Paulo Mendes Pinto
Conhece a história da Preta Fernanda? O esquecimento das vítimas do passado
Da mesma forma como se silencia o lugar da escravatura, o seu peso na construção do capitalismo, fazemos o mesmo em relação a judeus e muçulmanos. Continua a não existir em Lisboa um memorial às vítimas da Inquisição, além dos portugueses quase nada saberem sobre essa parte da sua identidade
A filiação latina: de Diana a Ulisses
Nesta força imensa de querer remeter as origens para Roma, várias cidades formularam os seus gentílicos com nomes derivados da onomástica latina. Quem é de Santarém é escalabitano, tal como quem é de Idanha-a-Velha é egitaniense ou, mais estranho ainda, quem é de Castelo Branco vê a sua designação ser “traduzida” com um sabor a latim, e são albicastrenses. E muitos outros exemplos poderiam ser dados. Mas o caso mais enigmático, pelo que de inverosímil tem, é o de Lisboa com o mito de origem do nome em Ulisses
Os mitos de origem e a etnicidade
A primeira parte da série de artigos sobre a essência da portugalidade e a mitologia nacional, numa abordagem pós-moderna, pós-nacionalismos, pelo professor Paulo Mendes Pinto
O que é isto da Portugalidade?
O professor Paulo Mendes Pinto inaugura uma série de artigos sobre a essência da portugalidade e a mitologia nacional, numa abordagem pós-moderna, pós-nacionalismos
A “des-simbolização” da sociedade em tempo de Trevas e do Sol Invicto
Apesar de, atualmente, quando nos apercebemos do estado do tempo, o fazemos apenas no sentido metereológico, que no fundo nos leva a decidir se vamos com roupa mais quente, menos quente, mais agasalhados, menos agasalhados.... o tempo é também uma dimensão psicológica, mental, que nos afeta muito para além de sabermos se amanhã vai chover, ou não
"2020, com vírus": O tempo na ponta dos dedos
No dia em que termina o Estado de Emergência, Paulo Mendes Pinto dá também por concluída a sua série de crónicas da VISÃO "2020, com vírus"
O separar das águas: Brasil e EUA vs Europa
São dois universos mentais totalmente antagónicos. Num, foi a ciência que esteve na base das decisões; noutro, foi o senso comum e a subalternização do conhecimento especializado
O novo ócio: praias sem areia
Há pouco tive um vislumbre sobre a abertura das praias em Sidney; por um corredor, os banhistas podem ir até à água, mas não podem ficar na areia…
O vírus silenciador
Parece que, em certa medida, o vírus nos obrigou, apesar dos exageros noticiosos, a olhar para o essencial e a deixar “futebóis” para outras alturas. Afinal, com esta pandemia acabámos por perceber que uma coisa é o momento do futebol, outra é a da luta coletiva conta uma doença
A vitória do senso comum
Mais que muitos milhões de norte americanos terem crescido a ouvir dizer que o criacionismo é que é correto, ouviram-no em meio escolar, colocado lado a lado com o evolucionismo, como se fosse uma teoria científica de igual valor e natureza
Morrer ausente
Posso entender, ao ver uma notícia na televisão, que os funerais não possam ser o momento de ajuntamentos. Mas ver partir um pai ou uma mãe sem poder fazer uma despedida, sem ver o rosto há largos dias porque a pessoa doente estava internada… é brutal
Prazeres por senha
O encontro fortuito, o choque acidental numa corrida para a água que resulta num olhar blasé que de indiferente nada tem e que dá fogo a uma paixão inesperada. Onde fica o espaço mental do não planificado, da nesga de responsabilidade que tem o acaso?
O Ramadão da Covid-19
Contudo, como será vivido este Ramadão em contexto de confinação? Este marco no calendário é um misto de recusa ao individual e afirmação do coletivo. Ora, como se vai viver, em termos de fé, um não-coletivo?
Regresso ao Sagrado
Seria de uma dramaticidade tremenda a necessidade de uma futura segunda confinação devido a uma indevida gestão deste processo
Os Excluídos da Recuperação
Hoje o vírus é democrático naquilo que a democracia tem de pior: chega a todos, mas nem todos têm a mesma capacidade para lidar com ele
Fez-se política: o processo de “desconfinamento”
E como se desejava o arranque deste processo, mesmo que para muitos seja o manter exatamente de tudo o que até agora se fazia ou, melhor, se não fazia. Mentalmente, está passada uma barreira mental
A instalação do medo
Mas temos de colocar limites éticos a este cavalgar assombroso rumo ao controle total das nossas vidas. Hoje é numa situação de pandemia, e parece-nos um sacrifício aceitável, amanhã é no dia-a-dia, porque já estamos habituados e pode ser sempre de alguma utilidade num caso de rapto, violação, etc
Decameron, o humano obrigatório
Urge, em cada ser que somos, ir a fundo nas questões existenciais a que este confronto com a morte nos obriga
À espera do desejo de mudança…
Também após o 11 de setembro de 2001 todos dissemos que o mundo não iria ser o mesmo
Em busca de sentido para o silêncio
A maior dificuldade que espiritualmente a confinação nos trouxe é a incapacidade que temos em estar sozinhos no confronto direto com o nosso interior. Como seria, cada um de nós, estar no centro do santuário de Fátima, à noite, sozinho? Ou na Praça de S. Pedro? Ou em casa, junto a uma janela a ver a paisagem, lá fora, livre de nós
Gaia, para lá de nós
Gaia é potência criadora. Gaia é “ação”, é reação, é o criar como resposta ao destruir. Sim, Gaia, a Terra, pode ser o equilíbrio, mas hoje a Terra tem tudo para reagir contra nós. Personificada nessa entidade grega, hoje vemos em Gaia a hipótese apocalíptica