Ao longo da vida temos que efectuar muitas escolhas e há, pelo menos, duas maneiras diferentes de lidar com isso: procurar escolher a opção que, supostamente, é a melhor de todas, ou escolher uma opção dentro daquelas que nos satisfazem minimamente.
Quem está sempre à procura do melhor dos mundos é chamado de “maximizador”. Quem se contenta em escolher o suficiente é chamado de “satisfeito”.
Estes dois tipos de atitudes perante a vida (que até podem ser interpretados como traços de personalidade) têm sido estudados por psicólogos e economistas, e tem-se chegado a uma conclusão interessante: apesar de parecer lógico que acabasse por ficar com mais bem-estar quem busca sempre o melhor, acontece o contrário: é quem se contenta com os sub-óptimos que fica mais feliz.
A razão para isso reside no facto de haver uma inevitável frustração quando queremos o melhor de tudo – por mais que procuremos, a perfeição não existe, e só a perfeição seria a solução óptima. Para além disso, todo o investimento feito na procura do ideal acaba por ser ineficiente na produção de bem-estar.
No nosso dia-a-dia, não somos sempre ou “maximizadores” ou “satisfeitos”. Aliás, há a tendência para sermos maximizadores relativamente às decisões mais importantes, satisfeitos nas escolhas comezinhas. Comprar uma casa, um carro ou escolher uma profissão, são decisões em que se tende a ser maximizador. O mesmo para as decisões relativas a festas de casamento, luas-de-mel, ou a escola dos filhos. E, não por acaso, são nestas escolhas que mais facilmente surgem as frustrações, as insatisfações: é que se investiu tanto, e se geraram tamanhas expectativas, que, por mais que se tenha feito tudo para se escolher bem, é grande a probabilidade da realidade nos decepcionar.
Por outro lado, quando se abdica de atingir o ideal, e se escolhe o que já é bastante, muito mais facilmente ficamos contentes. Por isso, facilmente ficamos satisfeitos com uma refeição no restaurante do costume.
Não se trata aqui de sermos miserabilistas, nem “contentinhos”, escolhendo o que não nos satisfaz. Apenas entender que a busca da perfeição é uma quimera que, na maior parte das vezes, tem a insatisfação como produção principal.
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