A história já foi contada em várias ocasiões: um homem pretende receber autorização para procurar numa lixeira pelo disco rígido do computador portátil no qual tem a chave que dá acesso a milhares de Bitcoin mineradas em 2009 e que valem uma fortuna atualmente. James Howells tenta obter esta aprovação desde 2013, altura em que referia que, por lapso, o disco rígido tinha sido deitado fora e continha a chave para cerca de 8000 Bitcoin.

Ao preço de mais de 95 mil dólares cada, atualmente a fortuna que está naquela lixeira passa os 733 milhões de dólares, cerca de 713 milhões de euros. O juiz britânico Keyser KC acabou, na semana passada, por rejeitar o apelo dizendo que Howells não tem qualquer hipótese de ter sucesso no tribunal. Howells pedia que o dono da lixeira “entregasse o disco rígido ou permitisse que a equipa de peritos escavasse o aterro para o encontrar ou, em alternativa, lhe desse uma compensação equivalente ao valor da Bitcoin a que já não pode aceder”.

As autoridades camarárias de Newport defendem que escavar no aterro como Howells pretende iria permitir que substâncias tóxicas escapassem com “sérios riscos para a saúde pública e preocupações ambientais”.

A decisão definitiva do juiz agora foi de rejeitar o pedido de Howells, defendendo que não há “realisticamente qualquer probabilidade de ter sucesso em tribunal”.  A decisão cita um artigo de 1974 que diz que “qualquer coisa entregue às autoridades por outra pessoa no decurso do uso das instalações deve pertencer à autoridade e será tratada em conformidade”. No seu caso, Howells defende que este artigo apenas refere que os objetos pertencem à autoridade, mas não clarifica que “deixem de pertencer ao seu antigo proprietário”.

Outro argumento usado pelo juiz é o do tempo: Howells sabia dos factos desta queixa em novembro de 2013, mas apenas iniciou os processos legais em maio de 2024, passando os seis anos de limitação estabelecidos na lei. Howells tem tentado, desde novembro de 2013, aceder ao local da lixeira, em Newport, País de Gales, para encontrar o disco de duas polegadas e meia onde está o ficheiro wallet.dat com a chave privada que desbloqueia o acesso a esta recheada carteira, lembra o ArsTechnica.

Howells já reagiu, lamentando que o caso não possa sequer seguir para tribunal, não lhe dando a oportunidade de se explicar ou a “oportunidade de ter justiça sob qualquer forma”. “Não se trata de ganância, não me importo de partilhar os lucros, mas ninguém numa posição de poder está a querer ter uma conversa decente comigo… Esta decisão tirou-me tudo e deixa-me sem nada. É o grande sistema de injustiça britânico a funcionar”. Em 2021, Howells tinha oferecido às autoridades um quarto do lucro total das Bitcoin que poderiam ser distribuídos pelos residentes locais.

Sobre a razão pela qual o disco foi parar ao aterro, Howells já explicou que se tratou de um lapso, pois tinha dois discos iguais, um sem nada e outro com a chave das Bitcoin, e que pretendia deitar fora o primeiro. O aterro contém atualmente 350 mil toneladas de lixo e recebe 50 mil toneladas todos os anos. O queixoso acredita que consegue restringir a busca para uma área com aproximadamente dois mil metros quadrados e um volume entre 10 e 15 mil toneladas de lixo e que o disco, mesmo estando soterrado, ainda pode ser recuperado, pois tem uma camada de cobalto anti-corrosivo a revesti-lo.

A Nvidia apresentou na CES 2025 a mais recente versão da tecnologia DLSS 4 e anunciou que esta vai poder ser usada em todas as unidades de processamento gráfico RTX, embora os modelos mais antigos não consigam ter todas as funcionalidades.

A grande novidade do DLSS 4 é a Multi Frame Generation que gera até três fotogramas adicionais por cada um que seja renderizado, podendo multiplicar as taxas de fotogramas por segundo até oito vezes mais. Ao usar a GeForce RTX 5090, os utilizadores vão poder tirar partido de jogos com imagens 4K 240 FPS e suporte para ray-tracing, graças à Multi Frame Generation.

A DLSS 4 representa a maior atualização nos modelos de IA desde o DLSS 2, explicou a Nvidia em palco. Estes modelos vão alimentar os sistemas DLSS Ray Reconstruction, DLSS Super Resolution e DLAA, numa arquitetura moderna semelhante ao que é usada no ChatGPT e no Gemini. Com estas melhorias, a Nvidia consegue oferecer mais estabilidade temporal, menos efeitos de ghosting e maior detalhe nos objetos em movimento.

No que toca a jogos, a Nvidia conta que 75 títulos vão suportar a DLSS 4 desde o primeiro dia, com jogos como Alan Wake e Cyberpunk 2077, entre outros, a serem atualizados quando as RTX 50 chegarem ao mercado para poderem tirar partido das novidades.

As GeForce RTX 40 não vão poder receber a Multi Frame Generation, mas vão receber geração melhorada de frames, reconstrução de raios de luz melhorada, super resolução  e capacidades anti-aliasing profundas, enquanto as RTX 30 e RTX 20 vão receber apenas as últimas três funcionalidades.

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“Liberdade” foi a Palavra do Ano 2024 em Portugal, graças ao 50° aniversário do 25 de abril. Ironicamente, também é o slogan dos profetas da nova ordem mundial reinante.

Na semana passada, o Washington Post impediu a publicação de um cartoon onde quatro bilionários se curvavam perante Trump, segurando sacos de dinheiro. Um dos homens retratados é Jeff Bezos, dono da Amazon – e do próprio Washington Post. A cartoonista, Ann Telnaes, demitiu-se. Eis a segunda vez em que há indícios de interferência no jornal, depois de o seu CEO ter impedido a publicação do editorial que apoiava Kamala Harris na corrida à Casa Branca. Coreia do Norte style. Espantosamente, nenhum dos habituais e liberalíssimos paladinos bradou “censura!”.

Já Trump – que abertamente promete punir opositores e silenciar vozes incómodas – é, também, aclamado como fervoroso arqueiro da liberdade. Um ditador da liberdade, conceito inovador. Conheço por cá quem vibre de tal modo com o seu puríssimo exercício da liberdade, que aplaude até quando Trump atira que vai esmagar a Europa. Fanatismo que deriva em masoquismo. Debaixo de cada cubo de calcário da nossa calçada vive um guardião da liberdade trumpiana para atacar, perseguir, proibir, ameaçar, corromper e deportar à vontadinha nos próximos quatro anos. Deixem o pobre homem trabalhar.

Em nome do mesmo amor inabalável à liberdade, Zuckerberg – também representado a bajular Trump no cartoon – anunciou o fim do programa de verificação de factos no Facebook. Nesse caso, a inestimável liberdade é a de permitir que qualquer fluxo obscuro de dinheiro interfira em eleições, patrocine massacres, promova fake news e dissemine o ódio, a violência, o crime, o fascismo, em suma: toda a panóplia de fenómenos que, evidentemente, associamos à liberdade.

Musk – que garantiu a eleição de Trump em troca do free pass para moldar a lei americana à medida dos seus interesses – também preza imenso a nossa liberdade. E, como quem ama a nossa liberdade, interfere na política externa a favor da extrema-direita. O apoio declarado ao partido alemão AfD, por exemplo, onde literalmente se faz apologia ao nazismo, é só mais um grande gesto em nome da primordial liberdade. Venha daí a sacrossanta liberdade.

Rodeado da sua cúpula de oligarcas – de fazer inveja a Putin -, Trump concentra um poder inédito na História. Ironias à parte, começa a ser constrangedor ver tanta crendice nos novos profetas da “liberdade”. É a prova de que a vertigem popular para as ditaduras continua de boa saúde.

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Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

Os sistemas hierarquizados são estruturas em que os seus membros estão organizados de acordo com níveis de autoridade e responsabilidade. Nos sistemas hierárquicos, a comunicação e as decisões geralmente fluem de cima para baixo, com pessoas em posições de liderança (geralmente no topo da hierarquia) exercendo controlo sobre as ações e responsabilidades dos níveis inferiores.

O sistema militar é um exemplo clássico da estrutura hierárquica constituída por classes, designadamente a classe de oficiais, a classe de sargentos e classe de praças.

Também no setor empresarial existe uma hierarquia com cargos como CEO (topo), diretores, gestores e colaboradores.

Como também existe hierarquia no poder executivo (governo), entre os ministérios, as secretarias de Estado, as direções gerais e outros servidores.

Os sistemas hierarquizados têm vantagens e desvantagens, mas poder-se-á dizer que são estruturas de gestão que organizam pessoas e funções em níveis distintos, promovendo controlo, disciplina e clareza, mas em contrapartida também podem gerar rigidez e limitações na comunicação e inovação.

No caso do Ministério Público, a sua caracterização hierarquizada está constitucionalmente consagrada no art.º 219.º, n.º 4, da Constituição da República Portuguesa, quando alude que “os agentes do Ministério Público são magistrados responsáveis, hierarquicamente subordinados (…)”.

Seguindo de perto a declaração de voto do Plenário do Conselho Superior do Ministério Público (CSMP) de 29.10.2019, proferida pelo, à data, vogal do CSMP, Carlos Teixeira, sempre se dirá que o sistema hierárquico no Ministério Público se pode subdividir em hierarquia funcional e hierarquia processual.

A hierarquia funcional encontra-se prevista no atual Estatuto do Ministério Público, no art.º 97.º, n.º 3, que proclama que a hierarquia é de natureza funcional e consiste na subordinação dos magistrados aos seus superiores hierárquicos, nos termos definidos no presente Estatuto, e na consequente obrigação de acatamento por aqueles das diretivas, ordens e instruções recebidas.

Por outro lado, a hierarquia processual encontra a sua consagração no n.º 4 do mesmo artigo, que institui que a intervenção hierárquica em processos de natureza criminal é regulada pela lei processual penal. Ou seja, nenhuma outra intervenção hierárquica num concreto processo de inquérito, para além das que estão previstas no Código de Processo Penal, é legalmente admissível.

A hierarquia dos magistrados do Ministério Público caracteriza-se pela subordinação dos magistrados aos de grau superior, com o consequente acatamento das diretivas, ordens e instruções que receberem, podendo os magistrados do Ministério Público exigir que tais ordens ou instruções sejam dadas por escrito, devendo sê-lo sempre que se destinem a produzir efeitos num determinado processo.

As ordens ilegais devem ser recusadas e podem sê-lo também as ordens que violem gravemente a consciência jurídica do magistrado, no que o magistrado exerce a sua autonomia.

É exatamente na consciência jurídica que reside a essência da autonomia dos Magistrados do Ministério Público e que é apregoada pelas melhores Cátedras das universidades portuguesas, mas que, quando em vestes políticas, contestam que os Magistrados dela (consciência jurídica) possam lançar mão.

A hierarquia do Ministério Público não é, por isso, uma hierarquia de carácter militar ou administrativa. E muito menos o é quando se trata de a exercer no processo penal, onde o Ministério Público atua como Autoridade Judiciária, ou seja, Órgão da Administração da Justiça e não como Órgão da Administração. A ação da Administração da Justiça deve orientar-se por critérios de legalidade e de objetividade, tendo os despachos proferidos em tais processos carácter jurisdicional ou parajurisdicional, em que as intervenções da hierarquia ocorrem apenas num único grau (à exceção da decisão do incidente de aceleração processual que compete ao Procurador-Geral da República) e apenas nas situações previstas na lei processual penal.

A intervenção da hierarquia que ocorrer fora do processo, alicerçada no estabelecido no Estatuto do Ministério Público, encontra-se limitada à emissão de diretivas, ordens ou instruções.

Tais instrumentos hierárquicos, que os magistrados do Ministério Público têm o dever de acatar, não se destinam a produzir efeitos em processos determinados, mas apenas a estabelecer formas de atuação e procedimentos gerais que possam eventualmente ter incidência em determinado tipo de processos, mas não em cada processo em particular, ou a regular aspetos específicos dos serviços.

Temos de partir do pressuposto de que os Magistrados do Ministério Público são magistrados que tiveram uma adequada formação que os capacitou para dirigirem o inquérito em obediência à lei e dentro de uma estratégia orientada para a descoberta da verdade material, segundo critérios de legalidade e de objetividade, a que devem obediência como magistrados do Ministério Público que são, com estatuto de autonomia.

Os problemas da justiça em Portugal não são fruto da inexistência, limitação ou falência da hierarquia do Ministério Público, como alguns o querem fazer transparecer no espaço mediático. Essa hierarquia existe, encontra-se plenamente contemplada e regulada no Estatuto do Ministério Público e na lei processual penal. Os problemas da justiça em Portugal estão sobejamente diagnosticados, agora só falta a prescrição, o tratamento e a cura.

Aproveito ainda a data para desejar a todos os operadores do sistema de justiça um bom ano judicial

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

Mark Gurman, jornalista especializado em acompanhar a tecnológica Apple, revela que a empresa da ‘maçã’ deverá lançar um iPhone 17, com a designação Air, ainda este ano. Na newsletter que assina na Bloomberg, Gurman explica que o novo telefone vai ser “uma base de testes para tecnologias futuras”, incluindo a que pode dar origem aos primeiros dispositivos de ecrã dobrável da Apple.

O iPhone 17 Air deve ser “dois milímetros mais fino” do que os iPhone atuais, com outros rumores a apontarem para uma espessura entre os 5,5 e os 6,25 mm. O modelo deve ser usado ainda para testar o modem celular Sinope desenvolvido pela Apple e deverá ser estreado no iPhone 16E que poderá chegar ao mercado nesta primavera.

No passado, outras fontes e rumores indiciaram que o novo iPhone 17 Air vai ter um ecrã de 6,6 polegadas ProMotion OLED, com taxa de atualização de 120 Hz e uma única lente de câmara traseira de 48 MP e uma câmara de selfie de 24 MP. No interior, devemos encontrar ainda o chip A19 e 8 GB de RAM.

Nenhuma destas informações foi confirmada oficialmente pela Apple.

Palavras-chave:

Nascido em Milão, em 1942, Oliviero Toscani destacou-se no mundo da fotografia pelas campanhas publicitárias que realizou para a marca de roupa Benetton, a partir de 1983. As campanhas, com um alcance à escala mundial, foram consideradas revolucionárias e polémicas ao, por exemplo, mostrarem uma mulher negra a amamentar uma criança branca, um homem a morrer de SIDA ou reclusos no corredor da morte nos EUA. “Uma fotografia torna-se arte quando provoca uma reação, seja ela de interesse, curiosidade ou atenção”, defendeu Toscani. Diversas das suas campanhas foram proibidas na Itália e França.

Em agosto de 2024 o fotógrafo tinha revelado sofrer da doença incurável amiloidose, uma patologia rara que se caracteriza pela criação de depósitos de proteínas insolúveis nos tecidos. A família anunciou esta segunda-feira a sua morte, aos 82 anos de idade. “É com imensa tristeza que anunciamos que hoje, 13 de janeiro de 2025, o nosso querido Olivero iniciou a próxima viagem”, pode ler-se numa publicação nas redes sociais.

A KGM não é, realmente, um novo fabricante, mas sim uma reencarnação da SsangYong, agora parte do KG Group – um grande grupo económico sul-coreano. Esta nova identidade surge não apenas como uma mudança de nome, mas como um reposicionamento tecnológico da marca. O Torres EVX é o porta-estandarte desta nova fase: um SUV 100% elétrico, com aspeto robusto e recheado de funcionalidades. Mas, acima de tudo, um familiar espaçoso com uma proposta de valor interessante: um preço abaixo dos 40 mil euros, o que o torna, o SUV familiar de grande autonomia mais acessível do mercado.

E duram… e duram

O KGM Torres EVX assenta numa configuração elétrica simples, mas funcional, com um foco na fiabilidade: uma bateria LFP (fosfato de ferro-lítio), de 72 kWh úteis de capacidade, fornecida pela BYD, um gigante na produção de baterias, alimenta um motor elétrico dianteiro que debita 207 cavalos. Esta escolha tecnológica da bateria LFP, conhecida pela sua segurança e durabilidade, reflete-se na espantosa garantia de um milhão de quilómetros para este componente. É verdade que esta garantia está condicionada a um plano de manutenção, mas é importante para transmitir confiança, sobretudo para uma marca que está a chegar ao mercado.

A autonomia declarada é de 462 km WLTP, mas os valores reais são muito variáveis. Talvez um pouco mais do que habitual. Usando o nosso habitual percurso de teste, acabámos com uma média de 17 kWh/100 km e apontamos para uma autonomia real entre 300 km (em autoestrada) a 550 km em cidade. Em circuito misto, apostamos num valor em redor dos 400 km. Neste aspeto, o Torres EVX não lidera o mercado, mas também não fica muito atrás dos rivais, como o Renault Scenic E-Tech ou o Skoda Enyaq. O carregamento cumpre os mínimos exigíveis: até 11 kW AC (corrente alternada) e 120 kW DC em carregadores rápidos (85 kW de média entre 10 a 80%). A curva de carregamento tem semelhanças com o que já vimos em outros carros com baterias LFP, nomeadamente da BYD, apresentado uma evolução em degraus: valor próximo dos 120 kW entre 10% a quase 50% e depois quedas até aos 50 kW por volta dos 80%.

O espaço interior é amplo e o design minimalista resulta bem… Exceção para o volante, que parece ter vindo de outra era

Habitáculo digital

O interior do Torres EVX representa um salto qualitativo face ao legado da SsangYong, com um design mais moderno e minimalista. O destaque é, inevitavelmente, o painel digital composto por dois ecrãs largos, unidos numa peça única, que dominam o tablier. Um é dedicado ao painel de instrumentos e o outro ao infoentretimento, numa configuração que remete para o estilo já visto nas marcas sul-coreanas Kia e Hyundai.

E aqui começam as arestas por limar. O sistema de infoentretimento até tem bom aspeto, amas a interface é pouco intuitiva, a resposta ao toque é lenta e obriga a toques repetidos, o que pode gerar frustração. Para piorar, todas as funções do ar condicionado estão integradas no sistema. Sentimos, muito, a falta de botões físicos.

O Torres EVX ganha muitos pontos no espaço a bordo. Uma consequência do design simples, tipo caixa. Os bancos traseiros são verdadeiramente amplos, oferecendo conforto até aos ocupantes mais altos. O porta-bagagens, com uns impressionantes 703 litros, é um dos maiores da sua classe.

A funcionalidade não está em causa; apenas o design exterior, com a traseira exageradamente volumosa, pode dividir opiniões. Aquela simulação de ‘pneu’ suplente era perfeitamente evitável. E o mesmo se pode dizer relativamente aos suportes, em plástico, montados sobre o capot.

A tecnologia V2L permite alimentar aparelhos elétricos externos

De A para B

Na estrada, o Torres EVX assume-se como um SUV familiar focado no conforto e na funcionalidade, mas sem grandes pretensões dinâmicas. Não é um carro que impressiona pela componente dinâmica, mas a verdade é que é muito funcional para quem procura um familiar espaçoso e confortável. A suspensão lida bem com as irregularidades, mesmo com as jantes de 20 polegadas presentes na versão com melhor equipamento, a K5, absorvendo lombas e buracos com eficácia. Por outro lado, o comportamento em curva denuncia um SUV algo pesado, com inclinação notória e uma direção demasiado leve e vaga. Ainda assim, a performance é respeitável, com uma aceleração dos 0-100 km/h em 8,3 segundos, embora longe de entusiasmar os mais exigentes.

Outro ponto crítico são os pneus. A unidade testada vinha equipada com Nexen Rodian, que, mesmo em condições secas, apresentaram níveis de aderência dececionantes. Sob aceleração moderada, é fácil ouvir as rodas dianteiras a patinar, uma situação que se agrava com piso molhado. Um conjunto de pneus mais competentes poderá fazer a diferença.

Por fim, os sistemas de assistência à condução são funcionais, mas demasiado intrusivos. O excesso de alertas sonoros e visuais – muitas vezes por motivos triviais – torna-se rapidamente irritante, prejudicando a experiência geral. Sabemos, bem, que muito desta sinalética é obrigatória, mas há formas de os tornar menos irritantes.

Veredicto

O sistema de infoentretimento e a dinâmica são, claramente, os aspetos mais fracos deste carro. A que, em Portugal, se junta o nome: “Tenho um Torres”… é esquisito.

Mas este SUV simboliza um esforço louvável da KGM em modernizar-se e entrar no mercado elétrico com um produto competitivo, especialmente no que toca ao preço. A proposta de valor reside na combinação de muito espaço interior, uma lista extensa de equipamento de série, um design robusto e, crucialmente, um preço abaixo dos 40 mil euros, tornando-o uma opção muito acessível no segmento dos SUV familiares elétricos com grande autonomia. Consideramos que a versão de base já tem tudo o que realmente importa. A inclusão da bateria LFP da BYD e a consequente garantia de um milhão de quilómetros reforçam esta proposta.

Tome Nota
KGM Torres EVX – Desde €38.499

kgm.pt

Autonomia Bom
Infoentretenimento Satisfatório
Comunicações Bom
Apoio à condução Satisfatório

Características Potência e binário: 152 kW (207 cv) e339 Nm ○ Acel. 0-100 km/h 8,3 seg. ○ Vel. Máxima 175 km/h ○ Bateria 77 kWh úteis, autonomia 462 km (WLTP)  ○ Carregamento AC até 11 kW (V2L), DC até 125 kW

Desempenho: 3
Características: 4
Qualidade/preço: 4,5

Global: 3,8

Gostava que a minha mãe tivesse vindo comigo descer aquela avenida (não a da Liberdade, que percorremos todos os anos a 25 de Abril), em vez de, à mesa do almoço de sábado, me ter recomendado, antes de sair para a manifestação, como se tivesse 15 anos: “Tem cuidado, que pode haver confusão.” 

Algo vai mal para ouvir este alerta, pensei antes de encolher os ombros, como se ainda fosse a adolescente insolente de outrora, e ir ter com os meus amigos. 

Os meus amigos são aqueles milhares que percorreram comigo a avenida, em protesto contra ações gratuitas carregadas de racismo e de tratamento desigual para a população imigrante. 

Os meus amigos não são só aqueles que encontrei e abracei, como se estivéssemos todos unidos numa enorme celebração, por entre muitos cravos (segurados nas mãos, pendurados nas orelhas ou na gola dos casacos). 

Gostava que a minha mãe tivesse visto, não apenas no ecrã do telemóvel, depois de lhe ter enviado uma fotografia, o “grito” mais bonito de todos, pendurado numa varanda do primeiro andar de um dos prédios da Almirante Reis, a lembrar um dos versos da cantiga de Zeca Afonso que serviu de senha à Revolução: “Em cada esquina um amigo”. 

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A nutricionista Ana Carvalhas já organizou sete turmas de um programa online de 21 dias que faz com que toda a gente – 100% de sucesso – perca peso. Mas, segundo a especialista de Coimbra, 58 anos, esse é apenas o efeito mais visível, porque depois de se adotar essa forma de comer – e de respirar – a vida muda. Para melhor, claro. A teoria pode ser aprendida no livro Reset Hormonal (Gradiva, 279 págs., €16,50) e ficar com umas luzes na entrevista que se segue.

Ao ouvir os testemunhos de quem fez o reset hormonal, parece que descobriu o segredo para emagrecer. É mesmo assim?

O método é inovador, de facto. O reset hormonal baseia-se na reprogramação das hormonas que estão implicadas na perda de peso, a insulina e o cortisol. Esta teoria, do modelo hormonal do tratamento da obesidade, foi publicada em 2013, mas não tem sido muito implementada, não sei porquê. Desde essa altura, comecei a utilizá-lo nas minhas consultas, depois de ler o que o físico norte-americano Gary Taubes publicou sobre o assunto.

Porque largou o antigo, que se baseava no balanço energético?

Nas minhas consultas, havia pessoas que perdiam peso com esse modelo anterior, que aprendi na faculdade, em que se está permanentemente a tentar alcançar o balanço energético negativo para conseguirmos emagrecer – temos de consumir menos calorias do que aquelas que gastamos nas nossas atividades físicas. Mas as pessoas chegavam a uma determinada altura, depois de alterarem a quantidade do que comiam, e já não conseguiam perder mais peso. Para mim, isso era muito intrigante.

Porque é que acontecia, afinal?

Depois de analisar o método de balanço energético, cheguei à conclusão de que as calorias não são todas iguais e não podemos reduzir os alimentos apenas a essa medida. Para se ter uma ideia, um grama de gordura equivale a nove calorias, enquanto que um grama de açúcar são apenas quatro. Isto dá jeito à indústria alimentar, porque permite fazer rótulos muito aliciantes, anunciando produtos baixos em gordura, e continuar a alimentar o vício dos doces.

O nutri-score também joga com essa contagem de calorias, não é?

O nutri-score é a coisa mais enganadora que está atualmente no mercado, porque diaboliza as gorduras. Do meu ponto de vista, as gorduras não são o vilão, nem são todas iguais. Fazem-nos falta, primeiro porque são boas fornecedoras de vitaminas lipossolúveis, depois porque nos ajudam a ficar saciados. As pessoas estão a comer tudo magro e estão cada vez mais gordas –  há aqui algo que está mal contado.

Qual é o fator distintivo do seu programa?

O foco está mais na questão do açúcar, fazendo tudo para evitar os picos da glicose e de insulina. De cada vez que comemos uma refeição rica em alimentos que se transformam em glicose, como pão, arroz, massa ou batata, produzimos muita insulina, e enquanto ela andar alta no nosso sangue não conseguimos emagrecer. Por isso, as pessoas desanimam, pois fazem sacrifícios e não veem grandes resultados. Em 2016, escrevi um livro, Dieta para Sedentários, que já se baseava neste modelo hormonal da obesidade.

Qual a diferença desse livro para o que editou agora?

Tem o mesmo modelo hormonal do tratamento do excesso de peso e da obesidade, mas a partir de tal programa online de emagrecimento. E também acrescentei mais receitas – dou mais de 80 hipóteses de refeições saudáveis, que faço cá em casa, com base no reset hormonal.

Sempre que comemos uma refeição rica em alimentos que se transformam em glicose, como pão, arroz, massa ou batata, produzimos muita insulina, e enquanto ela andar alta no sangue não conseguimos emagrecer

A ideia de se ter de comer de três em três horas está desatualizada?

Defendo que devíamos fazer apenas três refeições por dia: pequeno-almoço, almoço e jantar. O nosso corpo é formado por milhões de células. Mas imaginemo-lo como sendo apenas uma que só depende de nós para receber os melhores nutrientes. Se estivermos sempre a consumir alimentos ultraprocessados, cheios de nutrientes desinteressantes ou a comer de três em três horas, estaremos a causar um stresse metabólico à célula. Primeiro, porque ela não está a receber os nutrientes certos. Segundo, porque estamos constantemente a forçá-la a metabolizar alimentos.

A que se refere, quando fala em refeição completa?

Nas três principais refeições deveremos ter alimentos com proteínas, gorduras naturalmente presentes nos alimentos e hidratos de carbono de qualidade, aqueles que têm mais fibras.

Os integrais?

Devemos preferir os mais integrais, por terem muito mais fibras e não serem só amido, que é o que acontece com o pão branco, o arroz e a batata. Devemos trocá-los por legumes como cenoura, curgete, brócolos, couve-flor… Estes alimentos também têm algum amido, mas com muito mais fibras e outros nutrientes que são fitoquímicos naturalmente presentes nos alimentos de origem vegetal.

A alimentação saudável deve ser então de base vegetal?

Sim, a que depois acrescentamos proteína. Também tenho recomendado às pessoas para tentarem jantar mais cedo. O que mais ouvi ao longo destes anos, como nutricionista, é que o final do dia se torna na hora pior, quando começa aquele “comer sem controlo” até ao jantar. Comer mais cedo, quando chegamos a casa, nesta chamada hora do lobo, significa escolher os alimentos certos.

Quais são os alimentos certos?

Um bom prato de sopa de legumes. E depois comer então a proteína – peixe, carne, ovos ou tofu. No meu livro, apresento muitas formas de cozinhar legumes para fazer o acompanhamento da proteína.

O seu programa é de 21 dias, mas afinal é para sempre…

O objetivo do programa é adotar o método. Não se trata de uma dieta, mas de uma nova abordagem a um modo de alimentar, qualquer que seja a circunstância. Apesar de muitas pessoas comerem fora, conseguem fazer boas opções porque estão a perceber aquilo que está a acontecer. Por oposição, quando falamos em calorias, é um assunto muito vago. Perder peso é só um dos benefícios. Até antes de acabarem as três semanas, as pessoas percebem que o corpo começa a dar sinais de que está a funcionar melhor: sentem mais energia, têm menos fome e menos compulsão alimentar. Tudo resultado de baixarmos os picos da glicose e da produção de insulina.

Quais são as manifestações mais evidentes desse bem-estar?

Depois de se entrar neste programa, começa-se a sentir menos inchaço, a sentir mais energia – é um dos efeitos que as pessoas mais falam. Quanto mais insulina produzimos, mais exaustos nos sentimos. E o sono também melhora.

Como se melhora o sono?

Além da insulina, também entra aqui a questão do cortisol, a hormona do stresse. Quando baixamos as curvas destas hormonas, o corpo fica mais tranquilo, assim como o sistema nervoso, e conseguimos ter um sono de melhor qualidade.

Também pensou num reset flash para quando as pessoas fazem muitas asneiras. Admite que não se consiga cumprir sempre com o programa?

Existem fins de semana gastronómicos, férias, Natal… Nunca disse a ninguém para fazer doces sem açúcar, por exemplo. Nessas épocas de festa, temos de comer as receitas tradicionais e estarmos em família. Mas, se aparecerem mais do que três quilos, há que parar, fazer novo reset, para regressar à linha. A perda de peso é importante, mas a manutenção ainda é mais.

Então, o que devemos fazer a seguir a esses dias de festa?

Podemos fazer um reset de três dias, reprogramando novamente o nosso organismo, através do jejum intermitente, ingerindo alimentos líquidos sem açúcar ou corantes. Porque o objetivo aqui é tentar zerar, permitir às nossas células a desintoxicação, limpeza e eliminação dos metabólitos tóxicos. 

Em que consiste a comunidade que criou?

Quem faz o programa, não o quer largar. Uma pessoa entra no novo eu, sente-se bem, mas de repente começa a ser boicotada pelo ambiente – temos de estar sempre a lutar contra isto. Nesse sentido, as minhas redes sociais são o continuar do meu trabalho, pois o consultório sempre me pareceu pouco.

Organiza encontros com essa comunidade?

Até agora, fiz sete turmas e elas nunca se desfizeram. Tenho um grupo de WhatsApp para cada uma e uma comunidade que as junta todas. Marco um zoom de vez em quando, ao domingo – a partir de 2025 vou fazer com mais frequência. Essas reuniões terminam sempre com os exercícios respiratórios.

O exercício físico também faz parte do reset?

Embora se passe constantemente essa mensagem, de que temos de fazer muito exercício e quem não o faz é preguiçoso, o essencial para emagrecer é a alimentação. Colam-se uma série de rótulos…

O principal deles é depositar a culpa em quem é obeso?

De uma vez por todas, temos de parar de dizer que as pessoas são obesas porque são glutonas ou preguiçosas. É contraproducente: elas vão sentir-se cada vez mais frustradas e acabar a compensar com alimentos. A fome emocional é uma fome que não é fisiológica. Trata-se de uma compensação de emoções negativas.

Os estudos só apontam vantagens ao exercício físico…

É verdade. Temos de ir contrariando um bocadinho os efeitos do envelhecimento e um deles é a perda da função. Quando percebemos que temos dificuldade em apertar uns sapatos ou em nos baixarmos para apanhar qualquer coisa no chão, significa que estamos a perder função. E então temos de contrariar isso, fazendo exercício físico, especialmente os funcionais, para manter a força muscular. Há que preparar a velhice enquanto ainda somos novos – quando estamos saudáveis, somos mais felizes. É esse o lema do meu programa, porque a felicidade vem de dentro para fora.

Aconselha a que comamos alimentos reais. Penso que por oposição aos ultraprocessados, que agora estão a ser comparados com o tabaco. Acha um exagero?

De modo nenhum. Eles são produzidos pela indústria alimentar com uma série de compostos químicos que não olham à saúde dos consumidores. Tudo para que sejam agradáveis, tenham as características que favoreçam a indústria e não os consumidores. As pessoas têm pouco tempo para as suas refeições e acabam por recorrer a ultraprocessados com demasiada frequência. E isso é muito prejudicial à saúde, não só pela questão da obesidade ou do excesso de peso, mas pelo cancro e uma série de doenças que estão a aumentar nas nossas sociedades. A maioria das pessoas não repara nos rótulos, mas quando numa lista constam nomes de ingredientes que não temos na despensa significa que são ultraprocessados e, portanto, não são para consumir.

Os iogurtes são um dos piores engodos da indústria?

Ninguém vai emagrecer a consumir iogurtes magros, porque estarão cheios de açúcar ou edulcorantes. Os edulcorantes, de facto, não fazem uma subida da glicose e por isso os diabéticos podem consumi-los, porque quando picam o dedo não há impacto na glicemia. Só que, independentemente de um alimento ser adoçado com açúcar ou com adoçante, os nossos sensores na língua enviam a mensagem ao cérebro que imediatamente o identifica como um alimento doce e, por sua vez, emite mensagem ao pâncreas para começar a produzir a insulina, que interfere com a hormona do apetite e aumenta a fome.

Os refrigerantes já estão identificados como uma bebida a evitar e são até mais taxados. Essa taxa deveria alargar-se a outro tipo de alimentos?

Isso é muito difícil de avaliar. Claro que concordo com a taxa dos refrigerantes, porque quanto a esses não há dúvidas, nem sequer é um alimento. Em relação aos outros casos, pode tornar-se muito complexo de se aplicar. O que deveriam era baixar a taxa dos alimentos saudáveis, nomeadamente das frutas, dos legumes e até dos laticínios naturais.

A fruta não é para comer sem medida, pois não?

O limite são três peças por dia, por causa da frutose, um açúcar natural, metabolizado no fígado. Por exemplo, quando se consomem sumos de laranja natural, a achar-se que é um ato saudável, estamos a beber um copo que tem à volta de três ou quatro laranjas espremidas, com as fibras todas destruídas. Portanto, estamos a consumir, rapidamente, um produto que tem uma dose muito elevada de açúcar. 

Jejuar é para todos?

Só excluímos quem está com circunstâncias fisiológicas especiais, como grávidas, que devem ser vigiadas, idosos, crianças e jovens. As pessoas adultas que estejam doentes, podem fazer jejum, quando acompanhados por um nutricionista. De resto, não há problema nenhum em experimentar. E 12 horas já toda a gente pratica. 

Quais são os efeitos do jejum no nosso corpo?

Existe muita desinformação acerca deste assunto, mas os efeitos são variadíssimos, além da perda de peso: diminui os níveis de insulina e melhora a sua sensibilidade, o que é importante para prevenir a diabetes tipo 2, reduz a inflamação associada a várias doenças crónicas, melhora os níveis de colesterol, triglicerídeos e tensão arterial, previne doenças neurodegenerativas, promove a desintoxicação das células e a reciclagem celular num processo de autofagia, ativa a longevidade associada a restrição calórica, aumenta os níveis da hormona de crescimento que ajuda a preservar a massa magra, torna-nos mentalmente mais ativos e mais fortes.

Como se controla o cortisol, a hormona do stresse?

Com exercício físico diário e com os exercícios respiratórios, também diários. Através da respiração, a parte emocional fica mais silenciada e a parte racional ativa-se. A Ciência diz-nos que quando fazemos respirações mais profundas, acionamos o córtex pré-frontal do cérebro, a parte da razão, da tomada de decisões.

Onde aprendeu a respirar?

Tenho lido muito sobre essas questões, mas há duas pessoas fundamentais. Uma, era o meu pai, que foi anestesista e fez a tese de doutoramento sobre as mecânicas respiratórias. Fui lê-la agora e aprendi ali algumas coisas. O livro onde também aprendi muito sobre a ciência do respirar é de um médico italiano, Mike Maric. Ele faz mergulho em apneia e estudou muito essa questão do poder da respiração consciente. Trata-se de um método poderoso que está ao alcance de qualquer um, a custo zero. Também não interessará muito à indústria farmacêutica, porque consegue um efeito calmante e relaxante sem tomarmos nada.

O que pratica é respiração ou também meditação?

São exercícios respiratórios que se fazem em 11 minutos. A hora certa para os fazer depende de cada um.

O que acontece nesses 11 minutos?

O método Wim Hof, que é o que pratico, prevê três rondas, cada uma com 30 inspirações abdominais. Inspira-se pelo nariz, tentando que o ar chegue à base dos pulmões, com a barriga para fora. Depois, expira-se pela boca, devagarinho. Inspira-se outra vez e depois deita-se fora. Na trigésima vez, para-se de respirar de 30 segundos a dois minutos. Nesse momento, estamos a permitir as trocas gasosas, deixando que o oxigénio passe com mais eficácia para o sangue. Isso provoca uma descontração na musculatura do pescoço, onde sentimos mais tensão quando estamos em stresse, e saímos dos exercícios completamente relaxados.

1. Ainda Estou Aqui

O regresso em grande de Walter Salles, realizador conhecido por filmes como Central Brasil, Terra Estrangeira e Diários de Motocicleta. Em Ainda Estou Aqui, Salles mergulha nos fantasmas da ditadura militar brasileira para contar a história de uma mulher cujo marido desaparece subitamente, deixando-a sozinha com os seus cinco filhos. Baseado no livro homónimo de Marcelo Rubens Paiva, conta com Fernanda Torres (Globo de Ouro de Melhor Atriz num Filme Dramático) e Fernanda Montenegro nos principais papéis e é um dos favoritos à nomeação para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Estreia 16 jan

2. O Brutalista

Nomeado para sete Globos de Ouro (ganhou nas categorias de Melhor Filme Dramático, Melhor Realização e Melhor Ator num Filme Dramático), e vencedor do Leão de Prata do Festival de Veneza, O Brutalista, de Brady Corbet, ganha terreno como um dos grandes candidatos aos Oscars. Numa altura em que os EUA se preparam para oficializar uma política xenófoba a uma escala nunca dantes vista, Corbet traz-nos uma história de imigração pós-guerra. Ao longo de mais de três horas, o filme acompanha László Tóth, um arquiteto húngaro de origem judaica, que decide mudar-se para a América, juntamente com a sua família, em busca de uma vida melhor. No principal papel está Adrien Brody (Globo de Ouro de Melhor Ator num Filme Dramático), que será o mais sério candidato ao Oscar de Melhor Ator.​ Estreia 23 jan

3. Banzo

Numa altura em que se discute a reparação histórica e a necessidade de uma visão abrangente da História colonial, Margarida Cardoso faz um filme sobre a escravatura portuguesa, já depois da abolição oficial, nas roças de São Tomé e Príncipe. Um filme duro e cativante, importante mergulho na História de Portugal do século XX, que cumpre a missão de não deixar apagar a memória. Um filme de época, com Carloto Cotta no papel de um médico que se depara com a realidade de São Tomé e não encontra solução para curar a melancolia de um grupo de escravos moçambicanos. Uma obra tão rara como necessária no cinema português, Banzo não deixará ninguém indiferente. Estreia 23 jan

4. Um Completo Desconhecido

Talvez não seja a escolha mais óbvia, mas é também por isso que a expectativa é grande. Timothée Chalamet, um dos meninos bonitos de Hollywood, encarna a personagem de Bob Dylan neste biopic centrado na ascensão da carreira de um dos maiores mitos da música norte-americana. No filme de James Mangold somos levados pelos primeiros passos do grande escritor de canções, até se tornar uma das grandes figuras do folk-rock. O filme debruça-se sobre o seu lado político, a sua permanente irreverência, mas sobretudo a construção artística de uma linguagem musical e poética inconfundível. Estreia-se três semanas depois de A Cantiga é uma Arma, documentário sobre Joan Baez, realizado por Miri Navasky, Karen O’Connor e Maeve O’Boyle. Estreia 30 jan

5. Parthenople

Paolo Sorrentino regressa à sua Nápoles natal para fazer o retrato de Parthenople, uma jovem italiana com traços de femme fatal, pela qual os homens vulgarmente se apaixonam. Um filme estival, assente numa só personagem, que acompanha sem heroísmo nem dramatização, fazendo o retrato de um tempo, de um espaço e da própria natureza humana, através de paixões desencontradas. Um filme leve de um realizador habituado a surpreender com filmes como A Grande Beleza, Juventude ou A Mão de Deus. Parthenople é também o momento de grande revelação da atriz italiana Celeste Dalla Porta. Estreia 27 fev

6. On Falling

A longa de estreia de Laura Carreira tem sido um verdadeiro papa-prémios de festivais internacionais, incluindo San Sebastian e Londres. A ação situa-se em Edimburgo, onde a realizadora frequentou a escola de cinema. Com uma estética neorrealista, próxima de Ken Loach, conta a história de uma portuguesa que trabalha como recoletora de encomendas num grande armazém, lutando pela sobrevivência num contexto hostil, que põe em causa os modelos laborais contemporâneos. Falado em inglês e português, o filme aposta bem em Joana Santos, atriz que conhecemos melhor de séries televisivas, mas que aqui tem uma atuação memorável. Estreia 27 mar

7. Mickey 17

Em 2019, o mundo rendeu-se à irreverência e à qualidade do guião de Parasitas, do sul-coreano Bong Joon-ho, que chegou tão longe quanto um filme pode chegar: ganhou a Palma de Ouro em Cannes e seis Oscars, incluindo os de Melhor Filme e Melhor Realizador. Aguarda-se assim com expectativa a estreia da sua longa seguinte. Mickey 17 é o primeiro filme de Joon-ho em língua inglesa, produzido pelos estúdios Universal, com um orçamento de 150 milhões de dólares, e um elenco que inclui Robert Pattinson no principal papel. Baseado no livro de Edward Ashton, é um filme de ficção científica, que imagina a revitalização de um corpo e parte das memórias de um emissário para a colonização de um planeta gelado. O género afasta-o de Parasitas, aproximando-o de obras mais antigas do realizador, como Expresso do Amanhã, de 2013, que foi recentemente adaptado ao formato de série. Estreia 6 mar