O poder da leitura tem revolucionado o mundo e continua, ainda hoje, a ser uma poderosa ferramenta de transmissão de conhecimento e de inspiração. E tudo pode começar logo quando se aprende a ler.
Presentear crianças com livros é um ato revolucionário. Ao dizer isso, no entanto, não quero referir-me a algum tipo de movimento de resistência cultural ou a um apelo contra alguma queda nos hábitos de leitura da nossa gente. O mercado editorial, aliás, nunca esteve tão bem, reportando crescimentos recorde em todo o mundo.
O crescimento do hábito de leitura, aliás, é justamente isso que faz dele um ato revolucionário em si, uma força capaz de eliminar a intolerância que assola o nosso mundo e que provoca tanta guerra e sofrimento.
É a ler que, afinal, que nos tornamos mais íntimos do próprio conceito de diversidade, que mais nos habituamos a entender que o mundo é absolutamente heterogéneo e composto por visões que podem diferir das nossas. É a ler que abrimos as nossas mentes. É a ler que enterramos os velhos dogmas e preconceitos que todos carregamos, mas que não cabem numa sociedade plural e integrada. É a ler que podemos mudar algo em nós próprios e, de maneira coletiva, o nosso mundo.
E, se tudo isso já é verdade para nós, adultos responsáveis pelo mundo de hoje, é ainda mais importante para as nossas crianças, que, inevitavelmente, construirão o amanhã. As crianças são curiosas e têm poucas “certezas”, o que facilita a absorção de conhecimento. E, mais importante do que qualquer argumento, as crianças gostam de histórias.
De acordo com um estudo de 2021, da National Literacy Trust (Reino Unido), 62,7% das crianças com idade entre 8 e 11 anos têm prazer na leitura. Outro estudo, desta vez da renomada revista Frontiers of Psychology, indica que entender como é e como
funciona o nosso mundo e a nossa sociedade é o que mais atrai as crianças – principalmente as mais novas – para as letras. Basta que aproveitemos esse contexto tão perfeito. Mas como? O que isso indica para nós, adultos, os primeiros responsáveis pela formação da geração que construirá o mundo de amanhã?
Pois bem, é hora de começar a aproveitar momentos como o Natal que se aproxima para dar um presente duplo às nossas crianças: um livro – que, inevitavelmente, carregará nas suas páginas as sementes para um futuro muito melhor do que o que nós, das nossas gerações, fomos capazes de conceber para elas.
Se queremos um amanhã com menos violência e guerras, com menos intolerância e com mais oportunidades de felicidade para os nossos próprios filhos, então o nosso papel – aliás, a nossa obrigação – deve passar por dar a ferramenta mais poderosa para revolucionar a nossa sociedade: um livro.
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