Visão

Não fosse o guarda-redes Diogo Costa, Portugal estaria agora a lamentar o afastamento do Campeonato da Europa. Uma defesa extraordinária após uma perda de bola de Pepe já na segunda parte do prolongamento manteve a seleção nacional no jogo e, depois, no desempate através de pontapés da marca de grande penalidade, foram as suas três defesas que permitiram eliminar a Eslovénia e corrigir aquilo que Roberto Martinez foi incapaz de resolver a partir do banco e que Cristiano Ronaldo complicou ainda durante os 90 minutos, quando desperdiçou uma grande penalidade.
Portugal voltou a revelar os mesmos problemas que já tinham ficado claros na vitória sofrida contra a República Checa e na derrota com a Geórgia. Apesar de controlar a posse de bola e de ter a iniciativa do jogo, raramente conseguiu romper e criar perigo perante uma equipa que se sentiu sempre confortável sem bola e remetida no seu meio campo. Para além disso, a equipa entrou uma vez mais em campo mergulhada nos equívocos do seu selecionador, que insistiu num sistema com três centrais, amarrando outra vez Nuno Mendes a uma posição interior e a obrigar João Cancelo a atuar mais como médio cento do que como lateral. Para isso, amarrou Bernardo Silva à linha lateral e voltou a deixar Cristiano Ronaldo sozinho na frente. Vitinha, claramente o único capaz de dar rotatividade ao jogo da equipa, andou sempre a esbarrar nos espaços de Palinha e Bruno Fernandes e, à exceção de Rafael Leão, poucos mostraram clarividência na hora de atacar a área contrária. É verdade que a equipa mostrou consistência defensiva, mas os jogos ganham-se com golos.
Com o resultado inalterado, esperavam-se ideias a partir do banco, mas Roberto Martinez pareceu amarrado. Durante a hora e meia de jogo, recorreu apenas a Diogo Jota e Francisco Conceição. Dois jogadores que não foram felizes e que obrigaram a retirar de campo Leão e Vitinha, dos poucos que, a par de Cancelo e Nuno Mendes pareciam saber o que fazer para ganhar. Em contrapartida, ficaram em campo Bruno Fernandes e Bernardo Silva, os dois supostos criativos da equipa que continuam a léguas do que podem e devem fazer. É caso para perguntar afinal para que serviu ter levado 23 jogadores de campo para a Alemanha.
Finalmente, é hora para discutir a presença de Cristiano Ronaldo. Não é por ter falado uma grande penalidade que podia ter resolvido o jogo ainda na hora e meia de jogo. Mas, se dúvidas houvesse, voltou a perceber-se que o capitão de equipa está longe de ser um ativo para a equipa. Fora os livres diretos em que conseguiu criar algum perigo, Cristiano não acrescenta nada à equipa. Chega tarde aos lances, está sem poder de salto e, quando recua para tentar triangular, acaba por deixar a área sem ninguém. A não ser que o selecionador venha explicar que não tem qualquer opção válida no banco, começa a não se perceber esta teimosia. Já era tempo de acabar com as vacas sagradas na seleção nacional.
Uma última palavra para Pepe, um profissional exemplar, que, aos 41 anos, voltou a mostrar toda a sua qualidade e experiência, mas que quase deitou tudo a perder com um lance infeliz. Salvou-o Diogo Costa, que ficará para a história deste Europeu e do futebol português como o herói de Frankfurt. É a ele que devem agradecer não só Pepe e Cristiano, mas todos os demais jogadores e, sobretudo, um selecionador que voltou a meter-se a jeito. A ver vamos se agora, que passaremos a defrontar os melhores da Europa (primeiro a França, que venceu a Bélgica por 1-0, já na sexta-feira), Portugal encontre espaço para jogar o seu futebol. É que, por muito brilhante que seja, Diogo Costa pode não chegar para tudo.
A mais que provável acusação no chamado caso EDP/CMEC – que diz respeito a um eventual favorecimento da EDP de 1,2 mil milhões de euros – foi adiada para o final de setembro. De acordo com um despacho do vice-procurador geral da República, Carlos Adérito Teixeira, a que a VISÃO teve acesso, a conclusão da investigação foi pedida pelos procuradores titulares do inquérito até que o juiz de instrução decida quais os elementos do processo que estão “contaminados” pela declaração de nulidade dos emails apreendidos a António Mexia e Manso Neto, ex-administradores da empresa.
No documento de 28 de junho, Carlos Adérito Teixeira refere que o “prazo para encerramento do inquérito tem vindo a ser sucessivamente adiado, em face dos argumentos invocados” pelos titulares do processo, os quais têm merecido a concordância do diretor do Departamento Central de Investigação e Acção Penal. Só que, na sequência da ordem de destruição dos emails, os advogados de defesa requereram ao juiz de instrução a anulação de outras provas que tiveram na base as tais comunicações eletrónicas.
“Pese embora o longo tempo de pendência da investigação, reconhece-se, mais uma vez, a necessidade de conjugar as exigências dos direitos dos investigados. Não podemos, contudo, deixar de enfatizar que o inquérito deve ser objeto de despacho de encerramento com a maior brevidade, devendo imprimir-se a devida e adequada celeridade”, referiu Carlos Adérito Teixeira, concordando com a data de 30 de setembro como limite para o fecho da investigação.
Contactados pela VISÃO, os advogados que representam António Mexia e Manso Neto lamentaram este novo adiamento: “Consideramos que este inquérito que dura, inexplicavelmente, há mais de 12 anos, e que já conta com 23 pedidos de adiamento ou prorrogação, já há muito que deveria ter sido encerrado”, referiram João Medeiros, Rui Costa Pereira e Inês Almeida Costa.
O Caso EDP/CMEC acabou por levar, em dezembro de 2022, à acusação do ex-ministro Manuel Pinho, da mulher Alexandra Pinho, e do ex-banqueiro Ricardo Salgado – cujo julgamento terminou este mês com condenações para ambos – por factos não relacionados com a empresa e os Custos para Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC), que estiveram na origem do inquérito aberto em 2012.
Já António Mexia e João Manso Neto são arguidos desde 2017, por suspeitas dos crimes de corrupção e participação económica em negócio, e continuam a ser investigados pelo Ministério Público, sem que tenha sido ainda proferida uma acusação. Os dois gestores foram suspensos de funções na EDP em julho de 2020, tendo entretanto deixado a empresa.
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Quando menos esperamos, somos confrontados com uma situação ou uma realidade que nos leva muito alem do que ela representa de forma imediata. Numa tarde de sábado, acolhendo umas colegas da universidade, fui a uma conhecida casa de samba em São Paulo, o Bar Samba. Na longa parede que acolhe o palco onde os músicos se espraiam nos acordes rítmicos, um imenso mural retrata a vida sambística de uma comunidade. São mais de duas dezenas de figuras, umas representando personagens importantes do samba, outras, “apenas”, figuras típicas, caricaturas da população de uma comunidade pobre onde a música é o elo aglutinador. Tratando-se de uma comunidade claramente marcada pelo samba, quase todas as figuras representam personagens negras ou mulatas.

Duas figuras se destacam pela brancura da pele. Ao centro, materializando a imagem de Vinícius de Moraes no “Samba da Benção”, como “o branco mais negro do Brasil”, o painel mostra-nos um engravatado e respeitável senhor a tocar violão, bem no centro de todo um grupo com o qual contrasta, mas também se integra. Ao longe, no topo do lado esquerdo, ao nível do varandim superior, o outro branco da composição pictórica: não toca, nada o remete para a música, a não ser o ar de prazer que lança no ar, refastelado no interior de uma banca, com uma cerveja e, atrás, ao longe, um poster de uma mulher nua. Prazeroso, claramente contente, este branco que está afastado, fora do arraial, mas integrado na comunidade, é identificado por uma tatuagem no braço esquerdo: a Cruz de Cristo diz-nos de imediato que aquele branco, com ar bonacheirão, meio careca e com um farto bigode, é um “Mané”.
Dando-nos uma imagem esplendida da forma como a cultura popular criar as imagens do coletivo, caricaturando as linhas que identifica como principais, este mural é mais um fruto da representação que o século XX brasileiro fez do imigrante português. Originariamente pobres e iletrados, muitos deles com o nome “Manuel”, donos de pequenos comércios, especialmente padarias, estes humildes negociantes, bem integrados nas comunidades, foram alvo de um riquíssimo anedotário que os menorizava, colocando-os num patamar de ridicularização social.
Especialmente no Rio de Janeiro, com o cruzamento de influências várias, o “Zé Mané” é a imagem do tolo, daquele que não tem competências para a vida, dando valor ainda mais forte ao “Mané” português, tantas vezes apodado de burro nesse anedotário.
A matriz da imigração portuguesa para o Brasil foi, durante quase dois séculos, constituída por indivíduos analfabetos, de origem rural, com fraca cultura, permitindo a criação de estereótipos de sabor humorístico marcados pela caricatura. O anedotário representa sempre um desejo comunitário de marcar, de rotular e de colocar ao “outro” uma roupa que se quer nunca mais venha a ser despida. Mas Portugal mudou bastante e, inevitavelmente, a imigração portuguesa para o Brasil, também.
O atual fluxo de migração de Portugal para o Brasil já não é rural e, muito menos, analfabeta. Os jovens adultos portugueses que hoje demandam por novas paragens, em busca de uma vida melhor, são cosmopolitas e, sobretudo, têm uma formação académica elevada.
Acresce, ainda, que os novos fluxos migratórios são já fruto de um tempo em que as ligações não se perdem com a distância geográfica. A saudade já não é hoje vivida como era há 50 ou mais anos. O migrante que hoje vem de Portugal para o Brasil, pode ir visitar os seus familiares e amigos todos os anos, e pode falar com eles diariamente. Não há a separatividade de outros tempos. A nostalgia é hoje compensada por formas novas de conectividade.
Paralelamente a esta mudança radical na matriz da imigração portuguesa para o Brasil, teve lugar uma dupla modificação nos movimentos populacionais de sentido inverso. Por um lado, a partir da última década do século passado, Portugal começou a receber imigrantes brasileiros. Esta foi uma realidade completamente nova, num quadro marcado por dois séculos de movimentações de demográficas apenas de Portugal para o Brasil. Por outro lado, esse fluxo populacional dos anos noventa, pouco tem a ver com o fluxo migratório brasileiro para Portugal, que se vive hoje. Se, o primeiro era constituído, fundamentalmente, por trabalhadores com fraca formação escolar, hoje, Portugal atrai quadros com uma formação superior, artistas, empresários e investidores.
A imigração de brasileiros para Portugal tem hoje um grau de complexidade que se encontra na possibilidade de muitos cidadãos brasileiros obterem a cidadania portuguesa. De facto, muitos dos brasileiros são luso descendentes, podendo facilmente atestar que são netos de portugueses, conseguindo, desta forma, uma cidadania portuguesa quase automática.
A cidadania portuguesa está longe de se conseguir através de um processo “democrático”. Especialmente, são necessários meios financeiros para a investigação, para os advogados, para toda uma complexidade burocrática que não está a mão dos mais humildes luso descendentes. Mais uma vez o movimento populacional do Brasil para Portugal, tem uma forte componente de elite, mostrando-nos que estamos perante fatias diferenciadas da população.
Numa soma, para a qual não há números exatos, entre imigrantes brasileiros, e cidadãos portugueses nascidos no Brasil, o número de pessoas que hoje vivem em Portugal, tendo nascido no Brasil, não deve estar muito abaixo do milhão de pessoas.
Os netos dos “Manés” estão a regressar a Portugal ou, pelo menos, a recuperar a cidadania portuguesa, como aposta num futuro de maior estabilidade e prosperidade. Fechando o círculo, os netos regressam ou procuram obter o tão famigerado passaporte em tons “vinho”.
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Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.
Uma nova sondagem da autoria da CBS News com a YouGov revelou que 72% dos eleitores americanos registados acreditam que o atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, não deveria candidatar-se à liderança da Casa Branca para um segundo mandato. Os resultados, que surgem após o debate televisivo contra o adversário republicano Donald Trump, representam um aumento de nove pontos percentuais relativamente a sondagens realizadas em fevereiro desde ano – e que se situavam nos 63%.
Já cerca de 64% dos eleitores inquiridos para este estudo consideraram que Biden se deveria afastar da corrida eleitoral, dando oportunidade a outro candidato democrata. Ademais, mais de oitenta por cento dos eleitores registados considera que a idade do democrata, com 81 anos, é um entrave à sua reeleição, e 72% referem que o mesmo não possui o desempenho cognitivo e mental necessário para o exercício do cargo.
O estudo mostrou ainda que os eleitores apresentaram algumas reservas relativamente ao candidato republicano, Donald Trump. Dos mais de mil inquiridos nesta sondagem, quase cinquenta por cento afirmaram que o republicano não possui as condições mentais e cognitivas para a presidência do país em numa segunda pergunta, 50% de pessoas referem que o mesmo deveria concorrer.
O primeiro debate televisivo entre o atual presidente dos EUA, Joe Biden, e Trump, candidato republicano, adversários às eleições de novembro deste ano decorreu na passada quinta-feira, dia 27 de junho. Com algumas fragilidades durante o seu discurso – que incluíram algumas incoerências e frases inacabadas – o apoio a Biden diminuiu e Trump foi considerado o vencedor do encontro pelos meios de comunicação social. Após a aparente derrota, contudo, Biden já revelou que não pensa deixar a corrida à presidência dos Estados Unidos.
Relativamente a um dos casos que tem assombrado a campanha do candidato republicano, o Supremo Tribunal dos EUA concedeu hoje imunidade parcial a Donald Trump relativamente ao episódio do ataque ao Capitólio.
A justiça considerou que os atos “oficiais” do ex-presidente dos Estados Unidos se encontram protegidos, que “o Presidente não goza de qualquer imunidade pelos seus atos não oficiais”. Assim, Trump “tem direito a pelo menos uma presunção de imunidade pelos seus atos oficiais”.
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Segundo estimativas desenvolvidas pela Veyt, uma empresa que analisa o mercado do carbono, o preço do gasóleo deverá aumentar cerca de 50 cêntimos, por litro, já a partir de 2031, por forma a cobrir os custos do carbono. A previsão baseia-se em regulamentações – nomeadamente a ETS2 – aprovadas pela União Europeia e obrigam os fornecedores de combustível – a partir de 2027 – a comprar licenças de emissão, de forma a cobrirem as emissões de dióxido de carbono que tem, o que terá, por conseguinte, impacto nos valores pagos pelos consumidores finais. Os dados da Veyt foram inicialmente avançados esta segunda-feira pelo Financial Times, e consultados posteriormente pela VISÃO.
A estimativa prevê que em 2027, no mesmo ano em que entrará em vigor a ETS2, exista um acréscimo de 14 cêntimos por litro de gasóleo; o aumento atingirá os 54 cêntimos já em 2031. “O novo sistema europeu de fixação de preços das emissões para os transportes rodoviários, edifícios e pequenas indústrias está mesmo ao virar da esquina, pelo que as empresas e as entidades reguladoras têm de agir rapidamente para estarem preparadas”, pode ler-se na previsão feita pela Veyt.
O sistema de comércio de licenças de emissão, aprovado pela União Europeia em 2022, faz parte de um conjunto de reformas destinadas a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa na Europa em 55% até 2030. O novo sistema ETS2, que abrange os transportes e habitação, funcionará de forma semelhante ao regime de comércio de licenças de emissão de gases com efeito de estufa, que atualmente abrange as emissões dos produtores de eletricidade e da indústria pesada. Ademais, uma parte das receitas geradas pela aplicação da taxa destina-se ao “fundo social para o clima”, que apoia famílias com rendimentos mais baixos e pequenas empresas, com custos relacionados com a eficiência energética e descarbonização dos transportes.
Marcus Ferdinand, diretor de análise da Veyt, considera, em declarações ao Financial Times, que o regime agora implementado poderá desencadear uma “onda considerável de redução de emissões equivalente a cerca de 400 milhões de toneladas em todos os sectores abrangidos até 2040”, especialmente, no setor rodoviário.
Já segundo Johan Mattart, presidente da Federação Belga de Distribuidores de Combustível, acredita que as medidas não serão facilmente aplicáveis a todos. “O objetivo da diretiva é, obviamente, reduzir as emissões de CO₂, mas receio que nem todas as famílias possam pagar uma bomba de calor e que nem todas as casas sejam adequadas para isso”, explicou ao Financial Times. Mattart referiu ainda que várias empresas terão recebido, nas últimas semanas, cartas das autoridades regionais sobre as suas obrigações no âmbito do regime, mas que ainda parece existir alguma confusão relativamente à abrangência e monitorização das medidas.
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Dados da Iberinform revelam que as insolvências aumentaram 6,5% face ao mesmo mês do ano passado, com 391 ações de insolvência contra as 367 registadas em maio de 2023. No acumulado dos primeiros cinco meses deste ano, foram já registadas 1.852 insolvências, o que se traduz numa variação de mais 364 ações face ao mesmo período de 2023 e num incremento de 25%.
Quanto a encerramentos com plano de insolvência o aumento é de 117%, com mais 14 pedidos que em 2023 e um total de 26 pedidos até final de maio 2024. No período em análise foi declarada a insolvência de 993 empresas, menos 20 processos de encerramento que em igual período de 2023. Porto e Lisboa permanecem os distritos com os valores de insolvências mais elevados: 473 e 427, respetivamente. Face a 2023, regista-se um aumento de 23% em Lisboa e de 52% no distrito do Porto.
Num ambiente empresarial dinâmico e desafiador, é fundamental que as empresas estejam atentas aos sinais de alerta que podem indicar a necessidade de iniciar uma reestruturação financeira. A recolha e análise da informação correta em tempo útil é determinante para o sucesso da solução escolhida.
A reestruturação financeira e operacional pode ser um processo difícil, mas também oferece oportunidades significativas para a reinvenção e para o crescimento, permitindo que as empresas enfrentem futuros desafios de mercado com resiliência e confiança.
Uma reestruturação financeira bem executada tem como principais benefícios o restauro da confiança dos credores, a recuperação da sustentabilidade da estrutura financeira e a redefinição do foco para a gestão por objetivos. Permite também evitar potenciais situações de incumprimentos (fiscais, laborais, bancários, comerciais), que habitualmente resultam numa danificação da imagem da sociedade.
Atendendo a tratar-se de um processo, em geral, bastante complexo, o seu planeamento antecipado é fundamental, não só, para assegurar a liquidez da empresa e a reflexão adequada acerca dos motivos que originaram a necessidade de reestruturação, mas também para permitir a formação de uma equipa comprometida com o sucesso do projeto e capaz de desenvolver e negociar um business plan credível com todos os seus credores.
Uma das componentes mais difíceis de gerir num processo de reestruturação financeira é a gestão dos stakeholders (fornecedores, bancos, estado, clientes, colaboradores, acionistas), uma vez que é fundamental conhecê-los, perceber a sua relevância, e saber comunicar-lhes adequadamente as necessidades da empresa.
Existem várias opções de reestruturação de dívida à disposição das empresas, mas destacam-se a negociação judicial via Processo Especial de Revitalização (PER) e o Regime Extrajudicial de Recuperação de Empresas (RERE). Ambas têm vantagens e desvantagens associadas, e os efeitos da sua aplicação devem ser cuidadosamente pensados, de forma a garantir a máxima eficácia do plano de reestruturação.
No entanto, um processo de reestruturação financeira não se resume à renegociação bem-sucedida da dívida da empresa. É fundamental desenvolver, em simultâneo com o processo de renegociação de dívida, uma estratégia para o Turnaround operacional da empresa, ou seja, identificar com o máximo rigor possível todas as causas originárias da crise da empresa e definir um plano de trabalho de forma a ultrapassá-las, garantindo que, de futuro, não se repetem.
Na Capitalizar, o trabalho desenvolvido na área de reestruturação de empresas ao longo dos últimos anos aponta para uma elevada taxa de aprovação dos planos de reestruturação de dívida (superior a 90%). A destacar também o track record económico que, após a intervenção, na sua maioria, mantiveram ou até aumentaram os níveis de atividade económica e o número de postos de trabalho.
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A saída já era esperada, mas ficou formalizada esta segunda-feira numa reunião com a ministra da Saúde Ana Paula Martins. Luís Meira apresentou a demissão da direção do INEM na sequência de uma polémica sobre a renovação do contrato de helicópteros para a emergência médica.
Ana Paula Martins tinha criticado o facto de Meira ter recorrido a um ajuste direto para contratar estes meios aéreos à empresa que já fornecia o serviço, sem fazer um concurso público.
A crítica foi feita pelo Ministério da Saúde numa nota enviada à Agência Lusa na qual a tutela dizia não compreender porque é que o INEM deixou terminar o prazo sem ter lançado um concurso público internacional, um ato permitido pela resolução de Conselho de Ministros de outubro do ano passado.
“Desde o dia 2 de abril até à data de hoje, o INEM não lançou nenhum concurso público internacional para aquisição dos serviços em causa. Não compreendemos os motivos”, lia-se na nota, que vincava o facto de a direção do INEM ter deixado sem resposta os pedidos de esclarecimento do Ministério da Saúde sobre o tema.
Ministra já tinha anunciado auditoria ao INEM
No sábado, o Jornal de Notícias tinha noticiado que o INEM ia prolongar o contrato com a empresa Avincis, por ajuste direto. Segundo o jornal, “o instituto quis lançar concurso em abril, mas a autorização do Governo não chegou”. Um dado que viria a ser desmentido pelo Ministério da Saúde na nota à Lusa.
Um concurso lançado pelo INEM em janeiro tinha ficado sem efeito depois de o instituto ter recebido apenas duas propostas, ambas com valores superiores ao preço base.
No início de junho, Ana Paula Martins tinha anunciado no Parlamento a realização de uma auditoria administrativa e financeira ao INEM, tendo deixado no ar a ideia da necessidade de mudar a liderança do instituto.