Um homen gasta apenas mais 2% em bens de consumo do que as mulheres, mas emite 16% mais. Esta é uma das conclusões de uma investigação sueca, publicada no Journal for Industrial Ecology, que mostrou ainda que o total das emissões de gases com efeito estufa (GEE) pode ser reduzido em 36-38%, apenas alterando os gastos para alternativas menos intensivas em carbono e mantendo o mesmo orçamento.
A análise baseou-se na média dos hábitos de consumo individuais de homens e mulheres solteiros e na média de um cidadão sueco (emissões médias per capita), estimados através de 217 análises de emissões de gases com efeito estufa por coroa sueca em produtos e serviços no mercado. Com base no consumo analisado, estima-se que um homem solteiro emita 10 toneladas de GEE por ano, uma mulher solteira, 8,5 toneladas, sendo a média para um cidadão sueco de 6,9 toneladas (um casal emite menos do que dos solteiros, porque partilham casa, distribuindo assim as emissões por duas pessoas). Alimentação, férias e mobiliário foram responsáveis por 56% a 59% do valor total.
Os resultados indicaram que os homens gastam cerca de 2% mais dinheiro do que as mulheres, mas emitem 16% mais gases com efeito de estufa. Portanto, a diferença não se deve aos gastos, mas sobretudo aos diferentes padrões de consumo. Tanto para homens como mulheres, a alimentação e as férias foram responsáveis por mais da metade das suas emissões.
As mulheres gastam mais em saúde, decoração e roupa; os homens, em combustível, restauração, álcool e tabaco, o que contribui com mais GEE.
Mudanças na alimentação e nas férias, para reduzir as emissões pessoais, são acessíveis porque não exigem gastos extras, como por exemplo a compra de um carro elétrico. No caso da alimentação, a “carne de porco é cinco vezes mais poluente do que o tofu e o cordeiro 25 vezes mais poluente do que o tofu. O leite é cinco vezes mais poluente que a bebida de aveia; o queijo, quatro vezes mais poluente que o queijo vegan”, indica o estudo. “Essas são mudanças substanciais, é claro, mas pelo menos é algo ao nosso alcance, aqui e agora. Basta usar o mesmo dinheiro e comprar outra coisa”, afirmou Annika Carlsson Kanyama, responsável pelo estudo, ao The Guardian. Alternativas como passar férias dentro do país ou preferir o comboio em vez do avião também são formas de reduzir a pegada de carbono.
A Agência de Proteção Ambiental sueca declarou que “viajar menos de avião, mudar os hábitos alimentares e comprar em segunda mão em vez de produtos novos cria grandes ganhos climáticos e pode reduzir a pegada de carbono em várias toneladas por ano”. A autora do estudo, acrescentou ainda que “é importante ter em consideração a diferença entre homens e mulheres na formulação de políticas”, uma vez que os hábitos de consumo são diferentes.
Em Portugal, de acordo com os dados disponibilizados pelo PORDATA, verificou-se um ligeiro decréscimo na quantidade de gases com efeito de estufa emitidos por habitante, passando de 5,5 toneladas/hab em 1995, para 5 toneladas/hab em 2018.