António Costa e Silva, o Pro-cônsul designado pelo Cônsul, para recuperar o país de 2020 a 2030, começou por nos pôr em sentido:
Ponto Um: 12% vai ser a nossa queda do PIB em 2020. Espera-se, sendo quem é, um escolhido do primeiro-ministro, que o Governo volte à realidade. E assuma a catástrofe. Continuar a fingir que vai ser 6,9 ou 7% – que grande diferença – é continuar na jornada à volta da Lua. Já agora convém ler bem estas linhas: 12% agora, este mês de Julho, mas ninguém se atravessa por esta estimativa. Nem o próprio, já agora.
Ponto Dois: “a crise sanitária causada pela doença Covid-19 traz consigo uma profunda recessão económica”, global, que vai atingir Portugal como uma força raramente vista na nossa história. Costa e Silva chega lá invocando, genericamente, três razões numa só métrica: consumo interno, investimento e desemprego terão quedas de dois dígitos. Quanto maior o número, mais PIB destruído.
Ponto Três: O colapso das empresas vai começar a partir de Setembro, e a menos que exista “um programa agressivo”, no terreno, a ser executado, o desastre será inevitável. E o Pro-cônsul avisa: não há tempo para esperar pela ajuda europeia, que só virá, se vier, lá para 2021. A partir do segundo semestre deste ano – que já começou – a economia terá uma “significativa deterioração”, que será fatal para as empresas, emprego, consumo, investimento e PIB.
Nada mal, para começar. Que bom aperitivo. Será que o Governo vai aceitar esta visão? Vai finalmente perceber no sarilho em que estamos? É bom esclarecer que um Pro-cônsul não vinha do povo, não era indicado pelo Senado, nem representava ninguém, que não o próprio Cônsul. Ele fala em nome do Cônsul. Será que o Cônsul está satisfeito com o enviado? E com as suas palavras? Logo à cabeça?
Se vai ser assim, assalta-nos uma dúvida. Uma angústia. Uma inquietação. Sendo estes os pressupostos para um programa de recuperação a dez anos, isso quer dizer que metade deles vamos passar a lutar pela sobrevivência. Que futuro, interessante.