Acreditar. Se tivesse de encontrar a palavra, uma só, que uniu a mensagem dos 32 oradores e artistas que encheram, no fim de semana passado, o palco do Capitólio no VISÃO Fest, seria esta. Acreditar em nós, portugueses, como povo, com tudo o que temos para oferecer ao mundo. Acreditar no poder de uma boa gargalhada, na força dos afetos e da proximidade. Acreditar na redenção através da fé, acreditar na beleza das palavras e da literatura. Acreditar nas artes para mudar mentalidades, acreditar na igualdade e nas mulheres. Acreditar no potencial das nossas ideias e no poder transformador da tecnologia. Acreditar que conseguimos construir melhores versões de nós próprios. Acreditar também num bocadinho de sorte, e acreditar que é possível dar a volta ao mundo. Acreditar que conseguimos vencer ondas gigantes e acreditar que é possível ir ao tapete e levantarmo-nos mais fortes. E, mais importante do que tudo, acreditar no futuro dos média de qualidade como pilar fundamental da democracia.
Deixar de acreditar é a coisa mais fácil do mundo – sobretudo quando se ouve meses a fio, anos, que não vamos conseguir. Que nem vale a pena tentar. Que não vai resultar. Quando nos dizem não, não e não… esquece essa ideia. Desiste. O mais fácil é deixarmo-nos ir abaixo. Não foi isso que ouviram os portugueses durante os anos da crise e da Troika? Não é isso que ouvem tantas mulheres, tantos talentos das artes, tantos miúdos que mandámos emigrar? Não é isso que se escuta tantas vezes no mundo dos negócios e das empresas? Pois bem, o otimismo – esclarecido, acrescento eu – é uma arma. Dizem psicólogos e cientistas que tem um poder transformador quando se recupera de um revés ou de um trauma. Que é determinante na forma como se sai do buraco – vamos sentar-nos num canto a lamber as feridas e a ruminar, ou vamos fazer disto uma lição para seguir adiante mais fortes? Vamos baixar os braços ou vamos acreditar?
Nós acreditámos, apesar da falta de fé e das ondas gigantes que surgiram neste percurso, que haveríamos de celebrar os 25 anos da VISÃO. E acreditámos que o faríamos de forma memorável, num grande festival, diversificado para assinantes e leitores, algo que há muito tempo estava nos nossos planos.
És uma otimista crónica, disseram-me, a fazer lembrar as palavras ditas em tempos pelo Presidente da República a propósito do primeiro-ministro e que ontem vieram outra vez à baila na sessão de encerramento do VISÃO Fest, em que Marcelo Rebelo de Sousa foi entrevistado por cinco jovens com 25 anos. Na VISÃO somos, sim, otimistas crónicos, e também sonhadores e idealistas – e esta é a única forma de estar nos média em 2018. Acreditamos que os média têm de ir por novos caminhos, fazer acontecer coisas, reinventar-se… e voltar às bases. Ao jornalismo de qualidade, independente e rigoroso, às boas histórias que marcam a agenda, às pessoas.
Foi mesmo bonita a festa. Tivemos vários milhares de pessoas – assinantes, leitores e amigos – no Capitólio a celebrar connosco, a ver debates, short talks, duelos criativos e concertos, ou a participar nos workshops, atividades e provas de vinho. E tivemos um painel de luxo que honrou o nome da VISÃO e que tão bem espelhou a sua diversidade. A todos, um enorme obrigada.