Poupar energia não é apenas uma questão financeira, ainda que, para muitos, a diminuição da fatura energética seja um alívio ao final do mês. No entanto, não nos podemos esquecer também do impacto que a poupança energética tem a nível ambiental. Por isso mesmo, podemos dizer que a poupança de energia e a sustentabilidade andam sempre de mãos dadas.
Pensar nos consumos de energia é ainda mais importante no inverno, altura do ano em que sabemos que a necessidade de aquecer as casas leva a maiores consumos e, consequentemente, a maiores faturas. E basta olhar para alguns dados para perceber porquê. Por exemplo, a ADENE indica que cerca 69,5% das habitações avaliadas em Portugal têm uma classificação energética entre C e F, logo mais propícias a perder calor para o exterior neste período do ano. Um outro relatório recente, da Comissão Europeia, concluiu que Portugal registou, em 2023, a percentagem mais alta da UE em pobreza energética, com 20,8%. E os resultados dessa realidade ficam bem expressos no inquérito realizado pela Lisboa E-Nova (Agência de Energia e Ambiente de Lisboa) que revela que 63,2% dos inquiridos relatou sentir, por vezes, desconforto térmico dentro das suas habitações no inverno, o que é agravado pelo facto de mais de um quinto das pessoas (22,0%) dizer que não tem condições financeiras para manter a sua casa numa temperatura confortável nos meses de maior frio.
Para quem tem mais recursos, seja através de capitais próprios ou do recurso a crédito para obras, a solução ideal passa pelo isolamento térmico da habitação, o que se consegue através do isolamento de paredes e coberturas ou o investimento em janelas eficientes. Para este tipo de intervenções, o Fundo Ambiental tem desempenhado um papel fundamental porque permite recuperar parte do investimento feito, mas é importante que esse esforço se mantenha, com a abertura de novas calls que ajudem à missão de melhorar o perfil energético do parque habitacional português.
Uma opção mais económica e a que muitas pessoas recorrem são os aquecedores. Nesse caso, para controlar o consumo energético e o impacto financeiro e ambiental, é fundamental controlar o tempo em que o aquecedor está ligado, lembrando-se que o aparelho não perde imediatamente o calor, pelo que não se justifica tê-lo continuamente ligado.
Uma forma de balançar o maior consumo energético que se terá com o recurso ao aquecedor pode ser poupar eletricidade de outras formas. Por exemplo, trocando as lâmpadas tradicionais por lâmpadas de LED, uma opção bastante simples, mas que leva a uma redução rápida e eficaz do consumo energético, já que as lâmpadas LED consomem, em média, 8 vezes menos energia do que uma lâmpada de halogéneo para produzir a mesma quantidade de luz e duram mais tempo. Além disso, sempre que possível, devemos aproveitar a luz solar e nunca é demais recordar que, sempre que uma divisão não esteja a ser utilizada, é importante desligar a luz.
Uma outra dica que poderá fazer a diferença é desligar os aparelhos que estão em modo standby ou modo de espera, que acabam por gastar sempre alguma energia, mesmo sem estarem a ser utilizados. O melhor mesmo é ter extensões com interruptores, onde estejam ligados vários aparelhos, para que seja mais fácil desligar o que não está a ser usado. E claro, sempre que precisar de substituir um eletrodoméstico, ter em conta a classificação energética, o que terá um impacto no consumo de eletricidade desse equipamento.
A poupança energética não depende apenas de grandes investimentos ou de soluções sofisticadas. Todas as medidas enunciadas são um lembrete de que as nossas ações diárias e o conjunto de pequenos gestos podem fazer a diferença, tanto a nível financeiro como ambiental. Não se trata apenas de criar hábitos que também beneficiam o planeta, mas também de aliviar os encargos mensais.