Existem informações contraditórias, mas só o facto de estar a decorrer uma «negociação» em que dois se unem contra um terceiro não parece um modelo destinado ao sucesso. A Europa e outros países aliados terão de continuar a apoiar e proteger a Ucrânia.
- O irmão gémeo de Putin, o senhor Trump, ainda não deixou de ameaçar diretamente Kiev e Zelensky, usando sempre o mesmo argumento: se Zelensky não ceder, os EUA deixarão de fornecer apoio militar e financeiro. Uma autêntica tramóia.
- O outro, vindo de mães diferentes, tem uma posição há muito definida. Acordos para tréguas ou cessar-fogo só acontecerão com o congelamento das «fronteiras» atuais da frente de batalha. Donbas e Crimeia estão fora da mesa negocial. Sendo muito ardiloso, faz circular notícias que sugerem a sua vontade em devolver à Ucrânia as suas fronteiras originais. É um típico truque de roleta russa.
- Zelensky está sujeito à máxima pressão possível: precisa de proteger os cidadãos ucranianos e o seu território. Obviamente que deseja pôr fim ao conflito para construir uma solução sustentável, mas tem consciência clara de que qualquer decisão precipitada poderá levar ao fracasso interno e externo da sua presidência.
Falta ainda um elemento-chave, talvez decisivo, nestas «negociações»: a presença da Europa, em igualdade de condições, para discutir e eventualmente chegar a um acordo. Se tudo avançar num bom sentido, e essa possibilidade existe, chegará o momento em que António Costa e Ursula von der Leyen terão de se sentar numa mesa negocial ao mais alto nível. Cresce na Europa um sentimento claro: todos querem colocar Trump na ordem! E, caso isso seja impossível, deixem-no a falar sozinho. É possível, é viável e desejável.