O ritmo sincopado da melodia bossa-nova que David Alhadeff arranca à guitarra não faz adivinhar a canção que aí vem. A surpresa chega quando o brasileiro acrescenta a letra daquela doce mistura de samba e de jazz: “Heróis do mar, nobre povo, nação valente, imortal…” David Alhadeff, 57 anos, tem uma longa carreira de cantor litúrgico em sinagogas e não resistiu a compor uma versão de A Portuguesa com um toque de Tom Jobim. Afinal, agora este é também o seu hino nacional. “Renasci português no dia 11 de novembro de 2016”, anuncia, triunfante, na sua nova casa, em Carcavelos, Cascais.
Com a mesma descontração, ensaia, juntamente com a mulher, Regina Szterenfeld, 57 anos, todo um reportório de canções numa língua desconhecida, mas estranhamente familiar. O ladino foi em tempos falado pela generalidade da comunidade sefardita. Também conhecido como judeu-espanhol, reflete o vocabulário e a gramática do castelhano dos séculos XIV e XV, mas também inclui palavras de origem portuguesa. Ao longo dos séculos, foi bebendo influência das várias línguas dos países da diáspora judaica, incluindo do hebraico. Atualmente, está em vias de extinção.
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