A vida parece caminhar lentamente para a normalidade. O desconfinamento já atingiu quase todas as atividades e o curso dos dias parece-se cada vez mais com a vida normal. A promessa de verão alivia. Os dias claros tornam tudo mais auspicioso, mas a verdade é que, para muitos, ainda está difícil. Não falo sequer dos doentes e os seus familiares. Falo simplesmente dos que vivem das multidões e dos que precisam delas para estarem vivos.
Nas conversas casuais surge sempre o peso dos últimos meses. Os amigos que trabalham no setor da cultura, mas não só, dão preocupantes sinais de tristeza. Muitos viram a sua saúde mental desaparecer, com as perspetivas de trabalho e sustento e com os dias de solidão. As separações, as recaídas em antigos vícios, a falta de alento criativo, a falta de saúde, são consequências destes meses que pareceram anos.