Estamos todos inquietos com o nosso planeta, o único que temos, mas continuamos, tranquilamente, deliberadamente, insensatamente a tomar decisões avulsas, sem nenhum modelo previsional estruturado, e bem estudado, em relação às mudanças mais urgentes. Não basta atirar tinta contra ministros ou feiras da aviação, e reclamar o regresso às cavernas, quando muito desse ativismo é inconsequente.
Basta um exemplo, que é desanimador, e que vai acabar numa catástrofe maior do que as que já temos. Tudo o que era de plástico passa a ser de papel, e similares, e essa conversão das fábricas e produtores está em andamento muito rápido. Contudo, para que não existam dúvidas, convém assumir que essa medida vai acelerar, várias décadas, a destruição do planeta.
Por outras palavras, vamos rebentar mais cedo. A conversão para o uso intenso da pasta de papel, e de apetrechos em madeira, esgotará rapidamente todas as reservas florestais que sustentam a vida, e a reparação dessa destruição implicará danos irreparáveis para a humanidade. Não há árvores no mundo, florestas, que sustentem o consumo desenfreado de tudo o que agora se faz, e vai fazer. Queremos sair da tragédia do plástico, mas estamos a entrar, alegremente, no apocalipse de um dos elementos fundamentais da nossa existência.
Sem florestas não há vida. Ponto final. E a devastação que está a acontecer no Brasil e na Ásia, como bem sublinhou Clara Ferreira Alves, ou em países europeus tradicionais produtores de papel, como a Finlândia, que já não consegue repor as suas florestas com a mesma rapidez com que está a ser consumida, é o sinal vermelho de decisões avulsas, de moda, e profundamente imponderadas. Tem de existir uma solução segura e alternativa para liquidar o plástico, e afins, mas sem dizimar a fonte da nossa sobrevivência.
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