“Hoje aconteceu-nos uma situação muito semelhante àquilo que aconteceu o ano passado, por volta desta altura, em que acordámos todos com esta perceção de odor a acre/azeitonas, que nós consideramos que possa ter como sua fonte emissora as tais fábricas de processamento de bagaço de azeitona localizadas mais a sul, nomeadamente na zona do Alentejo”, explicou à Lusa a investigadora Sofia Teixeira.

De acordo com a especialista do departamento de qualidade do ar da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, a perceção fica a dever-se a condições meteorológicas “muito específicas”, neste caso, “ventos de quadrante do sudeste, o que nos dá logo uma dispersão das massas de ar e dos compostos odoríficos para uma zona mais a norte, como Lisboa e Vale do Tejo”.

Sofia Teixeira explicou também ter havido a junção de um outro fenómeno “de inversão térmica entre a meia-noite e as nove da manhã, que resultou naquilo que nós chamamos de efeito capacete, em que estes compostos ficam aprisionados em camadas mais baixas da atmosfera e conseguimos facilmente, com os nossos narizes, detetar este odor que nos estava a provocar algum incómodo”.

Também a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) refere-se a uma situação de “fraca dispersão da atmosfera, conjugada com a ocorrência de vento fraco do quadrante sudeste” para justificar o cheiro na região da Grande Lisboa.

O assunto das eleições presidenciais é o hot topic do momento, parecendo até por vezes um reality show para ver quem é o mais popular, o mais apoiado, mais gostado, e quem poderá, no fim, conquistar o coração político dos portugueses – um autêntico Keep Up with The Possible Presidents of the Portuguese Republic.

De um ponto de vista comunicacional, todos os protocandidatos são aborrecidos: o Almirante Gouveia e Melo, pelas funções que ainda desempenha, tenta constantemente exaltar um saudosismo da farda de guerra que faz lembrar outros tempos; António José Seguro bem tenta, porém tem uma incapacidade brutal de entusiasmar um eleitor; António Vitorino, apesar da sua imensa experiência política, nomeadamente na área da Defesa e das Migrações (o que seria uma grande vantagem em relação aos seus possíveis oponentes, considerando os tempos de globalização em que vivemos), está um pouco ofuscado pelo barulho em torno de Seguro, e as sondagens demonstram isso.

Não menos aborrecida é a comunicação dos candidatos já confirmados: André Ventura e Luís Marques Mendes. Ainda que diametralmente diferentes, ambos são cópias, ambos estão num caminho que já é conhecido de todos e que por isso não anima. Ventura é discípulo das correntes nacionalistas representadas por Donald Trump, Marine Le Pen, Jair Bolsonaro, Santiago Abascal, entre outros compinchas dessas derivas extremistas. E por essa razão, todo o seu discurso é altamente previsível, basta estar atento ao que os nomes citados anteriormente vão dizendo nos seus respetivos países para saber o que o líder do Chega! vai dizer na semana a seguir.

Marques Mendes, como é óbvio e por isso não será surpresa para ninguém, é uma tentativa de Professor Marcelo Rebelo de Sousa 2.0 – até o tom que adotou no seu discurso oficial de candidatura fazia lembrar os tiques do ainda Presidente da República.

Infelizmente, e como está bem à vista de todos, os tempos de Jorges Sampaios e Mários Soares já passaram. A coragem política, inteligência e a tenacidade de Jorge Sampaio ao avançar contra a vontade do partido e do seu líder à época, António Guterres, ou a experiência e vocação para a liderança de Mário Soares ao avançar para uma eleição em que as sondagens inicias lhe davam não mais de 8% são, hoje, boas lembranças daquilo que foi uma época rica em representantes que ultrapassavam o mero âmbito político por lhes serem reconhecidas qualidades e interesses que os capacitavam para exercer cargos da maior importância. Hoje, temos políticos que são políticos – ponto. Não se vê neles cultura, mundo, inteligência ou qualquer outra vocação sem ser pertencer a um grupo parlamentar.

Com isto não quero fazer um elogio ao passado como vontade de o trazer para o presente – nada disso. O objetivo é apenas mostrar que para se ser bom político não basta perceber de política ou ter bons instintos. Está na hora de, pegando nos bons exemplos que Portugal já teve, criar novas formas de fazer política, criar novos standards para aquilo que é também uma nova geração e uma nova era – tal como Sampaio e Soares fizeram no seu tempo.

Não surpreende que o Almirante tenha boas intenções de voto nas sondagens: vem de fora dos partidos, é-lhe reconhecida qualidade na profissão que exerce e ataca constantemente o establishment. É uma coisa nova embrulhada numa estética antiga mas que ainda assim muda os ares.

A Esquerda e a Direita, se não inovarem nas escolhas, vão surpreender-se com o resultado das presidenciais. São precisas caras frescas com currículo, claro, e experiência, mas também com noção de que um discurso monocórdico como o de Marques Mendes não ganha votos e que os gritos incendiários semelhantes aos de Ventura captam a atenção mas a longo prazo cansam. Já ninguém quer ouvir politiquês. As pessoas cada vez mais se sentem conectadas com quem fala como elas naturalmente sobre assuntos do dia-a-dia e até, imagine-se, com algum humor de vez em quando, coisa que em Portugal parece difícil. Basta ver como a campanha de Trump apostou numa autêntica “rota dos podcasts” informais, com um público-alvo jovem e atento – funcionou. De repente, aquela figura pintada de maléfica e assustadora está a falar de forma descontraída e a sorrir, parecendo um amigo de quem o via e ouvia.

As redes sociais alteraram por completo a forma como comunicamos: a comunicação está mais autêntica, menos filtrada, mais próxima do indivíduo, mais rápida e muito, muito, menos formal. Alguns políticos já vão percebendo isso, mas a maioria ainda está nos anos 2000. Keep up, politicians!

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

A integração da saúde reprodutiva nos currículos do ensino secundário em Portugal é uma questão importante e que tem diversas implicações educacionais, sociais e de saúde pública.

Embora já seja abordada a saúde sexual e reprodutiva no âmbito da prevenção de doenças e gravidez não planeada, a fertilidade, que se traduz pela capacidade de se estabelecer uma gravidez clínica, também deveria fazer parte do currículo.

Muitos jovens desconhecem o impacto da idade na fertilidade, pelo que o aumento de consciencialização sobre os limites biológicos poderia incentivá-los a fazer escolhas informadas em relação à maternidade e paternidade. Além disso, a noção do impacto do estilo de vida e prevenção de infeções sexualmente transmissíveis na saúde reprodutiva poderia levar os mais jovens a diminuir comportamentos de risco. A abordagem destes temas teria ainda vantagens em reduzir mitos e desinformação, além de promover a igualdade do género.

Recentemente, surgiu um estudo europeu que revelou que os jovens portugueses consideram que os seus conhecimentos sobre saúde reprodutiva são limitados, embora estejam interessados em saber mais sobre a sua fertilidade. Este projeto, desenvolvido pela Fertility Europe, em colaboração com associações de vários países, integra o Fertility Awareness Project, uma iniciativa europeia que visa responder aos desafios da infertilidade e do declínio demográfico. De acordo com este estudo, é essencial educar os adolescentes, de ambos os sexos, sobre a fertilidade e fatores que a afetam, nomeadamente os relacionados com o estilo de vida: consumo de álcool e tabaco, drogas, exercício físico, obesidade ou baixo peso, e infeções sexualmente transmissíveis. Incluir este tópico no currículo das escolas poderá ser, assim, uma importante ferramenta para os jovens tomarem decisões conscientes e responsáveis e prevenir problemas de infertilidade.

Este tema torna-se ainda mais relevante no atual contexto de baixas taxas de natalidade e envelhecimento populacional. A sua abordagem poderá ser também uma importante medida para reverter este cenário e garantir uma recuperação demográfica na Europa. Contudo, para um impacto significativo, sabemos que será necessário combiná-las com medidas de apoio económico, social e laboral que tornem a decisão de ter filhos mais viável e atrativa para os jovens.

Deste modo, a integração deste tópico nos currículos do ensino secundário em Portugal poderá ser uma mais-valia para preparar os jovens para os desafios da vida adulta, promover a saúde pública e garantir direitos fundamentais. Com uma abordagem pedagógica bem estruturada e sensível, pode trazer benefícios significativos para os indivíduos e para a sociedade como um todo, não só prevenindo problemas como a infertilidade, como também reduzindo custos para os sistemas de saúde.

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

Palavras-chave:

Amor é… pontos a dobrar em Cartão Cliente!
De 7 a 14 de fevereiro, todas as compras na iServices acumulam o dobro dos pontos no Cartão Cliente iServices. Se normalmente 1€ equivale a 1 ponto, durante a Semana do Amor, 1€ = 2 pontos! Aproveite para juntar mais pontos e trocá-los por descontos para gastar com quem mais gosta.

Smart Ring – tecnologia e bem-estar num só acessório

Para quem gosta de cuidar da saúde sem abdicar do estilo, o Smart Ring da iServices é o presente ideal. Este anel inteligente monitoriza batimentos cardíacos, passos e qualidade do sono, ajudando a manter um estilo de vida equilibrado. Com um design sofisticado e uma bateria de longa duração, combina inovação e elegância.

PS5 Stand – organização e performance para gamers

Se a sua cara-metade é fã de videojogos, o PS5 Stand da iServices é um acessório essencial. Além de manter a PlayStation 5 na posição ideal, ajuda a evitar o sobreaquecimento e ainda inclui suportes para comandos e docks de carregamento. Um presente funcional que torna qualquer setup mais organizado e eficiente.

iPhone 15 Pro Recondicionado & Capas Protetoras – tecnologia de topo ao seu estilo

Quer surpreender com algo memorável? O iPhone 15 Pro da iServices combina design premium em titânio, câmaras profissionais e um desempenho de excelência, com a vantagem da sustentabilidade e do preço mais acessível. E para o proteger, nada melhor do que uma das Capas de Telemóvel Services, disponíveis em materiais como pele, cortiça e silicone líquido.

Carteiras com Proteção RFID – segurança e estilo num presente prático

As Carteiras da iServices são perfeitas para quem valoriza funcionalidade e design. Com modelos em pele, sintético e madeira, todas contam com tecnologia RFID, que bloqueia tentativas de roubo de dados por proximidade. Uma escolha sofisticada e segura para o dia a dia.

Aproveite a campanha de São Valentim da iServices para tornar este dia ainda mais especial! Acumule pontos a dobrar e troque-os por descontos para gastar com a sua cara-metade. Porque a tecnologia também pode ser uma forma de falar de amor.

Portugal destaca-se como um dos destinos mais atrativos para empresas tecnológicas, graças à combinação de custos competitivos, localização estratégica e talento qualificado. Este contexto favorável traduziu-se, em 2023, num recorde de 248 projetos de investimento direto estrangeiro (IDE), 99 dos quais no setor tecnológico, colocando o país na 6.ª posição europeia em crescimento de IDE (Fonte: EY Attractiveness Survey).

Exemplos não faltam: em 2023, a NPAW abriu um tech-hub em Lisboa; o Grupo TUI lançou o seu “Digital Hub” no Porto; e, em 2024, o Constellation Automotive Group escolheu Coimbra para o seu primeiro hub fora do Reino Unido, iniciando com 50 colaboradores e projetando 250 em três anos.

Contudo, a vinda de empresas e investimentos para Portugal enfrenta um grande desafio: os processos tradicionais de recrutamento. Para CTO, Engineering Managers e profissionais de RH, montar ou expandir equipas tecnológicas pode ser um processo moroso, caro e repleto de complicações. É aqui que entra uma solução estratégica: O Team Extension Outsourcing, conhecido em Portugal como outsourcing especializado de recursos humanos.

Porquê Team Extension Outsourcing?

Flexibilidade para Escalar

Ao contrário da contratação direta, com custos fixos elevados e pouca flexibilidade, o Team Extension permite ajustar o tamanho da equipa conforme as necessidades do projeto. Em tempos de incerteza económica, essa agilidade é essencial para proteger o fluxo de caixa, reduzir riscos para investidores e manter a competitividade.

Velocidade: Fator Crítico

Enquanto os métodos tradicionais de recrutamento podem levar semanas ou meses para preencher posições, as empresas de outsourcing oferecem acesso rápido a talento altamente qualificado. Frequentemente com uma pool de consultores prontos a integrar projetos, estes providers permitem que os seus clientes mantenham o ritmo e evitem atrasos.

Expansão Simplificada

Para empresas que procuram estabelecer hubs tecnológicos, o Team Extension elimina entraves administrativos, apoiando no registo legal, conformidade com leis laborais e fornecendo infraestruturas, equipamentos e consultores num único pacote, simplificando operações e reduzindo custos indiretos.

E Quanto a Riscos?

Embora a contratação direta ofereça uma sensação de controlo, especialmente em questões de confidencialidade, os fornecedores de serviços de Team Augmentation têm implementado medidas robustas para mitigar estes riscos. Protocolos de comunicação seguros e acordos de confidencialidade rigorosos garantem que a propriedade intelectual dos clientes está protegida.

Gestão de Talento com People Partners

Garantir a integração e o alinhamento dos consultores com o cliente é crucial para o sucesso de qualquer projeto. As empresas de outsourcing que têmequipas dedicadas de People Partners destacam-se, oferecendo acompanhamento personalizado que aumenta a retenção, motivação e desempenho dos consultores. Para resultados eficazes, é essencial que cada People Partner, devidamente especializado, esteja dimensionado ao número de consultores, idealmente gerindo no máximo 50 profissionais.

Conclusão: Competitividade à Velocidade da Inovação

Com a crescente atratividade de Portugal como hub tecnológico e os desafios inerentes aos modelos tradicionais de recrutamento, as empresas não podem ignorar as vantagens do Team Augmentation. Este modelo combina flexibilidade, rapidez e eficiência, permitindo às organizações escalar equipas, reduzir riscos e manter-se competitivas num mercado global cada vez mais exigente.

Discorre-se aqui sobre três elos que conduzem a uma questão inquietante. 
No discurso que proferiu, no último dia 6, em Fafe, sua terra natal, na apresentação da sua candidatura às Presidenciais de janeiro de 2026, Marques Mendes desferiu uma certeira indireta ao protocandidato almirante Henrique Gouveia e Melo, que por agora lidera todas as sondagens. Puxando – e bem – dos galões da sua vasta experiência política, Marques Mendes disse: “O cargo de Presidente da República é eminentemente político. O tempo que vivemos nem aceita política sem princípios, nem recomenda política sem experiência. Não é tempo de aventuras, experimentalismos ou tiros no escuro.” 
O segundo elo relaciona-se com o “retiro” de líderes da União Europeia (UE) promovido, no passado dia 3, pelo presidente do Conselho Europeu, António Costa, no Palácio d’Egmont, em Bruxelas, com a Segurança e a Defesa na agenda do debate “livre”, dadas as vicissitudes (para dizer o mínimo…) da atuais relações da Europa com a Administração Trump. Cálculos da Comissão Europeia revelam que são necessários investimentos adicionais na defesa de cerca de 500 mil milhões de euros durante a próxima década. Mas, para concretizar tais investimentos, os líderes da UE, entre a emissão de uma dívida comum e a flexibilização orçamental, não se entenderam. Presente no Palácio d’Egmont como convidado de António Costa, o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, atalhou-lhes caminho. Resumindo para encurtar razões, o antigo primeiro-ministro dos Países Baixos propôs que o investimento na Defesa se fizesse à custa do Estado Social. 

Este artigo é exclusivo para assinantes. Clique aqui para continuar a ler.

Se há escrita que reúna de forma complexa a imaginação e a realidade, ela é o romance biográfico. Não se trata da tantas vezes seca biografia histórica, repleta de dados e factos, subjugada a uma avalanche de supostas provas. Nem se trata de um romance totalmente livre da nente de quem o idealiza. É um compromisso que quer suscitar no leitor um entendimento da personalidade, uma visão global que o entenda.

Cristina Carvalho tem-nos habituado a esse exercício de nos dar textos que, mais que nos elencar dados de uma vida num correr de momentos, nos leva para dentro da vida, dos sentidos que dão miolo à carapaça visível dos factos. Cada capítulo de cada um dos já vários romances históricos de personalidades da cultura contemporânea com que nos brindou, é um ensaio sobre uma dimensão que torna essa pessoa, ao mesmo tempo, genial no seu universo de criação, e nosso igual na inevitável humanidade.

Neste seu volume, “António Gedeão. Príncipe Perfeito” (Relógio d’Água), Cristina Carvalho leva ainda mais longe a natureza ensaísta, interpretativa, do texto de sabor biográfico. Por um lado, a autora é filha de Rómulo de Carvalho, o nome de batismo daquele que ficou na poesia conhecido como António Gedeão e, por outro, todo o texto é um caminho no sentido de nos alertar para o facto desse homem genial ser hoje pouco reconhecido. Sim, Cristina Carvalho não é uma autora isenta, apresenta a sua “declaração de interesses”, e nem seria suposto sê-lo, não por ser filha de Rómulo, mas por fazer um texto de natureza crítica.

E é quase inquietante a forma como, a pouco e pouco, a escritora vai assumindo o seu lugar junto da figura apresentada. Não há um esconder. Mas há um recato, uma necessidade de ser rigoroso, apesar do rigor do que é tratado apenas lhe ser acessível porque era filha. À medida que os capítulos se sucedem, essa distância vai-se esbatendo.

Nos mais pequenos detalhes do quotidiano, Cristina Carvalho procura encontrar os traços do génio, aquilo que o suportava, com rigor e exigência, num constante ritmo de trabalho. Em certa medida, na linha do que já tem feito para outras personalidades das artes, a autora não resiste à tentação de fazer o seu quadro de interpretação do que permite ao génio a sua relação com o mundo que o rodeia.

Os momentos da vida de Rómulo de Carvalho, no correr do livro, vão-se sucedendo em direção à morte e às homenagens de que foi alvo aquando do seu 90º aniversário. Esse fim é o principal balanço do livro, num reencontro com uma obra que importa hoje recuperar. Aliás, na escrita de Cristina Carvalho há uma certa mágoa pela dificuldade que se encontra em colocar António Gedeão, mais que Rómulo de Carvalho, nos panteões das áreas em que foram mestres, a poesia, no caso do primeiro, e a investigação e divulgação científica, no segundo caso.

Quando terminamos a leitura deste volume, ficamos com uma sensação mista resultante da tensão entre dois opostos. Se nos é gratificante ficar a conhecer mais esse poeta que marcou gerações com a sua poesia, por outro, sobressai da escrita de Cristina uma constatação que nos obriga a pensar: a equação entre a obsessão pelo trabalho e o rigor geométrico da vida que, nessa regular organização de tudo, encontrava a serenidade que lhe permitia criar.

São escusos os caminhos da criatividade e da produção, como são ainda mais complexos os caminhos da construção da memória. Num tempo de micro-especialização, cruzada com a rapidez e superficialidade da criação de conteúdos, uma figura como Rómulo de Carvalho, surge, sem sombra de dúvida, como um Príncipe Renascentista, uma figura completa que nos avassala na qualidade e na quantidade, mostrando que, em muito da construção do saber, estamos a afastar-nos do essencial.

MAIS ARTIGOS DESTE AUTOR

+ Pompeu Martins, e a voragem de se ser

+ Emma Lazarus, a “velha” Era Dourada

+ A urgência da Fraternidade

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

Decorreu esta madrugada o 59º Super Bowl, a grande final da NFL, liga de futebol americano, no Caesars Superdome, em Nova Orleães. Os Philadelphia Eagles foram, pela quinta vez, os grandes vencedores da taça Vince Lombardi, derrotando os Kansas City Chiefs por 40-22. Liderados pelo quarterback Patrick Mahomes, os Kansas City Chiefs procuravam tornar-se na primeira equipa da história da competição a conquistar três vezes seguidas o campeonato da NFL.

Como já é habitual, durante o intervalo, as atenções dos 83 mil espectadores do que é considerado um dos maiores eventos desportivos do mundo, voltaram-se para o tão aguardado halftime show, este com o rapper norte-americano Kendrick Lamar como convidado. Após vencer vários Grammys na semana passada – incluindo Melhor Canção do Ano com “Not Like Us” – Lamar tomou o palco do Super Bowl para uma atuação memorável, que contou com a presença de outros artistas como a cantora de R&B SZA, o ator norte-americano Samuel L. Jackson – vestido de “Uncle Sam”, um dos símbolos nacionais dos Estados Unidos – e até a tenista Serena Williams. 

Kendrick Lamar interpretou onze dos seus grandes êxitos ao longo da sua carreira, incluindo “squabble up”, “Humble”, “luther”, “All The Stars” – em dueto com SZA – e “Not Like Us”, a famosa disstrack dirigida ao rapper Drake. À sua volta, mais 400 dançarinos – vestidos de azul, vermelho e branco – acabaram por compor uma bandeira dos Estados Unidos. A atuação de Lamar está disponível na página de Youtube da NFL.

Para saber mais: Drake vs Kendrick Lamar: O confronto lírico entre os maiores rappers da atualidade que está a apaixonar a Internet

Esta edição do Super Bowl contou também com a presença de várias celebridades e figuras bem conhecidas do público norte-americano, incluindo o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que se tornou no primeiro líder em funções do país a assistir presencialmente à partida.

Também grandes personalidades do mundo da música, cinema e desporto estiveram presentes, como o ator Bradley Cooper, o ex-Beatle Paul McCartney, Beyoncé e o marido Jay-Z, o jogador de futebol argentino Messi e a artista Taylor Swift, namorada de um dos jogadores dos Kansas City Chiefs, Travis Kelce.

A cantora e compositora norte-americana foi vaiada pelo público após aparecer num dos ecrãs gigantes do estádio Caesars Superdome, momento que se tornou viral nas redes sociais e que foi, mais tarde, comentado por Donald Trump, numa publicação na rede social Truth Social, onde escreveu: “A única pessoa que teve uma noite mais difícil do que os Kansas City Chiefs foi Taylor Swift. Ela foi vaiada para fora do estádio. O MAGA [Make America Great Again] é implacável!”. Relembre-se que a cantora mostrou publicamente o seu apoio à adversária democrata de Trump, Kamala Harris, durante as eleições norte-americanas. 

Isaac Gemal apresentou na semana passada uma ferramenta destinada a curar momentos de tédio, ao mesmo tempo que ajuda a aumentar a cultura do utilizador: no WikiTok, deslizamos na vertical ao longo de artigos da Wikipedia, como se faz para ver vídeos no TikTok. O WikiTok é igualmente viciante, mas de uma forma mais positiva, sem haver um algoritmo que manipula o conteúdo apresentado e que ajuda o utilizador a ganhar conhecimentos.

A página funciona em ambientes móveis e também em navegadores de desktop e oferece um feed de artigos puxados diretamente através da API da Wikipédia num aspeto de scroll vertical. Cada entrada de texto é acompanhada de uma imagem e, se o utilizador gostar do que está a ver, pode carregar em ‘Ler mais’ para ser direcionado para a página completa da Wikipedia sobre o tema, explica o ArsTechnica.

O criador explica que o fluxo é completamente aleatório e que está a lutar contra a tentação de começar a ajustar os conteúdos com base nos interesses do utilizador. “Tenho várias mensagens de pessoas e até temas levantados no GitHub a pedir algumas alterações loucas no algoritmo do WikiTok. Tive de fazer finca pé e dizer algo como já somos controlados por algoritmos opacos e impiedosos na nossa vida diária, porque não podemos ter um pequeno canto sem eles?”.

A ideia do WikiTok foi lançada por Tyler Angert no X, replicada depois por outros intervenientes até chamar a atenção de Gemal. Este entra na ‘discussão’ no dia seguinte e começou a pensar em construir um produto minimamente usável. Com o auxílio de ferramentas de programação com Inteligência Artificial dos modelos Claude e Cursor da Anthropic, terminou um protótipo em duas horas apenas e publicou-o no X de madrugada. A informação foi depois publicada no Hacker News, de onde acabou por merecer várias republicações.

O código do WikiTok está disponível no GitHub, onde é possível sugerir modificações ou fazer contribuições. O serviço está disponível em 14 idiomas, incluindo português do Brasil.