Estas eleições para a Assembleia Regional na Madeira deram indicações mistas. Quatro, no mínimo, e que podem ter impacto nas europeias, autárquicas e legislativas. A extrapolação é sempre ousada, mas tem sentido.
- A coligação PSD-CDS (Somos Madeira) mostrou que a união mantém a força, os votos e deputados, mas ficou na tangente. Com maioria, mas não absoluta. Como Guterres, há muito tempo . E isto tem de ser extrapolado para o continente. Luís Montenegro tem de ganhar tudo o que lhe aparecer pela frente – as europeias são já na primeira metade de 2024 – e uma aliança pré-eleitoral até pode resultar. O primeiro teste não foi de uma clareza absoluta. É verdade que o CDS precisa de reaparecer na política institucional e é a única receita que o PSD tem para travar ou reduzir a Iniciativa Liberal e o Chega.
- Perdendo para todos, o PS, que esteve quase colado ao PSD em 2019, sofre com o alheamento nacional. Os votos socialistas não fugiram para a IL ou Chega, mas os partidos mais à esquerda beneficiaram claramente dessa derrota pesada. Os madeirenses precisam de ajuda, como todos, e o Governo nacional pouco tem feito por aquele arquipélago. Pagou caro, nestas eleições, o quase abandono da Madeira. É, também, um teste muito positivo, mas para a oposição. Perder mais de dois dígitos não é um problema apenas local ou regional. É um arrepio nacional.
- O Chega e IL tiveram, como seria de esperar, provas mais-do-que-positivas. Reconheça-se que era difícil. Em 2019, a Iniciativa Liberal pesava 0,5% do eleitorado, e o Chega apenas 0,4%. A subida, poderosa, dá direito a gritar vitória. E é aqui que volta a colocar-se o desafio do PSD: ou puxa pelo CDS, ou cai no colo de um destes dois partidos. Ou nos dois.
- O «Juntos pelo Povo» surpreende, como em 2015, mas agora implantado em toda a região, o PCP aguenta-se bem e o Bloco de Esquerda não perdeu a oportunidade de subir, e bem. A Assembleia Regional fica mais rica e agitada, e isso beneficia os madeirenses.
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