As dificuldades têm-se feito sentir como uma bola de neve: primeiro a pandemia de Covid-19; depois, quando havia hipótese de usar os fundos europeus para recuperar, surge a guerra na Ucrânia; e agora a crise económica e social. O cenário traçado pelo Presidente da República, numa mensagem gravada para o encerramento do VISÃO Fest, neste domingo, coloca vários desafios para o futuro, desde o efeito das desigualdades sociais e das alterações climáticas ao papel das organizações internacionais.
Desafios estes que Marcelo Rebelo de Sousa sublinha que têm de ser antecipados agora, sob pena de usarmos “com vista curta” meios “raros”, como o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
“Estamos num momento de viragem no mundo e não sabemos exatamente para onde”, começa por analisar o Chefe de Estado. Sabe-se apenas que esta mudança já envolve o “sacrifício de milhares de pessoas no seu dia à dia”, devido à deterioração “das condições económicas, financeiras e sociais” e que há sinais a que temos de estar, desde já, atentos para encontrar respostas para o amanhã. São eles:
- O papel da União Europeia à medida que outros países europeus se candidatam a fazer parte do executivo comunitário;
- O papel de NATO no pós guerra na Ucrânia;
- A revolução digital “que acelerou com tudo”;
- As alterações climáticas e a transição energética;
- E a melhoria das respostas na saúde, na educação, na segurança social e na ciência.
Apesar de estes sinais merecerem a preocupação do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa não deixa de se referir a “uma situação um bocadinho esquizofrénica” por “Portugal ser um abrigo de paz e segurança”, mesmo em tempo de guerra. Um país onde muitas pessoas encontram resposta quando “há problemas noutras sociedades”.
“Portugal está a mudar todos os dias. O número de emigrantes aumenta todos os dias, a mobilidade, as expetativas dos jovens, a necessidade de acelerar a saúde, a educação, a segurança social, a ciência e a inovação aumenta todos os dias”, diagnostica. E conclui: “Parece que as guerras e as pandemias congelam o tempo, mas aceleram-no brutalmente com os novos problemas que criam e com os antigos que agravam”.
Aos responsáveis políticos pede que estejam atentos a estas mudanças para não desperdiçarem “os meios que são raros, não os utilizarem com vista curta”, mas sim dando mais palco aos jovens, ou como quem diz, ao futuro.