As três propostas finalistas não podiam ser mais diferentes: abrigos móveis para sem-abrigo, uma aplicação para telemóveis e tablets que fazem as vezes de central de táxis, e revestimentos para edifícios que geram energia a partir do sol, da chuva e do vento.
Mas, na iniciativa Uma Cidade Perfeita (da VISÃO e da Siemens, com o apoio da Inteli e da Sociedade Ponto Verde), só podia ganhar uma e a escolha, divulgada no dia 14, no Lisbon Story Center, recaiu sobre o Skinenergy, coberturas produtoras de eletricidade para prédios.
“Este prémio faz-nos acreditar ainda mais no projeto. É uma das provas de que se pode tornar realidade”, diz Ricardo Sousa, 37 anos, arquiteto e coautor da ideia, com o seu irmão, José Sousa, 40 anos.
O arquiteto crê que o galardão pode ser uma mais-valia para a fase seguinte: atrair investidores para avançar com uma “prova de conceito” (uma espécie de protótipo puramente técnico, sem preocupações estéticas). Em tempos de crise, angariar fundos não é uma tarefa fácil.
“Apesar de os valores serem relativamente baixos, temos noção de que Portugal está num momento de stand by. Mas as pessoas têm de perceber que precisamos de evoluir”, comenta Ricardo Sousa.
O Skinenergy, ainda por cima, paga-se depressa: o metro quadrado deste revestimento custa mais ou menos o mesmo que um painel fotovoltaico (que tem um retorno financeiro de seis ou sete anos), com a vantagem de produzir energia constantemente e não apenas quando há sol.
O futuro do projeto, no entanto, deverá passar pelo estrangeiro, diz Ricardo Sousa, com alguma mágoa pela perspetiva de ver mais uma ideia portuguesa aproveitada por outros.
“O objetivo é internacionalizar o Skinenergy para mercados como o alemão, o americano ou o japonês”, explica Ricardo Sousa. Países com visão de longo prazo onde se sabe que investir na sustentabilidade é construir o futuro.
O DADO: 120 watts/m2
A eletricidade gerada num dia bom, com sol e vento, pelo Skinenergy