Todos estão focados em medir as intenções de voto a cada dia que passa nos EUA, na batalha entre Kamala e Trump, mas deixamos para trás o que de mais importante poderá acontecer no dia 5 de novembro. A vitória de Trump já será um verdadeiro problema para a nossa estabilidade global, mas muito pior será se o Congresso tiver maiorias republicanas nas duas câmaras.
Isso sim, será um desastre político garantido para os próximos dois anos. Os americanos gostam de equilíbrios, e em 2026 terão a oportunidade de votar novamente para a Câmara dos Representantes – o verdadeiro Governo americano – e para um terço do Senado. Mas Trump com rédea solta é uma montanha-russa desgovernada.
Pelas mesmas razões, se Kamala ganhar, ficará incapacitada pelo Congresso de cumprir as suas promessas, já que os presidentes não têm poder legislativo. Pedem ajuda aos seus partidos e tentam convencer os adversários. É uma saga interminável.
Assim sendo, convém começar a olhar para o Congresso, que se presume vir a ser republicano. O poder presidencial é um mito urbano, rural e mediático. O “dono” da Casa Branca obedece e executa as leis do Congresso, e mesmo os seus escolhidos para cargos da Administração têm de passar por um rigoroso escrutínio do Senado, que aprova ou não a escolha presidencial. Conclusão: Trump “sozinho em Casa” já seria um pesadelo, mas acompanhado pelo Congresso teremos um tumulto global. E, por agora, é o que nos espera.
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