Durante séculos, as mulheres estavam quase totalmente alheadas do espaço público e entregues ao trabalho doméstico e reprodutivo. Só há poucas décadas se consolidou a sua presença no mercado de trabalho (fora de portas) e a sua participação cívica. Diria que hoje estamos numa fase de transição, em que a presença feminina na vida pública já é uma realidade, mas ainda em acumulação com as tarefas familiares. Há que acelerar o processo de divisão equitativa dessas responsabilidades, pelo bem comum, pela saúde das mulheres e pela justiça social. Mas mais ainda pelo potencial humano que andámos a desperdiçar.
Afinal foram milénios a desaproveitar a inteligência e inventividade feminina, o rasgo criativo e empreendedor das mulheres. Meia humanidade presa aos deveres de casa, sem aplicar o seu potencial na evolução do pensamento e da técnica, da arte e da ciência. Onde poderíamos estar hoje se todo esse talento feminino tivesse sido considerado e potenciado?