Saímos de San Salvador às 7h da manhã e só chegamos a León, na Nicaragua, depois de termos atravessado as Honduras, por volta das 8h da noite. Cansados pela viagem demos um passeio rápido no centro da cidade para comer algo e fomos dormir.
No dia seguinte fomos conhecer esta bonita cidade. León é provavelmente uma das cidades mais interessantes da Nicarágua a nível histórico e artístico; foi fundada em 1524 por Francisco Córdoba e começou a crescer a partir da vila Imabite, localizada no sopé do vulcão Momotombo. No entanto, em 1960, este vulcão entrou em erupção destruindo a cidade que foi reconstruída no local onde agora se encontra.
León foi a capital do país até 1860, no entanto, sempre foi a cidade mais politizada da Nicarágua. Durante a revolução, todos os seus habitantes se juntaram para combater as rígidas ideias de Somoza. Aqui Augusto César Sandino (1) é o herói de todas as gerações e a cidade encontra-se recheada de recordações dos valentes guerrilheiros (2) e de ovações ao “heróico” Sandino.
Aqui inclusivamente podemos encontrar um pequeno museu muito interessante chamado Museo de la Revolución Dionisio Meza Romero (3 e 4) relacionado com a revolução nicaraguense e a figura de Sandino. O museu apresenta uma colecção de fotos, objectos e artigos deste período. Um simpático guia acompanhou-nos durante a visita explicando-nos como nasceram as primeiras causas que levaram à rebelião, as várias fases da guerra civil e das pessoas mais representativas deste período histórico.
Interessante foi também a visita ao museu de arte chamado Centro de Arte Fundacion Ortiz Gurdian, considerado a galeria de arte mais requintada do país, dividida em dois edifícios de estilo colonial, com bonitos pátios interiores (5). Esta exposição apresenta duas alas, uma onde se encontram obras de autores nicaraguenses e latino-americanos e outra que conta com pinturas e esculturas dos grandes mestres europeus.
León é sem dúvida uma cidade acolhedora de casas coloniais, cheia de tradições (6) onde as pessoas à noite colocam as cadeiras à porta da sua casa e ficam a desfrutar da frescura nocturna enquanto conversam com os vizinhos. É plena de igrejas coloridas. Passeámos um dia inteiro pelo centro visitando igrejas de diferentes períodos históricos como a Basílica Catedral de la Asuncion (1747) (7) reconhecida por ser a maior catedral da América Central, a Iglesia la Recoleccion (1786), a Iglesia de San Francisco (1643), a Iglesia el Calvário (Sec. XVIII ) (8), a Iglesia San Juan de Dios (Sec. XVI) e outros edifícios esteticamente muito atractivos.
Curiosos de conhecer a costa do Pacífico da Nicarágua, fomos visitar a Playa la Peñita. Esta praia encontra-se numa comunidade piscatória chamada La Peñita, na Área Protegida Estero y Isla del Venado (9), a cerca de uma hora de autocarro da cidade de León.
O mar aqui tem ondas altas e a corrente é muito forte (10); tomámos vários banhos, mas sempre com o devido respeito a este mar tão agressivo. A praia, de uma extensão enorme, é bonita e tranquila; desfrutámos com prazer o maravilhoso dia de sol com que fomos presenteados. De León, partimos para a capital.
Os dias que passámos em Manágua não foram tão interessantes como esperávamos. A capital pareceu-nos muito menos atraente do que pensávamos e ficamos bastante desiludidos. É extremamente perigoso deambular pela cidade; no hotel pediam-nos sempre que não saíssemos com a máquina fotográfica pois está cheia de assaltantes e são poucos os pontos onde se pode passear tranquilamente.
A área monumental está encostada ao porto e apresenta novos edifícios de um estilo futurista de pouca harmonia estética ao lado dos antigos palácios arruinados pela guerra e deixados ao abandono como se não tivessem nenhum interesse histórico (um exemplo crasso é a antiga Catedral Metropolitana) (11 e 12).
Na nossa permanecia na capital da Nicarágua visitámos a zona portuária, o monumento dedicado ao maior poeta deste país (13), Ruben Dário, e o Museu Nacional no interior do Palácio Nacional. O museu apesar conter algumas peças historicamente e arqueologicamente interessantes, apresenta também uma secção sobre Sandino e a revolução e uma última sobre a gastronomia típica nicaraguense.
O museu pareceu-nos deteriorado e pouco curado, apesar do bilhete de entrada ser bastante caro.
Permanecemos três dias na capital; daqui apanhámos um autocarro para Granada. Estávamos com um bom pressentimento em relação a esta cidade.