As cerimónias do 114.º aniversário da Implantação da República realizaram-se esta manhã na Praça do Município, em Lisboa, e contaram com intervenções de Marcelo Rebelo de Sousa e Carlos Moedas. No seu discurso, o chefe de Estado sublinhou que a “República e democracia estão vivas” em Portugal, apesar de terem de “mudar e muito”.
“O 05 de Outubro está vivo, porque a República está viva, a democracia está viva em Portugal”, defendeu, acrescentando depois que a democracia não é “perfeita nem acabada” e que deve ser “mais livre, mais igual, mais justa, mais solidária”.
Mais a frente, Marcelo Rebelo de Sousa apontou o que falta fazer no combate à pobreza e à desigualdade. O chefe de Estado referiu os dois milhões de pobres, as desigualdades sociais, o combate à corrupção e o envelhecimento como “constantes graves” que “não conseguimos alterar em 50 anos de Abril”.
A sua intervenção ficou ainda marcada pela revista de acontecimentos históricos em Portugal desde a Implantação da República, como as guerras e a pandemia. “A República renasceu pela coragem dos jovens militares a 25 de Abril de 1974, percorreu dois anos de Revolução, a redescoberta da liberdade e dos direitos fundamentais, dois pactos MFA/partidos, a eleição para a Assembleia Constituinte, a conturbada descolonização no meio de uma revolução, a aprovação da Constituição de 76”, explicou.
O Presidente da República terminou o seu discurso ao referir que a “mais imperfeita democracia é muito melhor do que a mais tentadora ditadura. Por isso vale a pena aqui virmos todos os anos, até para dizermos que queremos que a nossa República democrática seja mais livre, mais igual, mais justa, mais solidária, para o bem de Portugal, que é o que nos une agora e sempre”, concluiu.
Pelo segundo ano consecutivo as cerimónias do 5 de outubro foram vedadas ao público, tendo acesso apenas pessoas autorizadas.
Carlos Moedas: “Não podemos aceitar uma política de portas escancaradas”
Já Carlos Moedas, presidente da câmara de Lisboa, alertou para a “vaidade dos políticos” que deixa “o país refém de ansiedades pessoais ou partidárias”. Num discurso virado para as negociações para o Orçamento de Estado para 2025, Moedas defendeu que o 5 de outubro “foi uma resposta” contra “a vaidade de políticos que se achavam donos do país”.
O autarca falou ainda sobre a imigração, defendendo que Portugal não pode “aceitar uma política de portas escancaradas que conduz à desordem”. “Hoje assistimos a manifestações de um drama humanitário que nos envergonha a todos como país. Nós precisamos de imigração, mas não podemos aceitar uma política de portas escancaradas que conduz à desordem, dá espaço a redes criminosas e multiplica casos de escravatura moderna”, alertou.
“Se hoje temos um claro problema de pessoas em situação de sem-abrigo no país, deve-se também à irresponsabilidade em lidar com a imigração. Esta irresponsabilidade aumenta a desconfiança na nossa sociedade e alimenta os extremismos de um lado e de outro”, acrescentou.
Este é o primeiro 5 de outubro no atual quadro de Governo PSD/CDS-PP, chefiado por Luís Montenegro, e decorre no contexto das negociações para o Orçamento do Estado para 2025.