Já não se pode disfarçar. Está toda a gente desapontada com o primeiro-ministro.
Não é esse o caso do CDS. António Costa revelou-se tudo aquilo que sempre vaticinámos: um perito na arte de manipular e nada reformar.
Costa não veio para reformar, não veio para mudar. O que Costa quer é sobreviver. António Costa nunca será apanhado a governar e nem é esse o seu objetivo. O objetivo de António Costa é manter-se. É acordar mais um dia como primeiro-ministro. Mesmo sem ter uma ideia para Portugal.
Por vezes, dizemos que o Partido Socialista tem dificuldade de recrutar membros válidos para o Governo, sendo essa a razão de grande parte dos ministros e secretários de estado provirem das bancadas do próprio Partido Socialista. Ora, a tese da dificuldade de recrutamento pode não ser inteiramente verdadeira.
Receio bem que o primeiro-ministro recruta mal por vontade. Que não quer escolher melhor porque se tivesse pessoas válidas no Governo, depois teria de as aturar. Com as suas ideias, propostas reformistas, a darem opiniões, a terem desconfortos, a quererem bater com a porta.
É que nem todos os bons quadros em Portugal são tão dóceis e controláveis como a ministra da Ciência, da Tecnologia e do Ensino Superior. A professora Elvira Fortunato foi a sorte grande de António Costa, que a trouxe da Academia para a transformar numa inutilidade. Uma deprimente e assustadora inutilidade.
Deprimente, porque os jovens que precisam de residências universitárias não podem contar com esta ministra. E assustadora, porque as vítimas de assédio sexual e moral nas universidades não mereciam ouvir a desvalorização do assunto da boca da ministra.
É por isso que temos Galamba, temos Mariana Vieira da Silva, Ana Catarina Mendes, José Luís Carneiro, Fernando Medina, Pedro Adão e Silva, Duarte Cordeiro, Manuel Pizarro e Marina Gonçalves. Gente que não dá ao primeiro-ministro o problema de pensarem fora do aparelho do Partido Socialista.
O grave é que isto não é um governo. Nem sequer serviria para uma associação de estudantes, que nasce dos elementos mais válidos de uma escola. E é nestas mãos trapalhonas que se encontra o futuro dos jovens portugueses.
Não é à toa que tantos emigram, mas é à toa que todos andamos.
A começar pelo senhor Presidente da República.
Depois de tantas vezes defender um governo indefensável e de lhe desculpar o indesculpável, percebeu agora que cometeu um erro.
Mantém um governo que não governa e uma maioria que se recusa a funcionar com decência.
À toa também parece estar o parceiro do CDS em tantas e tantas batalhas por Portugal. O PSD. Há dias, um deputado social-democrata disse que o PSD está a preparar uma alternativa de governo com a IL. Eu acho bem que o PSD chame a IL e que rejeite o Chega, mas quem quer mesmo governar não se pode dar ao luxo de rejeitar os milhares de portugueses de direita que não se revêem nem na IL nem no Chega. Será que a ambição do PSD é curta?
Pode bem ter os almoços que quiserem, mas sabem que nas últimas três décadas foi com o CDS que arrumaram a casa.
Foi precisamente esse o sentimento da Juventude Popular quando se reuniu recentemente em Congresso Nacional. Foi o vigésimo quinto da história da instituição, virá um dia a ser considerado um dos mais definidores de sempre.
Numa estrutura que “não nasceu ontem, nem pretende morrer amanhã”, pode parecer precipitada esta afirmação. Mas estou realmente convencido de que será visto pelos vindouros como o congresso da “esperança que se fez realidade”.
O Partido vê-se sem deputados. Precisa mesmo de manter o lugar europeu se quiser manter a relevância. Não dispõe dos instrumentos potestativos que outros partidos têm e que dariam certamente mais força às ideias que o CDS defende. Nem sequer dispõe dos meios de financiamento de outrora.
Ainda assim, neste congresso todos tivemos consciência de que é no CDS que temos de estar. Não é mais para a direita nem mais para o centro. É precisamente no CDS-Partido Popular e na Juventude Popular. É onde nós sentimos bem.
E, neste congresso, percebemos que no CDS ninguém está sozinho. Estamos na melhor companhia que poderíamos ter neste caminho das pedras: estamos uns com os outros.
Foi também por isso que a moção que apresentei se chamava “Dizer Sim”.
Os jovens do CDS querem dizer sim às suas responsabilidades enquanto portugueses, militantes e representantes de uma geração.
É com esse espírito que vamos encher as ruas, continuar a apontar o dedo e a fazer propostas. Porque foi com esse espírito de esperança, confiança e motivação que todos saímos no XXV Congresso Nacional da JP.
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