Zelensky vai a Washington meter-se na boca do lobo. Literalmente. Pensa que vai para uma coisa, mas sairá de lá com outra bem diferente. A ingenuidade não é do presidente ucraniano, mas de qualquer chefe de Estado ou de Governo que tenha de lidar com Trump. Especialmente com este Trump, ainda mais alucinado.
Zelensky acredita que obterá garantias de segurança em troca de minerais estratégicos e terras raras, mas isso não passa pela cabeça de Trump, que já garantiu não estar disposto a prestar esse apoio. Para ele, a Europa que se ponha a caminho.
Kiev também está convencida de que os EUA continuarão a fornecer ajuda militar sob a forma de doação. Mas essa hipótese nem passa pela cabeça do presidente americano que continua a distorcer os números da assistência já prestada à Ucrânia desde o início da guerra: “Foram 500 biliões de dólares e isso tem de ser pago”. Na verdade, foram apenas 124 biliões nos últimos três anos, um valor muito inferior ao que a Europa, tanto coletivamente como de forma unilateral, já entregou. Macron fez questão de o corrigir na Sala Oval.
Ou Zelensky tem algum compromisso secreto com Trump, garantindo que este não negociará um cessar-fogo e a paz numa posição de total fraqueza, ou arrisca-se a ser humilhado pelo presidente americano, que tem da Ucrânia e da guerra uma visão pouco abonatória e até desprestigiante. O grande Trump (em físico) não quer saber do pequeno Zelensky. E isso diz tudo.
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