O Presidente da Assembleia da República continua a ignorar olimpicamente atentados flagrantes a princípios fundamentais à nossa Constituição verberados em pleno hemiciclo. Foi exatamente isso que aconteceu na última quinta-feira quando o deputado Ventura atribuiu culpa coletiva a um conjunto de portugueses na sequência do triplo homicídio de Lisboa. O mais impressionante nem foi a impassividade de Aguiar-Branco, já sabemos que se vê somente como um árbitro de boas maneiras e que crê não ter de advertir um deputado se ele disser que o Holocausto nunca existiu. Não, pior foi a impavidez e serenidade de todos os grupos parlamentares (a exceção foi o Livre) face não só à conduta de André Ventura como à de Aguiar-Branco.
Tendo o deputado do Chega atribuído uma espécie de culpa coletiva à comunidade cigana por um dos seus elementos ter cometido os referidos crimes, pensei que alguém podia lembrar que os que recentemente foram acusados de forçar mulheres a prostituírem-se são polícias, ou seja, e segundo o raciocínio, todos os polícias são lenocidas.