Uma investigação internacional, e em que participa Ricardo Zambujal Ferreira, investigador do Centro de Física da Universidade de Coimbra (CFisUC) e do Departamento de Física da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCTUC), foi destaque na revista america Scientific American.

Este trabalho consistiu no “estudo da evolução e colapso da denominada rede de paredes de domínio, uma espécie de estrutura labiríntica de paredes que deambula pelo universo primordial”, explica, em comunicado, Ricardo Ferreira. Nesta investigação, foi concluído que os colapsos destas redes de domínio conduzem à formação de buracos negros primordiais.

“Identificámos dois regimes interessantes”, afirma o autor. “Por um lado, se as redes colapsam aquando da formação dos primeiros núcleos no universo, elas geram ondas gravitacionais que podem estar por detrás dos recentes sinais detetados pelos observatórios de pulsares de millisegundos e levam à formação de buracos negros estelares que podem ser detetáveis num futuro próximo”, revela o autor.

Por outro lado, diz ainda, “nos casos em que a rede colapsa ainda mais cedo no universo primordial, os buracos negros formados podem ter massas comparáveis às de asteroides e ser a explicação do puzzle da matéria escura”, explica.

Palavras-chave:

Investigadores da Universidade de Oxford estudaram amostras de sangue de mais de 44 mil pessoas do Reino Unido, incluindo 4900 pessoas que depois vieram a ser diagnosticadas com cancro, e descobriram que há proteínas específicas ligadas a esta doença. Da análise, os investigadores identificaram 618 proteínas relacionadas com 19 tipos de cancro, incluindo cólon, pulmão, fígado e linfoma de Hodgkin.

A análise permitiu identificar 107 proteínas associadas com cancros que vieram a ser diagnosticados em sete anos e outras 182 proteínas fortemente associadas ao cancro em três anos. A equipa sugere que esta descoberta pode ajudar a identificar a possibilidade de cancro muito antes do que é habitual e abrir caminho para novas opções de tratamentos.

“Para salvar mais vidas do cancro, precisamos de perceber melhor o que acontece nas fases iniciais da doença [e] como as proteínas no sangue podem afetar o nosso risco de ter cancro. Agora precisamos de estudar aprofundadamente estas proteínas e perceber quais as que podem ser usadas de forma fiável para prevenção”, afirma Keren Papier, epidemiologista que liderou os trabalhos.

Noutro estudo, investigadores analisaram mais de 300 mil casos de cancro e descobriram 40 poteínas que influenciam o risco de se ter nove tipos de cancro, com a alteração destas a poder aumentar ou dimininuir as probabilidades de se vir a ter cancro, explica o The Guardian.

O professor Mark Lawler, da Universidade de Queens, em Belfast, Irlanda do Norte, admite que “os dados são impressionantes – descobrir evidências de cancro antes que este se manifeste fornece uma janela de oportunidade crítica para tratar com uma maior probabilidade de sucesso, ou mais importante atingir o Santo Graal da prevenção do cancro antes que este ocorra”.

Palavras-chave:

Os purificadores de ar passaram de uma excentricidade a dispositivos relativamente comuns. Uma das consequências da ‘era Covid’. A análise das reais capacidades destes dispositivos ultrapassa, em boa medida, as capacidades do nosso laboratório. Nomeadamente no que diz respeito à eliminação de micro-organismos (vírus e bactérias). Felizmente, existem certificações e testes laboratoriais independentes a que os utilizadores podem recorrer no momento de escolha de um purificador mais avançado.

De qualquer modo, conseguimos verificar as diferenças que estes aparelhos fazem recorrendo a outros dispositivos que medem a concentração de elementos presentes no ar ambiente, nomeadamente partículas, dióxido de carbono e compósitos orgânicos. Elementos que, quando em excesso, podem gerar vários problemas de saúde, incluindo náuseas, dores de cabeça, tonturas, fadiga, irritações, alergias e problemas respiratórios.

E também conseguimos, mesmo sem quaisquer ferramentas de análise, sentir as diferenças na qualidade do ar, como quando usamos purificadores numa cozinha e notamos a eliminação dos cheiros e dos fumos resultantes dos cozinhados.

Outra tendência da tecnologia é o IoT (Internet das coisas), ou seja, dar conectividade e ‘inteligência’ a aparelhos. É do cruzamento destas duas tendências que nasceu a linha de produtos que aqui testamos da Sensibo, trazidos para Portugal pela Plug Your Life. Gadgets que até podem ser usados para tornar smart aparelhos de ar condicionados antigos, sem qualquer capacidade de conectividade. Estes dispositivos são capazes de comunicar uns com os outros para ajudar a manter uma melhor qualidade de ar, maior conforto e levar a poupanças energéticas através do controlo do sistema da climatização (ar condicionado ou bomba de calor).

Sensibo Pure

Este é um purificador compacto q.b. para, por exemplo, ser colocado numa prateleira ou em cima de uma secretária. Ou seja, não é um aparelho criado para grandes áreas, como espaços amplos em empresas, mas sim para divisões tipicamente domésticas. Apesar da pequena dimensão, a Sensibo anuncia uma boa capacidade de eliminar elementos do ar: até 99,97% partículas com até 0,3 mícrones, incluindo alergénicos comuns como pólenes, poeiras, pólen, pelos de animais, esporos de bolores e até mesmo compostos orgânicos voláteis (VOC), tipicamente resultantes de produtos de limpeza e outras atividades domésticas. Inclui um sensor de PM2.5 (partículas com 2,5 mícrones), que faz aumentar ou diminuir a velocidade da ventoinha e, consequentemente, a capacidade de filtragem do aparelho automaticamente. Fizemos algumas experiências, como colocar o aparelho numa cozinha, acender um fósforo e até sacudir pó de um tapete na proximidade e o Pure reagiu imediatamente, mudando a cor do LED (indicador da qualidade do ar) para vermelho e aumentado a velocidade da ventoinha. Mesmo a ‘olho nu’, foi evidente a forma como ajudou o fumo e o pó a desaparecerem e, no caso da cozinha, também se notou a remoção dos cheiros.

O Sensibo Pure tem um design simples e compacto. Foi criado para ser colocado em cima de um móvel

Há botões para um controlo direto do aparelho: ligar/desligar a luz LED, alterar a velocidade da ventoinha (baixa, alta ou automático) e programar o tempo de funcionamento. Mas um das vantagens do Pure é a conectividade através da app Sensibo. A configuração é simples: basta instalar a app e seguir os passos indicados, que passam por apontar a câmara do smartphone para um código QR presente no aparelho e ligar à rede Wi-Fi. Na app há muitas opções, desde reduzir a intensidade da luz, agendar o funcionamento, ver gráficos e relatórios de funcionamento (e da qualidade do ar), ativar o modo Boost (nível máximo de purificação) e partilhar o dispositivo com outros utilizadores. Mas o melhor é a ligação em rede a outros dispositivos da série. Como é o caso do Sensibo Elements, com capacidade para identificar mais poluentes e controlar o Pure. Ou a ligação a um Sensibo Air para controlar o ar condicionado.

Quanto a benchmarks, começámos por medir o efeito de utilizar o Pure com a velocidade de ventilação mais baixa, que torna o aparelho quase inaudível, numa sala fechada de cerca de 20 metros quadrados. Após 30 minutos, as reduções de partículas tinha sido entre 50 a 60%. Nada de excecional. Mas quando ativámos o Power Boost, as reduções, para os mesmos 30 minutos, foram superiores a 90%. Resultados impressionantes para um aparelho tão pequeno.

Como é habitual em purificadores de ar, há consumíveis. Neste caso, um filtro com duração prevista de 6 meses, que tem um custo de €93. O que representa um custo médio de €15,5/mês, um valor apreciável.

Considerando a capacidade de purificação demonstrada, a facilidade de configuração e uso da app, o design e a funcionalidade incluída de monitorização da qualidade do ar, este é um purificador bem conseguido. O preço é bastante competitivo… mas acaba penalizado pelo custo do filtro consumível.

Tome Nota
Sensibo Pure – €139,99

Desempenho: 4
Características: 4,5
Qualidade/preço: 3

Global: 3,8

Sensibo Elements

Este é um sistema avançado de monitorização de qualidade do ar, capaz de medir continuamente temperatura, humidade, etanol (partes por milhão, ppm), PM 2.5 (partículas com dimensão até 2,5 mícrones, em ppm), dióxido de carbono (ppm) e materiais orgânicos voláteis totais (em partes por mil milhões, ppb). Para simplificar, o sistema, através da app, apresenta um índice global da qualidade do ar, que resulta da conjugação dos elementos indicados. O aparelho foi desenhado para ser fixado numa parede, mas também inclui um pequeno suporte para poder ficar em cima de uma prateleira ou móvel. A alimentação elétrica é feita por USB C (adaptador fornecido) e a instalação e configuração são simples: idênticas em todos os produtos da série.

Este aparelho é capaz de medir uma série de parâmetros relacionados com a qualidade do ar. A luz LED representa o estado geral da qualidade do ar: verde para Bom, laranja para Moderado e vermelho para Mau

Como no purificador aqui testado, também este aparelho tem uma luz LED que indica, de uma forma simples e imediata, a qualidade do ar: verde para bom, laranja para moderado e vermelho para mau. Na app, podemos ver esta informação detalhada, com gráficos da evolução das variáveis medidas ao longo do tempo. Curiosamente, durante os testes notámos várias vezes o desacordo entre este aparelho e outros dois aqui testados. Provavelmente uma consequência do Elements ser capaz de medir mais parâmetros e, como tal, detetar poluentes não detetados por outros sensores. No entanto, como é possível ligar estes aparelhos em rede, parece-nos que a indicação do nível de qualidade do ar do Pure deveria assumir a informação transmitida pelo Elements, já que esta é mais completa. Até para evitar informações contraditórias quando os dois aparelhos estão na mesma divisão – vimos várias vezes o Pure a azul, indicando boa qualidade do ar, e o Elements a laranja, indicando qualidade de ar moderada. De qualquer modo, este Elements pode controlar a atividade do purificador (modo Pure Boost) ou lançar notificações caso o nível de qualidade do ar desça abaixo de determinado nível. Também pode controlar sistemas de ar condicionado e bombas de calor através dos dispositivos Sensibo Air e Sky.

Tome Nota
Sensibo Elements – €124,99

Desempenho: 5
Características: 4,5
Qualidade/preço: 3,5

Global: 4,3

Esta imagem tem um texto alternativo em branco, o nome da imagem é 220606_Selo_Recomendado-2-220x220.png

Sensibo Air Pro

Este terceiro dispositivo completa o sistema mas, como os outros dois, pode operar sozinho. É a versão mais sofisticada dos aparelhos da Sensibo criados para controlar sistemas de climatização. No fundo, o Air Pro torna qualquer ar condicionado mais antiquado num sistema smart. Basta que o ar condicionado tenha comando à distância por infravermelhos. O conceito até é relativamente simples: o Air Pro tem um emissor de infravermelhos, que permite assumir o controlo do sistema de ar condicionado (ou bomba de calor). Depois, a inteligência está nos sensores e no softwre integrado. Esta versão mais sofisticada (Pro) inclui sensores para medir dióxido de carbono, materiais orgânicos voláteis, temperatura e humidade. Ou seja, inclui tecnologia para analisar a qualidade do ar, embora sem a profundidade conseguida pelo Elements. Depois, em função destes parâmetros, o ar condicionado pode ser ativado automaticamente.

Mas não se fica por aqui, já que há outras variáveis que podem ser consideradas para ativar/desativar o ar condicionado, como a aproximação do utilizador a casa (geofencing). Também é possível associar um sensor de presença (opcional) para detetar a presença de pessoas e, desse modo, ativar/desativar o ar condicionado automaticamente. E, claro, com este dispositivo ganhamos, através da app, a possibilidade de controlar o ar condicionado de casa a partir de qualquer ponto do mundo, bem como agendar períodos de funcionamento. Ou seja, podemos ligar ou desligar manualmente o ar condicionado do quarto a partir da sala ou do exterior.

Mede apenas alguns centímetros de largura e de altura, mas tem muitas funcioanalidades para tornar um sistema de ar condicionado Mede apenas alguns centímetros de largura e de altura, mas tem muitas funcionalidades para tornar um sistema de ar condicionado inteligente e mais eficiente

Há, ainda, modos inteligentes: o anti-bolor ativa a ventoinha de modo a expulsar a humidade do interior do aparelho; o Optimus usa algoritmos de IA para detetar se as janelas estão abertas e, como tal, desligar o AC para poupar energia; o Pure Boost ativa automaticamente a circulação de ar (ventoinha) do AC quando são detetados poluentes. Mas estes e outros modos associados a algoritmos de IA só estão disponíveis com a subscrição do serviço Sensibo Plus (€2,91/mês para contratos de um ano). É possível que, em muitas casas, este valor se justifique, até pela poupança energética que poderão permitir – o serviço também está associado a modos de gestão e poupança energética. Mas parece-nos um valor exagerado para muitos utilizadores, que procuram uma solução mais simples. Para estes, a Sensibo tem outros dois dispositivos mais acessíveis: o Air (sem os sensores de qualidade do ar) e, o mais acessível de todos, o Sky, que já permite controlar o ar condicionado remotamente, agendamento e geofencing.

Tome Nota
Sensibo Pure – €144,99

Desempenho: 5
Características: 5
Qualidade/preço: 2

Global: 4

Veredicto

Para quem tem um ar condicionado não inteligente, os Sensibo Air Pro, Air e Sky podem fazer uma enorme diferença. Aqui só analisámos o Air Pro, mas, para uma utilização mais simples, o bem mais económico Sky funciona perfeitamente. A possibilidade de agendar o funcionamento do AC e de ligá-lo e desligá-lo automaticamente pode levar a poupanças importantes e aumentar o conforto. O Sensibo Elements surpreendeu-nos pela qualidade da avaliação dos vários parâmetros que influem a qualidade do ar, dados que são importantes, sobretudo para quem sofre de problemas que a má qualidade do ar agrava, como alergias. Pode, até, ser uma ferramenta de diagnóstico para ajudar-nos a perceber por que razão, afinal, ficamos com dores de cabeça ou irritações cutâneas quando trabalhamos em determinado local. Melhor será, claro, se for associado ao Sensibo Pure para se tentar eliminar as causas desses problemas. Mas é importante que considere que, além do preço inicial, que é muito competitivo, há que contar com o custo de substituir o filtro com regularidade.

Esta linha de produtos é um bom exemplo de como os dispositivos conectados podem simplificar e melhorar a nossa qualidade de vida.

A notícia foi publicada na manhã da passada terça-feira, 14, pela Rádio Renascença. O título do artigo informava que um “menino nepalês de nove anos” tinha sido “vítima de linchamento” numa escola de Lisboa. Os autores das agressões teriam sido cinco colegas, também menores de idade. As agressões teriam sido acompanhadas por insultos racistas e xenófobos, como “vai para a tua terra” ou “tu não és daqui”. O incidente teria sido filmado, e circulara em grupos do WhatsApp. A escola não tinha denunciado o caso. A família da criança decidira transferi-la para outro estabelecimento de ensino e, por medo, não apresentara queixa à polícia.

A gravidade do caso chamou a atenção. Nas horas seguintes, a comunicação social citou a notícia. E correu para saber mais pormenores, sem sucesso. A mãe da criança pedia anonimato. Como habitualmente, movimentos de extrema-direita começaram, nas redes sociais, uma campanha de contrainformação. O Governo entrou em campo. E o caso chegou às mãos das autoridades.

A VISÃO mostra o que se sabe, para já, sobre o caso.

A denúncia da CEPAC

O caso surgiu no âmbito de uma conversa telefónica entre o jornalista João Carlos Malta e Ana Mansoa, diretora executiva do Centro Padre Alves Correia (CEPAC), instituição de solidariedade social, com ligações à igreja. O contacto surgiu no âmbito do tema sobre “a perceção de organizações católicas em relação ao aumento do discurso de ódio”, na sequência do ataque racista no Porto, contra imigrantes magrebinos. A título de “exemplo”, Ana Mansoa contou o caso do “menino de nove anos nepalês”. “O filho de uma senhora acompanhada pelo CEPAC, que tem nove anos, e que é uma criança nepalesa, foi vítima de linchamento no contexto escolar por parte dos colegas. Foi filmado e divulgado nos grupos do WhatsApp das crianças”, afirmou a responsável.

Segundo Ana Mansoa, “o ataque foi protagonizado por cinco colegas da vítima, sendo que um dos agressores foi mais interventivo do que os outros. Um sexto elemento filmou as agressões para depois serem partilhados nas redes sociais”. A diretora executiva da CEPAC acrescentou ainda que a vítima ficou com “hematomas pelo corpo todo” e “feridas abertas”, que seriam “tratadas pela mãe”, pois a família teve “medo” e “quis evitar ir a um hospital ou centro de saúde”.

Ana Mansoa referiu que, enquanto era agredida, a criança foi insultada com expressões como “vai para a tua terra” ou “tu não és daqui”. A criança acabaria por sair da escola, que não terá denunciado o caso. Um dos agressores “foi suspenso durante três dias”, garantiu.

O Ministério da Educação entra em campo

Perante a gravidade da situação, o Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) colocou-se no terreno.

Logo no dia seguinte, quarta-feira, 15, o gabinete do ministro Fernando Alexandre divulgou, em resposta ao Público, que ” desconhece qualquer agressão a criança nepalesa”.

O MECI explicou que os serviços “contactaram a associação que denunciou o alegado episódio [a CEPAC], mas que esta, inicialmente, se tinha “recusado colaborar”. “Após insistência”, diz o ministério, foi possível apurar que a escola onde tudo se passou localiza-se no município da Amadora. O estabelecimento foi imediatamente contactado.

No mesmo comunicado, o MECI refere que a direção da escola informou que “não existe registo de qualquer situação semelhante à descrita pela notícia”, e que não tem nenhuma criança nepalesa daquela idade inscrita na instituição. Nenhum aluno foi suspenso ou alvo de outro castigo, no âmbito de um processo do género.

Na sequência do caso, a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, anunciou o reforço do policiamento junto das escolas.

Comunicado da CEPAC: queixa nas autoridades

Ainda na tarde de quinta-feira, 15, a CEPAC publicou uma nota em que “informa que os factos foram disponibilizados às autoridades competentes, a quem caberá fazer o seguimento da situação”.

Na nota, a instituição volta a apelar “ao respeito pela privacidade da família e outras partes envolvidas, e em particular das vítimas do episódio sucedido”.

“Consideramos ser da maior importância uma maior sensibilização da sociedade portuguesa e um debate responsável e construtivo na opinião pública sobre estes fenómenos de violência, discriminação, racismo, xenofobia, alertando para a sua existência. É urgente, enquanto sociedade, trabalharmos juntos no combate a manifestações e comportamentos desta natureza, e na identificação de situações de risco”, lê-se no comunicado.

A CEPAC volta ainda a reforçar o seu foco estará “no acompanhamento a pessoas migrantes em situação de vulnerabilidade e exclusão social”, garantindo que vai continuar empenhada “na prevenção e na desconstrução de narrativas que incitam à violência dirigida a pessoas imigrantes, entre outros grupos estigmatizados”.

CPCJ ativada pela ministra da Segurança Social

O caso continuou a ser acompanhado nas horas seguintes. O comunicado do MECI “inundou” as redes sociais de dúvidas sobre os acontecimentos relatados. Como habitualmente, pessoas e movimentos associados à extrema-direita começaram uma campanha de contrainformação, declarando que “era tudo mentira”.

Na quinta-feira, 16, a Rádio Renascença destacou a reação ao caso da ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. À margem de uma visita à Casa do Artista, Maria Rosário Ramalho declarou que o Governo acompanha esta denúncia “com muita preocupação”.

A ministra informou ainda que pediu à Comissão de Proteção de Menores e Jovens em Risco (CPCJ) que fizesse uma avaliação desta situação. “Estamos à espera do que vão dizer e avaliar a partir daí, mas temos uma grande preocupação. As crianças não podem ser agredidas. Não podem ser agredidas. Ponto”, afirmou aos jornalistas presentes.

PGR confirma inquérito. Mãe “não é nepalesa”

Ao final da tarde de quinta-feira, 16, o Observador confirmou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) “confirma a receção de uma denúncia relacionada com a matéria, esclarecendo-se que dela não consta informação relativa à nacionalidade da vítima”.

“Nessa denúncia indica-se apenas a nacionalidade da mãe, a qual não é nepalesa”, refere na resposta enviada ao Observador, acrescentando que “por não ser até agora conhecida a concreta idade dos autores da factualidade denunciada, foram instaurados um inquérito tutelar educativo e um inquérito-crime”.

A PGR detalha que “o inquérito tutelar educativo (ITE) encontra-se previsto na Lei Tutelar Educativa, quando estão em causa factos qualificados pela lei como crime, praticados por menor(es) entre os 12 e os 16 anos”, concluindo que “poderá posteriormente vir a justificar-se a instauração de processo de promoção e proteção (caso algum/alguns do(s) eventual(is) agressor(es), à data dos factos, não tivesse(m) completado 12 anos)”.

Ana Mansoa em silêncio. CEPAC vai colaborar na investigação

Durante todo o dia de quinta-feira, 16, a VISÃO tentou chegar à fala com Ana Mansoa, mas a diretora executiva da CEPAC não retornou nenhuma das tentativas de contacto. Na sede da instituição, na zona de São Bento, funcionários confirmaram “desconhecer” o paradeiro da responsável.

Em nova nota publicada no site da CEPAC, a instituição recordou que, no dia 12 de maio, Ana Mansoa manteve uma conversa “que se teve de boa-fé” com o jornalista da Rádio Renascença, e que, no decorrer daquela conversa, referiu “como exemplo, de memória, o caso” do menino nepalês de nove anos agredido.

“Foi transmitida às entidades competentes informação precisa para apuramento dos factos alegados. É nossa preocupação preservar o anonimato público da criança envolvida e sua família. Estamos totalmente disponíveis para colaborar, mas consideramos que a exposição nos meios de comunicação social apenas prejudicará o bem-estar da criança”, lê-se na nota.

A fechar, o CEPAC afirmou que “não prestará mais declarações sobre o caso aos meios de comunicação social” e apelou “ao respeito pela privacidade da criança e sua família e demais partes envolvidas”.

Palavras-chave:

O nosso bem-estar tem, em maior ou menor grau, impacto no bem-estar de todos os que nos rodeiam.

Existe uma interconexão, que não pode ser descurada, entre o bem-estar de um e o bem-estar de todos os que integram a comunidade educativa. É por isso que tem de se preocupar, Senhor Diretor. Se quer uma escola saudável, feliz, tolerante, com bons resultados, onde os alunos gostem de aprender e possam desenvolver o seu máximo potencial, não pode empurrar este desafio para debaixo do tapete. O problema não existe só na escola do lado. Existe também na sua. A responsabilidade de olhar para este tema com seriedade não é só das famílias, é também sua.

Então, Senhor Diretor, tome a dianteira e vá à frente. A sua comunidade vai segui-lo e agradecer.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade”. O Pacto Europeu para a Saúde Mental e Bem-Estar apela a que os Estados Membros da União Europeia intervenham em cinco áreas prioritárias, sendo uma delas a Saúde Mental.

Enquanto líder da sua escola, foi-lhe confiado o recurso mais valioso do mundo: a educação das crianças e jovens. Para que possa honrar esta responsabilidade, tem de se preocupar com o bem-estar, em geral, e com o bem-estar mental, em particular, essenciais para que os alunos aprendam de uma forma eficaz e saibam lidar com os desafios do dia-a-dia, tornando-se jovens adultos resilientes, mas também essenciais para que os professores tenham disponibilidade para ensinar, apesar dos desafios da gestão da sala de aula, que acrescem a todos os outros que estão implícitos nesta profissão.

É urgente apostar numa “cultura” de promoção do bem-estar e no envolvimento ativo de todos. O desafio é grande e pode, por vezes, parecer entrar em conflito com outras prioridades da escola, nomeadamente a manutenção de altos padrões académicos que obrigam a uma boa preparação dos alunos, à garantia de que têm o apoio escolar de que necessitam ou de que se cumprem os programas de cada disciplina. Mas não nos iludamos, Senhor Diretor. Não existem bons resultados sem bem-estar. Quem se sente melhor, aprende melhor. Quem se sente melhor, ensina melhor.

A boa notícia é que estão disponíveis programas de promoção de bem-estar mental nas escolas, gratuitos, e que não implicam que mobilize recursos para os dinamizar. Se nos focarmos na forte convicção de que ações pontuais não resolvem questões gerais, os programas mais completos e eficazes envolvem toda a comunidade escolar. Mas porquê?

Alunos: Porque as competências sociais e emocionais, os conhecimentos e os hábitos comportamentais que desenvolvem na escola vão ajudá-los a ser resilientes e a saber gerir a sua saúde física e mental ao longo da vida. É importante reduzir o estigma e garantir que cada vez mais jovens têm a ajuda de que necessitam (as escolas são um contexto ótimo para detetar os primeiros sinais de alerta). Acresce o facto de que o bem-estar aumenta a motivação para a aprendizagem, diminui o absentismo e os problemas disciplinares aumentando, consequentemente o desempenho académico.

Pessoal docente e não docente: Porque o bem-estar dos adultos é vital para a criação de escolas saudáveis e felizes. Há causas para a insatisfação dos docentes e não-docentes que não tem o poder de alterar. Mas tem o poder de aumentar a sua moral e produtividade, ajudando-os a ficar mais aptos para gerir emoções e reconhecer quando precisam de ajuda. Aumentar o bem-estar dos adultos vai não só reduzir o seu absentismo (ativo e/ou passivo) como ter influência na sua confiança e capacidade para apoiar e promover o bem-estar dos alunos.

Famílias: Porque, apesar das escolas não terem controlo sobre o que acontece em casa de cada aluno e, por isso, a sua capacidade de ação estar limitada, ela não é nula. A escola pode e deve apoiar a capacitação das famílias, ajudando-as a identificar sinais de alerta e ensinando-as a adotar estratégias promotoras de bem-estar no seu dia-a-dia.

Se não formos proativos na promoção do bem-estar, os alunos vão crescer sem saber que ele depende, essencialmente, de si próprios. O aluno que cansa um professor e o ajuda a alimentar a ideia de que o seu papel não é respeitado, é o mesmo que tem em si o potencial de o impressionar e encantar. É o mesmo que pode, já amanhã, mudar o mundo. Precisamos de escolas promotoras de bem-estar, que façam brotar estes potenciais e que fomentem a disponibilidade mental dos professores e outros funcionários para os ajudar a florescer.

Ações isoladas e dirigidas a públicos específicos não farão a diferença. Opte por programas transversais e, a partir de setembro, faça da sua escola um exemplo.

Todos contamos consigo, Senhor Diretor

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

Palavras-chave:

No Dia Internacional da Convivência Pacífica, 16 de maio, assim decretado pelas Nações Unidas, debateu-se forte e feio no nosso Parlamento. E ainda bem. É para isso que ele serve. Se a discussão é proveitosa, civilizada e beneficia o País… isso talvez já seja pedir demais, por muitos apelos à elevação que o presidente da Assembleia não se cansa de lançar.

Mas deixemos o hemiciclo e a sua feira de vaidades para entrar nas comissões e assistir à ministra do Trabalho e da Segurança Social a deixar a exonerada provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa em estado KO com um paracetamol. Maria do Rosário Palma Ramalho reconheceu que a médica Ana Jorge herdou, há um ano, um “cancro financeiro” (depois de tantos negócios ruinosos), mas “tratou-o com paracetamol”. E não se escusou a usar palavras fortes como “inação da provedora” e “negligência”. Acusou ainda Ana Jorge de ter aumentado as despesas com salários, durante o ano passado, além de ter assinado contratos no valor de 3,5 milhões de euros já depois de saber que ia sair da Santa Casa.

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Um grupo de investigadores do Nuffield Department of Population Health (NDPH) da Universidade de Oxford, no Reino Unido, identificou um conjunto de mais de 600 proteínas no sangue que podem ser um alerta do desenvolvimento de cancro mais de sete anos antes de este ser diagnosticado.

De acordo com os cientistas, que realizaram dois estudos diferentes publicados na revista revista Nature Communications, estas proteínas podem estar relacionadas com as fases iniciais do cancro.

“Para podermos prevenir o cancro, temos de compreender os fatores que determinam as primeiras fases do seu desenvolvimento”, diz, citada pela Sky News, Ruth Travis, epidemiologista molecular da Oxford Population Health e autora das duas invetigações.

Travis explica que, hoje em dia, existe tecnologia de ponta que “permite analisar milhares de proteínas em milhares de casos de cancro” e identificar quais “têm um papel no desenvolvimento de cancros específicos e quais podem ter efeitos comuns a vários tipos de cancro.”

Estas proteínas estão, explicam os investigadores, ligadas a 19 tipos de doença, que incluem vários tipos de cancro, como o da mama, próstata e intestino, sendo que, das mais de seis centenas delas, 107 foram encontradas em voluntários cujo sangue foi recolhido pelo menos sete anos antes do diagnóstico de deonça.

A equipa, que afirma que estes estudos podem ser “o primeiro passo crucial” para a oferta de terapias preventivas do cancro, explica contudo que será necessária mais investigação para se perceber com exatidão o papel destas proteínas no desenvolvimento do cancro e para desenvolver testes que detetem a doença e medicação que pudessem ter como alvos essas proteínas.

Palavras-chave:

Valorizamos pouco as lutas populares pela democracia. Não as mediatizamos como mereciam, não tomamos as suas dores como nossas, não nos mobilizamos para que os seus valores sejam um prolongamento dos nossos. Foi assim em Hong Kong (2019), contra a lei que permitia a extradição para a China continental, caindo na alçada de um sistema judicial sem transparência e que usa e abusa de mecanismos autoritários punitivos. Foi assim na Sérvia (2018), quando a prepotência do Partido Progressista Sérvio e a cobertura dada pelo Presidente Vucic passaram a alvos dos milhares que saíram às ruas de Belgrado com temperaturas negativas, em protesto contra as violações à separação de poderes, à liberdade de imprensa e à integridade física de membros da oposição.

Foi assim no Montenegro (2019), depois de uma investigação jornalística ter levantado um esquema alargado de corrupção que envolvia o Presidente Dukanovic, há 30 anos a oscilar entre a chefia do governo e a presidência, e de um jornalista ter sido baleado após ter publicado uma série de artigos onde esticava a teia a vários políticos e empresários. Os montenegrinos saíram à rua em protesto contra a opacidade do sistema político, a credibilidade dos resultados eleitorais e a podridão da rede de corrupção no Estado. Não fosse a coragem do jornalismo de investigação – que alguns pagaram com a vida, como a maltesa Daphne Caruana Galizia e o eslovaco Ján Kuciak – e a democracia dificilmente se regenerava para acolher as expectativas de milhões de cidadãos, ao contrário dos constates obituários. Tal como noutras alturas da História recente (1974, 1989 ou 1991), eles só precisam de apoio no tempo e no modo certos.

A lista podia continuar, desde as manifestações pacíficas por melhores condições no ensino público na Albânia à intensa luta anticorrupção na Roménia, que levou centenas de milhares a permanecerem no rigor do inverno em frente ao Parlamento até que a legislação protetora da elite política fosse revertida, passando pela incrível luta da oposição bielorrussa, liderada por Svetlana Tikhanovskaya, numa ditadura que prende políticos, tortura, com um aparelho de segurança implacável e que condiciona a luta pacífica dos milhares que marcharam nas ruas das principais cidades, tantas vezes sob nevões. É uma luta admirável num continente europeu mergulhado em negativismo. Estamos a atravessar um outono democrático no mundo inteiro, com mais regimes autoritários ou híbridos do que democracias plenas, o que exige um compromisso coletivo e ilumina ainda mais o exemplo da luta na Bielorrússia.

Assim como na Ucrânia e, nas últimas semanas, também na Geórgia, onde milhares saíram às ruas em março contra uma lei de inspiração russa, defendida pelo governo de Tbilissi, que à data recuou. Dois meses depois, conseguiu aprová-la, ato que levou à ira popular contra um caminho que monitoriza, identifica e proíbe apoios externos a organizações georgianas, o que em último caso restringe o papel da União Europeia num país na antecâmara da adesão, ou até missões de observação eleitoral, quando a Geórgia prepara as legislativas de outubro. Ou seja, reduz o espaço de manobra das oposições, da sociedade civil e das ligações à Europa. A resposta está aí, embora sem o mediatismo devido noutras democracias, não é só na portuguesa. Fica longe? Talvez. Mas está num ponto central na relação entre a UE e a Ásia Central, pivot do “corredor médio” do comércio entre europeus e chineses. É um país do próximo alargamento e tem, na sua matriz social, uma ligação forte aos valores europeus. Não seria, como noutras paragens, de dar-lhes voz, promover as suas lutas, fomentar o seu sucesso reivindicativo, procurando que o sucesso da sua democracia seja, a prazo, também o sucesso da sua integração na União? Não é do interesse coletivo da UE que as democracias reconquistem atratividade, respondam aos anseios das populações, garantam mais coesão entre elas, fortalecendo a sua marca distintiva face aos demais modelos políticos em competição?

Tenho apelado a um maior amor-próprio nas democracias europeias, as quais, apesar dos erros e dilemas, continuam a ser a proposta de maior sucesso pelos seus modelos de justiça social e desenvolvimento. Mas só isso não chega. As democracias precisam de apoiar os democratas que saíram do sofá e lutam diariamente nas suas ruas. Para que também a Geórgia não fique a meio caminho.

Norte

As recentes eleições locais em Inglaterra e no País de Gales confirmaram a queda dos conservadores e a subida dos trabalhistas, antecipando as legislativas deste ano. É um bom prenúncio para uma melhoria na relação com a UE.

Sul

O “Sul global” instalou-se no léxico político por contestação às regras ou pelo alinhamento de interesses, mas a expressão cria uma dupla ilusão: na geografia (dois terços de África estão no hemisfério norte) e na suposta coesão do bloco.

Este

A política asiática está marcada por uma série de dinastias políticas, herdeiras de antigos presidentes e primeiros-ministros, uma lógica pouco saudável de exercício do poder. Exemplos disso são Filipinas, Bangladesh, Paquistão e Indonésia.

Oeste

Depois dos protestos contra a Guerra no Vietname (1968) e o apartheid sul-africano (1985), o campus de Columbia marchou agora contra Israel, pela Palestina e contra as opções de Biden. O voto jovem também conta em novembro.

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Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

Aos 15 anos, já sabia que seria artista plástico. Aos 17 anos, reafirmou essa vontade e entrou para a escola de Belas Artes de Lisboa. Aos 67 anos, Pedro Cabrita Reis, nome maior da arte contemporânea portuguesa, dá-nos a ver mais de 50 anos de trabalho através de obras que foi guardando. 

A exposição retrospetiva, que cobre um arco temporal desde o início da década de 1970 até hoje, espalha-se por oito pavilhões da Mitra, em Marvila, ocupando uma área de cerca de 3000 metros quadrados. Intitulada Atelier – enquanto lugar de criação, em permanente transformação –, pode ser vista de quinta a domingo, entre as 14h e as 18h, e é de acesso gratuito.

Foto: Luís Barra

Entre as 1 500 obras escolhidas do seu acervo pessoal contam-se peças tão variadas como autorretratos, dezenas de esculturas, pinturas a óleo da adolescência, notas escritas à mão, desenhos, assemblages, fotografias e telas de várias dimensões onde, por vezes, a tinta é usada como matéria de construção tridimensional.

A viagem que o público é convidado a fazer quer-se sem legendas, sem folha de sala, sem referências temporais, organização cronológica ou temática. Serve apenas uma boa dose de curiosidade.

Atelier, de Pedro Cabrita Reis > Polo Social da Mitra > Beco da Mitra, Lisboa > qui-dom 14h-18h > grátis