Quando Paul Auster morreu, no dia 30 de abril, a Europa acordou com a notícia do seu desaparecimento – eu tinha várias notificações no meu telefone, que marcavam uma qualquer hora da madrugada. Escritor reconhecido, nada mais natural do que todos os grandes média darem destaque ao homem que nos permitiu conhecer Nova Iorque antes de a pisarmos, um contador de histórias que não usava computador e que gostava de se sentar, sozinho, no Grand Central Oyster Bar, a pensar, quem sabe, nos seus próximos livros. As homenagens multiplicaram-se um pouco por todo o mundo – e nós, aqui na VISÃO, também o honrámos. Depois, a vida seguiu, como sempre.
Mais tarde, porém, uma publicação da sua mulher, com quem viveu mais de 40 anos, Siri Hustvedt (outra escritora incrível, para quem anda mais distraído), na rede Instagram, fez-me voltar ao assunto. Conta Siri, num texto: “Ainda antes de o corpo [de Paul Auster] sair da nossa casa, as notícias da sua morte circulavam nos média e os obituários tinham sido publicados.”