Imaginemos que a pessoa nomeada para coordenar o plano de vacinação aquando da pandemia da Covid-19 não tinha sido um militar alto, espadaúdo e sempre fardado, mas sim um político profissional com o habitual fato de mau corte. Vamos agora pensar que a vacinação tinha corrido tão bem como correu.
Convenhamos, era difícil que corresse mal. Lembro-me, porém, do que foi dito, oh!, se me lembro! Aliás, já se sabe que quando há uma tarefa que parece difícil lá temos os herdeiros do Eça de Queirós a adivinhar uma desgraça, uma exibição de incompetência, um bom pretexto para dizer que não se esperava mais desta piolheira que é Portugal. São sempre os mesmos. Iluminados que olham para o País de cima de um pedestal decorado de pretensiosismo e pesporrência e que nunca veem qualquer mérito no País e nos seus concidadãos.Como o aparte foi longo, reponho a linha: era difícil que a vacinação corresse mal. O nosso Serviço Nacional de Saúde, apesar de todas as suas deficiências e problemas, pede meças a qualquer um por esse mundo fora – lamento informar – e o nosso programa nacional de vacinação é um verdadeiro caso de sucesso. Acresce que nas últimas décadas temos sido capazes como comunidade de cumprir tarefas de grande complexidade organizacional: retorno dos portugueses das antigas colónias, eventos desportivos e culturais, construção de um sistema de ensino público, de um serviço nacional de saúde e mais uns et cetera que deviam orgulhar um povo periférico e historicamente pobre.