Eis-nos em plena rentrée, após um Agosto escaldante, não por motivo de vaga de calor ou incêndio florestal catastrófico, mas pelo regresso aos piores momentos desde a crise financeira de 2008.
Tudo indica que os três “cavaleiros” da tormenta de Nouriel Roubini, o economista que previu a crise financeira de 2008, estão a convergir: a crise da dívida da zona euro, a baixa do rating dos Estados Unidos e o abrandamento económico na China e Índia. Segundo Michael Spence, Nobel de Economia, os sinais são o crash bolsista e o regresso a uma psicologia de crise entre os investidores, conjugados com o abrandamento das economias desenvolvidas e a inabilidade política das democracias Ocidentais.
Em três anos esfumaram-se as intenções de reforma por muitos anunciadas em 2008. Estas reformas incluíam o relançamento da economia em direção a uma Economia Verde, com a internalização de custos relacionado com a proteção ambiental e climática e a contabilidade verde do Produto Interno Bruto. Ou seja, a evolução para um modelo económico não assente no crescimento económico infinito e impossível, mas sim na criação de emprego em indústrias e tecnologias ajustadas aos recursos naturais disponíveis.
Correndo atrás do prejuízo, em 2010, o Banco Mundial e o FMI declararam a intenção de avançar no sentido de valorização da biodiversidade e o seu financiamento, conjuntamente com os objetivos de emissões e resíduos zero. Porquê? Porque a falha de mercado relacionadas com a proteção ambiental e climática, como resultado dos custos externos, impede que as empresas estejam voluntariamente interessadas em reduzir atividades ambientalmente nocivas. Isto, associado à quebra do padrão (monetário) – ouro durante os anos 70/80, que visava uma situação de equilíbrio na economia internacional e mantinha a economia mundial ancorada, fez com que se perdesse a ligação entre economia e os recursos do planeta. Não é por acaso que é a partir dos anos 80 que a Pegada Ecológica mundial descola dos limites de sustentação globais.
E no entanto, mantém-se o paradigma impossível. Apesar de já termos ultrapassado em 30% a capacidade de sustentação do planeta, é-nos apresentado novamente como uma ameaça o abrandamento global da economia mundial, que provocando a derrocada nos mercados virá agravar ainda mais as perspetivas de vida das pessoas.
A quebra deste paradigma nunca foi tão premente. Reformar mercados, políticas fiscais, de investimento e investigação. Esta é uma tarefa que não compete a financeiros e empresas. É domínio dos políticos. É a inabilidade política para agir que está a conjugar o encontro dos três “cavaleiros” da tormenta. Seria importante que esta nova ameaça de crise económica significasse uma nova viragem às políticas de crescimento, mas desta vez em direção a uma Economia Verde.