O estudo Carbon Inequality in 2030 – per capita consumption connection and the 1,5 °C target (Desigualdade de Carbono em 2030 – ligação de consumo per capita e a meta de 1,5 °C), levado a cabo pela organização não-governamental Oxfam, revela que a pegada carbónica dos países que constituem o 1% dos mais ricos poderá exceder, até 2030, em 30 vezes o limite de 1,5 ºC de aumento de temperatura média global. Se nada for feito, daqui a nove anos, este restrito grupo de países estará “a caminho de uma parcela ainda maior das emissões globais”, podendo ser responsável por 16% do total global, lê-se no estudo.
De acordo com a investigação, feita com base em dados do Instituto de Política Ambiental Europeia (IEEP) e do Instituto Ambiental de Estocolmo (SEI), e apresentada durante a 26.ª Cimeira do Clima das Nações Unidas (COP26), a pegada carbónica da metade mais pobre da população irá, por seu turno, manter-se abaixo do limite estipulado no Acordo de Paris, mas, porém, continuará insuficiente para fazer frente ao impacto que os países mais ricos têm. “Uma pequena elite parece ter passe livre para poluir”, disse Naftoke Dabim da Oxfam, em declarações à BBC.
O estudo revela ainda que para se fazer cumprir o Acordo de Paris – e que tem vindo a ser repetido vezes sem conta durante a COP26 – é preciso fazer mais do que aquilo que até agora tem vindo a ser prometido e acordado, além de que é preciso prestar atenção para as desigualdades que as metas traçadas podem trazer aos países. Na prática, defende o documento, se a quantidade de emissões de gases com efeito estufa fosse dividida de forma igual entre as nações e cada adulto no planeta tivesse uma parte, em 2030, cada um poderia emitir apenas 2,3 toneladas de carbono por ano (metade do atual).
O estudo analisou ainda os países que compõem o leque do 10% mais ricos do mundo e revela que as emissões dos mesmos mantêm-se altas (nove vezes mais alta), contribuindo para a dificuldade em fazer cumprir o Acordo de Paris.