1. O PS vai ganhar. Mas é visível algum desgaste, em capitais de distrito, e em duas ou três câmaras importantes, a começar por Coimbra, e a acabar no Funchal. Não é um resultado estranho, na verdade. O que impressiona, apesar de tudo, é que o PS, mesmo com cinco anos de Governo, com a pandemia e a crise económica, não sairá «massacrado» no domingo. Todos contra um, e nada.
2. PSD não vai sofrer, de facto, nenhum terramoto, como disse Rio. Pois não, e até deverá juntar algumas câmaras às 98 que já tinha de 2017. Entre trocas, poderão sair algumas rifas a Rui Rio. Mas também neste caso, o que impressiona é o PSD não conseguir arrasar o PS, dar-lhe um banho memorável. Rio será confrontado com isso em janeiro, sendo que a pré-campanha para a liderança do PSD começará na madrugada de domingo.
3. O Chega está a ser uma verdadeira dor de cabeça para as empresas de sondagens. A intenção, se perguntada, não mostra um resultado assinalável, mas quando a votação é feita em urna simulada, o voto é mais expressivo. Dizem os especialistas que os eleitores do Chega ainda têm algum receio em manifestar a sua intenção. Tudo pode acontecer, no domingo, mesmo em concelhos onde os inquéritos de opinião mostraram um voto residual.
4. A abstenção não pode ser medida, apenas comparada, mas essa ciência é incerta. Com a pandemia e os confinamentos, os eleitores desligaram-se de muitas realidades físicas e mentais, e a política foi uma delas. É de supor que a abstenção de 45%, em 2017, seja agora muito mais expressiva. De Norte a Sul do país, indistintamente. E isso mexerá, muito, com os pressupostos anteriores.
5. Misturando tudo, estas autárquicas não deverão fazer história, à partida. Exceto, claro, se todas as sondagens estiverem erradas. Se acontecer um espalhanço. O que também não é novidade, em particular quando a abstenção explode, e dizima resultados. No domingo se verá.
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