
Este domingo, 5 de junho, Dia Mundial do Ambiente, Carlos Moedas garantiu que o ambiente e a economia já não são adversários, mas sim aliados. “Durante muitos anos diziam-nos que só quando tudo for economicamente racional isto vai funcionar, e portanto não podemos falar de ambiente, porque senão não temos crescimento económico. Hoje, sabemos que isso é mentira. A Europa cresceu 60% entre 1990 e 2020 e as emissões de carbono diminuíram 23%. Podemos ter crescimento económico e defesa do ambiente.”
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, que discursava na Fábrica de Água, em Alcântara, na cerimónia de entrega dos Prémios Verdes – iniciativa da VISÃO e da Águas de Portugal para destacar entidades e personalidades da área do ambiente – , atribuiu à União Europeia o sucesso do nosso país a conquista de várias metas ambientais. “Se Portugal não fizesse parte do projeto europeu, não estaríamos onde estamos hoje, em termos de tecnologia. É incrível o caminho que fizemos. Nós convergimos com a Europa em termos de ambiente como poucos países fizeram.”
Há seis milhões de europeus a trabalhar nas indústrias verdes e só dois milhões na indústria automóvel
Carlos Moedas
O autarca lembrou que, “na indústria verde, três das quatro maiores empresas do mundo são europeias” (a outra é a americana Tesla), sublinhando a importância crescente do setor na economia e no mercado de trabalho. “Há seis milhões de europeus a trabalhar nas indústrias verdes e só dois milhões na indústria automóvel. Defender o emprego e os trabalhadores é defender estas indústrias verdes.”
Há, no entanto, um desafio social pela frente, continuou: criar medidas que mostrem aos cidadãos a importância das políticas ambientais. “Agradeço ao ministro do ambiente o apoio que me deu desde a primeira hora em relação aos transportes públicos em Lisboa, gratuitos para os mais novos e para os mais velhos. É uma medida de descarbonização e que fala às pessoas. E isso é o mais importante: falar às pessoas. As pessoas percebem quando dizemos que vamos lavar as ruas não com água potável mas com água tratada, e percebem quando mudamos a iluminação para lâmpadas LED, que poupam 80% da energia.”
O presidente da câmara acrescentou que a implementação de medidas sustentáveis exige consenso político. “É esse trabalho que vamos fazer com esta plataforma que é Lisboa, mas seguramente em consonância com o nosso ministro, Duarte Cordeiro. Este trabalho não é de diferenças políticas – é um trabalho de todos, um trabalho para os nosso filhos.”
Carlos Moedas quis ainda deixar uma palavra aos galardoados com o Prémio Personalidade: Luísa Schmidt, “que me inspirou tantos anos e foi a primeira pessoa em Portugal a cruzar a sociologia com o ambiente”, e Nuno Maulide, “que conheci em 2018, quando era comissário europeu – um dia chego à Áustria e dizem-me que o melhor cientista da Áustria era um português, o Nuno.”
Quem ganha o prémio e trabalha porque entende ser essa a sua função comunitária está permanentemente a servir a comunidade
marcelo rebelo de SOusa
Marcelo Rebelo de Sousa marcou igualmente presença nos Prémios Verdes, ainda que virtualmente. Numa mensagem em vídeo, o Presidente da República realçou a importância do projeto, “para premiar boas práticas e assim contribuir para o ambiente e para o crescimento sustentável”. “São iniciativas como esta que valorizam e divulgam o trabalho das organizações, das empresas e das pessoas no caminho da sustentabilidade, o que tem um efeito pedagógico. Quem ganha o prémio e trabalha porque entende ser essa a sua função comunitária está permanentemente a servir a comunidade. É isso que nos une, é isso que se chama ação climática, e é isso o combate às alterações climáticas.” Marcelo recordou ainda a Conferência dos Oceanos, no âmbito da ONU, que irá decorrer em Lisboa de 27 de junho a 1 de julho.
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José Furtado, presidente do grupo Águas de Portugal, também subiu ao palco, para dizer que o lançamento dos Prémios Verdes “é uma aposta ganha”, pelo contributo que dá para o desenvolvimento sustentável ao dar a conhecer projetos importantes na área do ambiente. “Cabe-nos a responsabilidade de potenciar dinâmicas virtuosas de terceiros. Neste quadro de mobilização coletiva, estamos todos convocados para proteger o nosso Planeta Terra – que na verdade é um Planeta Água, já que tem mais de 70% da sua superfície coberta por água. Sem azul não há verde.”
Mafalda Anjos, diretora da VISÃO, lembrou por seu lado que o ambiente sempre foi um tema “muito querido” na revista. “Desde 2007 que a Visão faz uma edição especial dedicada ao ambiente. Nessa altura, era uma excentricidade. Na altura a equipa sabia que ia vender menos, mas fazia na mesma porque queria marcar posição editorial e trazer o tema para a agenda mediática. Hoje, estas revistas já não vendem menos, são os leitores que exigem que tratemos estes assuntos com rigor científico.” Mafalda Anjos elogiou, ainda, “a excelente qualidade” dos 150 candidatos ao prémio, e agradeceu aos seus companheiros do júri: Filipe Duarte Santos, Catarina de Albuquerque, Pedro Matos Soares, Sofia Santos, Viriato Soromenho Marques e José Furtado.