Todas as profissões são importantes e isso é algo que ninguém põe em dúvida. No entanto, há profissões que, pela sua importância perante a sociedade, tomam dimensão gigante. Coloco neste rol os professores, os médicos e os coveiros que agora se designam por técnicos de profundidade.
Se a última profissão sempre se apresentou muito pouco sexy, já as restantes sempre cotaram por cima. Então o que está a falhar, porque estão estas profissões a deixar de ser apelativas?
Um professor continua a ser alguém que tem o poder de moldar o futuro da sociedade, do país. O médico é o profissional que zela pela saúde da sociedade, logo é alguém que está na primeira linha – e isso ficou demonstrado aquando da Covid-19. Então onde falhamos?
Falhamos quando, enquanto sociedade, permitimos que um novo ano letivo comece sem que as escolas públicas tenham professores, quando permitimos que a geração que estará à frente dos destinos deste país nos anos 40 seja a geração mais mal preparada de sempre, que foi educada entre uma pandemia e greves de professores que apenas exigem o que é seu por direito.
Falhamos quando, enquanto sociedade, permitimos que as condições do Serviço Nacional de Saúde se deteriorem a cada mês o que conduz à saída dos profissionais, que sem condições para exercer a profissão preferem “migrar” para fora do SNS ou mesmo emigrar.
Sem que tenhamos à vista pensamento estratégico por parte de quem nos governa, que prefere o folclore das viagens de comboio e dias nas Pousadas de Juventude como prenda para os jovens que venham a terminar a sua licenciatura e queiram ficar por cá sabe Deus a fazer o quê, o país vai afundando na espuma dos dias.
Dias onde a gestão é corrente e não se faz contas (diria de somar e subtrair) para encontrar o número de professores necessários para que se inicie um ano letivo dentro da normalidade, onde as famílias sabem atempadamente o que contam quando confiam os filhos ao sistema de ensino público. Será assim tão difícil de resolver este problema de matemática? Os colégios privados sabem resolver o problema. Porque não copiar? Acredito que nenhum encarregado de educação que confia o seu educando ao ensino público se iria importar ou dar nota negativa ao ministro da Educação.
E por falar em copiar, o ministro da Saúde, que até é médico por formação, poderia também olhar para os vizinhos privados e copiar o racional da resolução do problema. Acredito que nenhum utente se iria importar de não ter de aguardar meses e meses por uma consulta ou de chegar para a consulta ou exame médico e ser atendido.
É tudo uma questão de Matemática, essa disciplina tão mal-amada mas tão necessária para que o país possa criar e gerar riqueza.
Por último fica a ideia, em vez de vouchers ou de devolver em sede de irs o valor das propinas nos primeiros anos de descontos, deveríamos isentar de propinas os cursos para as profissões que mais vamos necessitar nos próximos anos. Por exemplo, os cursos para professores. Se quiser ser advogado, paga propinas, se quiser ser professor, está isento. Desta forma, estaríamos a privilegiar o ensino a profissões estratégicas para o país.
MAIS ARTIGOS DESTE AUTOR
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.