Na semana passada, dois ex-Presidentes da República decidiram intervir no espaço público.
Um deles, a quem por uma qualquer espécie de decreto foi oferecido o título de infalível e de maior figura moral do País, barafustou contra aquilo a que chamou governamentalização e partidarização das Forças Armadas. Não há quem não seja contra isso, mas foi o mesmo Ramalho Eanes que subscreveu um documento contra a nova Lei de Defesa Nacional e de Bases das Forças Armadas, em que se dizia isto: “O juramento dos militares é feito perante toda a comunidade, o povo, e não qualquer partido, qualquer governo, qualquer composição circunstancial da Assembleia da República, ou sequer perante qualquer Presidente da República.” Ou seja, o senhor general não defende, numa democracia liberal, a submissão das Forças Armadas ao poder político. Os senhores militares estão assim livres de interpretar a vontade do povo em qualquer circunstância e agir como bem entenderem.