Uma rara unanimidade nacional rodeou a despedida de Rui Nabeiro. De todos os quadrantes e setores da sociedade repetiram-se os elogios e as declarações de admiração. Num tempo de profundas clivagens e de crescente polarização, em que tantas vezes os aspetos negativos são mais valorizados do que os positivos, não deixa de ser notável ‒ e salutar ‒ que o País tenha conseguido unir-se na última homenagem a um homem excecional.
Mas não chega. A verdadeira homenagem a Rui Nabeiro não pode ficar resumida a uma repetição das mesmas frases de louvor e glorificação, por mais sentidas e justas que sejam. Se os elogios são mesmo sinceros, a homenagem mais autêntica e à altura do homenageado é a de tentar seguir o seu exemplo. É continuar a trilhar o caminho humanista e de responsabilidade social que ele demonstrou ser possível. É acreditar, como ele fez questão de repetir ao longo da vida, que todos temos o dever de “pensar mais nos outros”.