Querida avó,
Estamos de volta a mais um Natal.
Recentemente, falei com o Severino, o “nosso” Pai Natal. Está felicissimo! Finalmente está de volta, presencialmente, no centro comercial, onde há mais do que 20 anos, encanta miúdos e graúdos.
Nos dois anos anteriores fez imensos zooms e afins, com todas as crianças que desejam fazer os seus pedidos ao Pai Natal. Não foi a mesma coisa, claro, mas não foi a pandemia que fez desaparecer a magia do Natal! O Pai Natal é tão nosso amigo, que até fez um vídeo a indicar o nosso “Diário” como uma sugestão para as famílias.
Como sabes tenho tido imensas tertúlias com o nosso livro: Diário de uma avó e de um neto. Tenho andado de norte a sul do país com as tertúlias e as montagens e desmontagens da tua exposição, e a do “avô” Ruy de Carvalho. Tenho aproveitado para comprar presentes nos locais onde tenho ido. Caso contrário, chegava ao Natal sem nada para dar a ninguém.
Para mim, a época natalícia só começa depois de ver os espetáculos dos Shout! (e ouvir o CD vezes sem conta), e depois de assistir ao White Christmas, dos irmãos Feist, no Casino Estoril.
Este ano fiz a árvore de Natal ainda em novembro, para arrumar logo esse assunto.
Uma das minhas tradições de Natal é, no dia 25, à noite, ir ao Casino Lisboa celebrar a data com o concerto dos Gospel Collective, adoro!
E tu? Não te tenho ouvido, fala das tuas centenas de presépios, que todos os anos espalhas pela casa toda. Nem te tenho visto nada no Facebook.
Já sei o que te vou oferecer há imenso tempo. Mas o importante é o lugar que ocupas no meu coração. Isso sim, é a magia do Natal!
Feliz Natal, querida avó.
Bjs
Querido neto,
E estamos no Natal…
Aqui na casa da Ericeira tenho poucos presépios—mas esses já estão ali a brilhar. O Sr. Rui Pinheiro, artesão aqui da terra, faz uns presépios lindíssimos, ainda sou capaz de lhe ir comprar um.
Já que falamos de Natal, deixa-me contar-te uma história que se passou, há muitos anos, com um dos meus netos mais novos. Eles viviam então na cidade de Leicester, em Inglaterra, mas vinham sempre passar o Natal connosco. E adoravam que eu lhes mostrasse fotografias.
E uma das fotografias era do pai, quando tinha ido a Marrocos, em viagem de fim de curso: montado num camelo, no meio do deserto e vestido à árabe.
E, de repente, vejo os olhos esbugalhados do Pedro, muito pequenino, a olhar para a fotografia e a exclamar:
“O pai foi a Belém ver o Menino??”
Tive imensa vontade de rir, mas fiz um esforço e fiquei muito séria, como o momento requeria.
E dei-lhe a única resposta possível:
“Claro, meu querido!”
A admiração dele pelo pai cresceu imenso nesse dia.
Depois, já mais crescidos, adoravam fazer o presépio. E havia um onde só eles mexiam. Era divertidíssimo. O meu neto Diogo colocava sempre um aviãozinho de plástico do INEM no telhado da gruta, porque o Menino podia constipar-se e assim ia logo para o hospital. E depois havia o lado onde estavam os bons—os pastores, as ovelhas, as mulheres que levavam prendas—e do outro lado os maus: os soldados romanos… e o Darth Vader… Ah, e na manjedoura, lado a lado, o Menino Jesus e o Pai Natal. Foram sempre muito criativos…
A irmã tinha outro tipo de criatividade… Como naquele dia, teria ela uns 8 anos, em que me ligou para desejar boas festas e acrescentou:
“Ah, e tenho uma coisa para te dizer: namoro um japonês, mas não é para casar já!”
Claro que fiquei mais calma.
Boas Festas, querido neto.
Bjs
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