É verdade, soube há dias: as moscas zumbem em fá. Talvez as pessoas não tenham dado pela notícia porque estavam concentradas nos assuntos mais importantes sobre os quais a Imprensa se debruçava, como o facto de o Presidente da República ter uma hérnia inguinal de oito centímetros. Mas eu aprendi, com deslumbramento, que as moscas zumbem em fá. Não sei o que foi que a descoberta fez em mim, mas sou agora outra pessoa. As moscas, todas as moscas, quando voam, produzem a nota musical fá. Talvez seja a melhor maneira de nos apresentarmos a um viajante intergaláctico: eu nasci num mundo em que as moscas zumbem em fá.
Sinto que não partilham ainda o meu orgulho. Tem-me acontecido muito haver pessoas que não se entusiasmam tanto com esta informação como eu. É o seguinte: eu fico comovido com o cuidado que foi posto na criação do mundo, a minúcia com que a obra foi feita. Alguém ou alguma coisa se dedicou a pormenores como este. Com ou sem palavras, terá ocorrido uma conversa deste género: