem associados a uma menor CAC” e não o contrário, explica Deepika Laddu, autora do estudo e professora assistente de fisioterapia no College of Applied Health Sciences, da Universidade de Illinois, EUA.
Para a realização do estudo, que durou 25 anos, os participantes foram divididos em três grupos com base no seu nível de exercício físico.
O primeiro grupo era composto por pessoas com uma atividade física abaixo da recomendada pelas diretrizes de saúde americanas, ou seja, menos de 150 minutos semanais. O grupo dois seguia a diretriz de 150 minutos semanais de exercício. E o terceiro grupo excedia a diretriz em 3 vezes, fazendo mais de 450 minutos de atividade física por semana.
Os participantes foram depois submetidos a um conjunto de oito avaliações durante os 25 anos da experiência, de 1985 até 2011. Os participantes, homens e mulheres, ingressaram no estudo com idades entre os 18 e os 30 anos, tendo terminado com idades entre os 43 e os 55.
Os resultados gerais mostraram que o grupo três tinha uma probabilidade 27% superior de desenvolver CAC aquando da entrada na meia-idade. Dividindo os resultados por raça e género, os cientistas concluíram que eram os homens caucasianos quem mais se encontrava em risco de desenvolver CAC, com uma probabilidade 86% superior em comparação com os outros grupos.
Não foi registado qualquer aumento do risco de formação de CAC nos participantes negros, independentemente do género. As mulheres caucasianas, embora com uma tendência parecida à dos homens, não apresentaram resultados estatisticamente relevantes.
“Como os resultados do estudo mostram um nível de risco significativamente diferente entre participantes negros e brancos, com base em planos de exercicio de longo prazo, os dados fornecem motivos para uma investigação mais aprofundada, especialmente em termos raciais, sobre outros mecanismos biológicos causadores de CAC, em pessoas com níveis muito elevados de atividade física”, acrescenta Laddu.
Jamal Rana, co-autor do estudo e cardiologista da organização sem fins lucrativos Kaiser Permanente, acrescenta que “esta calcificação pode muito bem ser do tipo mais estável, e portanto menos propenso a romper-se e a causar ataques cardíacos – o que não foi avaliado neste estudo”.
Sobretudo, sublinha Rana, o resultado do estudo “não sugere que ninguém deva parar de fazer exercício”.