O seu companheiro/a tem o “vício” de estar sempre a criticá-lo/a?
Não está sozinho! Pelo mundo fora milhões de pessoas sentem necessidade de criticar os outros, seja família, amigos, colegas de trabalho, namorados, companheiros, a empregada da caixa do supermercado ou o condutor que se distraiu.
Por vezes, pode até parecer que não vivem, nem respiram, se não criticarem o próximo, seja direta, sarcástica ou subtilmente.
Porque ainda existem pessoas que confundem este comportamento completamente inaceitável, com demonstração de interesse e Amor, irei ilustrar este tema com duas histórias reais de dois casais que acompanhei e que experienciaram essa mesma situação.
Este artigo aborda exclusivamente o tema da critica destrutiva.
Ana e Pedro (nomes fictícios) são um jovem casal na casa dos trinta anos, ambos com formação superior e com carreiras de sucesso. Namoram há cerca de um ano, e poucas semanas após o início do namoro, Pedro começou a criticar Ana. Primeiro de forma sarcástica, dizendo que estava a brincar, depois diretamente e sem qualquer preocupação, focando-se especialmente no corpo de Ana e na forma como se cuidava e vestia. As críticas iam desde a flacidez das suas nádegas, às rugas do seu rosto, passando pelas unhas de gel que não estavam na perfeição, até à combinação do vestido com os sapatos. Todos os dias descobria mais um defeito. A desculpa para tanta critica: ter direito a dizer o que pensava, gostar muito de Ana e querer o melhor para ela.
Isabel e João (nomes fictícios) tem quarenta e poucos anos, foram casados durante quinze anos e tem dois filhos adolescentes. Divorciaram-se, pois João já não aguentava mais as constantes críticas. Para Isabel, João fazia tudo errado. Para além de não o valorizar, criticava todas as suas ideias, opiniões, sugestões, o que fazia em casa, como educava os filhos, a forma como falava com outras pessoas, os seus amigos e até o tempo que estava com a sua família, especialmente com a sua mãe. As críticas na sua maioria envolviam humilhação, depreciação, alguns nomes feios e afirmações como: “não vales nada!”
João aguentou muito para além do que podia, segundo ele para proteger os filhos, mas chegou o dia em que saiu de casa e não voltou mais.
Decidi escrever este artigo e dar-lhe a conhecer estas duas histórias de vida que acompanhei, para lhe dizer que estes comportamentos são completamente INACEITAVEIS, porque refletem uma profunda FALTA DE RESPEITO.
Se está a viver algo semelhante, o primeiro passo que sugiro é acabar de uma vez por todas de procurar desculpas, justificações e de “pôr paninhos quentes” no que se refere a comportamentos que o magoam e ferem profundamente, e sair da confusão “isto é amor”, pois isso não é Amor em lado nenhum do planeta terra, é sim violência psicológica.
Ao aceitar esses comportamentos, está a dizer, ainda que em silencio, à pessoa que assim se comporta, que o consente.
Sabe como os outros o tratam? Exatamente da mesma forma como se trata a si próprio. A sua permissão ainda que “camuflada” para que o tratam de forma desrespeitosa, vai reforçar esses comportamentos que vão sendo cada vez mais acentuados e graves. Se pensa que vão parar, sem nada fazer, desengane-se. Não vão! Estas situações carecem de uma atitude de grande firmeza no sentido de tornar clara e evidente a sua determinação de que não os aceita e que o mesmos tem consequências.
Muitas das pessoas que sentem uma incontrolável vontade de “deitar o próximo abaixo” apresentem traços profundos de narcisismo e psicopatia. Esperar que mudem, porque não responde e faz tudo o que eles querem, é “um tiro no pé”. As críticas e exigências vão sendo cada vez mais ferozes (como qualquer vício precisam de aumentar a dose) e vai chegar o dia em que irá concluir que nada do que faça é suficiente ou os satisfaz, porque o problema não é o seu comportamento, é a doença mental deles. E, se tem a ilusão de fazer de psicóloga/o e de os resgatar, desiluda-se. Pessoas que tem a necessidade de criticar repetida e constantemente os outros, precisam descobrir as razões por que o fazem, mas não consigo, pois se o fizer vão sugar-lhe toda a sua energia e, possivelmente, afirmar que quem tem um problema é você. A sua insegurança, falta de autoestima e autoconfiança originada em marcas profundas faz com que se autossabotem e autossabotem as suas relações. E podem ir de relação em relação com os mesmos padrões comportamentais, fulminando a autoestima e amor próprio de quem está ao seu lado.
Por isso, a mensagem que eu gostava de lhe deixar é esta:
Amor não é drama, muito menos critica destrutiva constante e PROJEÇÃO NO OUTRO DOS SEUS PRÓPRIOS FANTASMAS.
A sua vida é um presente de Deus e a sua dignidade e amor próprio devem ser intocáveis.
Independentemente da sua idade, do número de anos da relação, do número de filhos, do seu medo e receio do que possa vir a acontecer, de não conseguir ver a sua vida sem essa pessoa, saiba que não está sozinho e que, como qualquer ser humano, merece ser reconhecido, apreciado, valorizado e ter ao seu lado uma pessoa que o faça sentir ainda MAIOR, que queira descobrir os seus dons, talentos, capacidades e aptidões e que os potencie ainda mais, que se interesse por si e esteja atento às suas necessidades quaisquer que elas sejam, que o apoie e seja realmente seu amigo! Sobretudo, que o RESPEITE. Uma pessoa traga o melhor de si para a relação, NÃO O PIOR, e os dois celebrem a vida como ela merece ser celebrada!
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.