Há quinze dias, trouxe a esta coluna quatro cimeiras seguidas que tiveram a Rússia e a Ucrânia como protagonistas. A primeira, de ministros dos Negócios Estrangeiros dos BRICS+, na cidade russa de Nizhny Novgorod. A segunda, da Reconstrução da Ucrânia, em Berlim. A terceira, do G7, em Itália. E a quarta, na Suíça, denominada de Cimeira sobre a Paz na Ucrânia. Hoje, proponho-vos manter a toada multilateral, olhando para quatro outras cimeiras, duas delas esta semana, duas outras em julho. Todas terão, direta ou indiretamente, a Ucrânia no centro dos debates.
Na terça-feira passada, em Bruxelas, teve lugar a Conferência Intergovernamental que deu início formal às negociações de adesão da Ucrânia e da Moldova à União Europeia. Foi um passo fundamental para uma das inevitabilidades geopolíticas da Europa: o alargamento. Este sinal político confirma, independentemente da evolução da guerra, uma sintonia entre Estados-membros e países da adesão nos calendários, expectativas e dossiers técnicos, sem que o conflito no terreno trave o processo. Para tal contribuem dois princípios. Por um lado, a valorização coletiva de que os alargamentos têm sido uma das histórias de maior sucesso na Europa, expandindo valores, normas, institucionalismo e cooperação reforçada. Não há nenhuma razão objetiva para reverter o que tem corrido bem. Por outro, numa altura existencial para a Ucrânia e para a Moldova, sob a mesma ameaça, retroceder ou adiar o alargamento seria beneficiar o infrator e anular as legítimas expetativas de integração dos agredidos. Esse seria, também, um prego no caixão coletivo da União.