A Câmara de Lisboa aposta na inovação para cumprir uma promessa difícil, sobretudo numa cidade onde os automóveis são, de longe, o principal meio de transporte: tornar-se neutra em carbono nos próximos sete anos. Uma das ferramentas é o Smart Open Lisboa (SOL), um programa gerido pelo município e pela consultora Beta-i que desafia startups a apresentar soluções sustentáveis.
A edição em curso, a sétima, é dedicada à mobilidade. As propostas aprovadas avançam agora, em julho, com projetos-piloto, para serem testados em condições reais e perceber se as soluções funcionam a um custo que os permita escalar. Por exemplo, um deles é baseado em machine learning para dar assistência rodoviária à frota elétrica da Brisa, analisando os quilómetros percorridos e por percorrer para otimizar os carregamentos, com a estimativa de reduzir em 20% as emissões da frota. Se os objetivos forem atingidos no piloto, o projeto recebe luz verde.
“Já houve quatro contratualizados”, conta Ana Costa, da Beta-i. “Uma app que permitia encontrar em tempo real informação sobre disponibilidades de parqueamento; um projeto baseado em inteligência artificial que permite processar a informação que chega dos comboios e determinar anormalidades nos carris, identificando os locais onde os pedestres estão a passar, para melhorar a segurança da linha; uma app que permite monitorizar as condições dos pavimentos municipais e identificar os tempos ótimos para manutenção das estradas; e uma plataforma que recolhe dados dos autocarros para identificar as necessidades em termos de passageiros de acordo com o horário, assegurando um maior fluxo de autocarros em altura de picos.”
A especialista diz que a inovação é uma ferramenta essencial da sustentabilidade, uma vez que permite enormes ganhos de eficiência. “Estamos a trabalhar em eficiências de custo e de emissões, com impacto em diferentes vertentes, incluindo no cidadão. Muitas vezes, é invisível para quem está de fora, mas traz benefícios muito interessantes para as empresas.”
Esta é a forma ideal de identificar novos serviços ou colocar novos produtos no mercado, sempre com a neutralidade carbónica como meta, continua Ana Costa. “O custo do piloto é quase zero, porque as startups querem validar as suas soluções. A inovação colaborativa permite chegar muito depressa com soluções ao mercado, ao cortar etapas. E o risco é muito baixo, porque permite testar em conjunto.”
Diogo Moura, vereador da Câmara Municipal de Lisboa com o pelouro da Economia e Inovação, sublinha que a inovação desempenha um papel essencial no caminho para a neutralidade carbónica da cidade (uma das 100 eleitas pela Comissão Europeia para liderarem esse caminho, sendo neutras em carbono até 2030). “Por vezes, existem soluções que são implementadas internamente nos serviços municipais ou nas empresas municipais, mas mais importante do que isso, é trazer inovação para a cidade e para os vários atores que nela operam. A transição energética e a ambição de atingirmos a neutralidade carbónica em 2030, só pode ser pensada em conjunto, em comunidade.”
Dos vários pilotos em curso, o vereador destaca um desenvolvido pela Ana Aeroportos, pela sua dimensão. “Esta solução de sistema de gestão de edifícios propõe-se obter um controlo otimizado do sistema de aquecimento, ventilação e ar condicionado, maximizando a eficiência do sistema. Os principais objetivos serão a poupança de energia, a otimização de custos e a redução das emissões de dióxido carbónico, sem comprometer o conforto dos passageiros.”