É evidente que a COVID-19 não é uma situação normal. É evidente que a COVID-19, quer pela sua real ameaça quer pela sua fictícia ameaça, obriga a decisões diferentes. É evidente pelo acima exposto, que a COVID-19 não pode ser ignorada.
É óbvio que ninguém pode ficar indiferente a este período da História da humanidade. Uma História que, espera-se, um dia venha a ser estudada como uma das maiores situações de pânico, sem razão, vivida pela nossa Sociedade.
Uma Sociedade cada vez mais egoísta, cada vez mais cobarde, cada vez mais assente no sistema.
Uma Sociedade que não cresce na rua e onde os cidadãos (especialmente aqueles que têm poder de decisão ou que vivem no conforto do seu emprego garantido por direitos conquistados pelos seus antepassados, etc..) formam-se (e muitos deles com quadro de honra) confortavelmente num sistema educativo que, cada vez menos privilegia a prática, o risco, a superação, a coragem….
Uma sociedade onde, em momentos de crise, os nossos líderes, precisamente por lhes faltar essa vivência do risco, da superação, da prática e coragem são muitas vezes os primeiros a perder o senso e a razoabilidade nas decisões e medidas que tomam.
Uma Sociedade na qual, havendo uma grande maioria dos cidadãos para os quais os bens e condições essenciais estão garantidos para que possam desenvolver-se como seres humanos, as discussões essenciais, em vez de girarem em torno do que é realmente importante, abordam temas secundários.
Uma Sociedade que, em vez de se centrar na educação das pessoas para que respeitem a dignidade das demais (impondo severas sanções em quem não o fizer), prefere criar privilégios e direitos absurdos ou desiguais para aqueles que são vítimas dessa discriminação. Com isto, não só não estão a contribuir para uma educação de pessoas boas (bons seres humanos) como estão a contribuir para que haja pessoas mimadas, frágeis no seu caracter, que têm um direito sem que nunca tenham lutado por ele.
Dito isto, e não sendo sobre o estado atual da nossa Sociedade (especialmente nos países ditos desenvolvidos) que quero abordar neste artigo, chegamos ao nosso Título: Suspensão e limitação do desporto de Formação? Uma enorme asneira intelectual e pedagógica….
As decisões que vieram agora a público a respeito do Desporto, além de comportarem uma enorme falta de inteligência prática por parte de quem as tomou, como revela algo que já há muito (senão desde sempre) se fazia notar: a enorme falta de respeito e da genuína convicção que os nossos decisores políticos têm sobre o Desporto e do seu papel enquanto fator formador de uma melhor sociedade.
É pena!
É pena porque não tenho dúvidas que a prática de Desporto e, em particular, a prática de Desporto de competição, ajuda e contribui para formar melhores pessoas. Pessoas preparadas a viver momentos de pressão, lidarem com a derrota, lidarem com as vitórias…. Perceber que, na vida, tal como no desporto que praticam, nada é garantido. Treinar/trabalhar mais que os outros é sempre uma vantagem. Antecipar o movimento do adversário/antecipar cenários é sempre um plus. Não desmotivar nas derrotas e saber ser humilde nas vitórias é o tónico para que o sucesso possa perdurar no tempo…
A decisão de acabar com o desporto de formação é, não tenho dúvidas, acabar com um dos pilares de formação de Bons seres humanos na nossa sociedade.
Mas, para além desta contestação, a decisão respeitante ao desporto de formação é absolutamente absurda, incompreensível e contraditória.
Não é preciso muita inteligência e bom senso para perceber que em termos de risco (ou agravamento do mesmo) de propagação da COVID-19, esse mesmo risco é muito menor numa atividade física (onde, regra geral, só está quem se sente bem), praticada de forma organizada, controlada por técnicos que têm formação e podem contribuir para educar a melhor conviverem com esta situação, etc., etc…. do que o risco que têm nas tantas e inúmeras situações em que esses mesmo jovens andam durante todo o dia (e noite), todos os dias, sem regras, sem controlo, sem tutores….
É que, repito, os jovens que andam todo o dia, todos os dias, juntos uns com os outros, são os mesmos jovens que querem e devem praticar o desporto que agora estão proibidos (ou muito limitados) de praticar!
E se não proíbem nem fiscalizam a segunda situação (e ainda bem!), por que razão proíbem a primeira situação onde o risco é, obviamente, muito menor?
Tão absurdo como proibir tanta coisa e permitir um festival de verão como é a festa do Avante…
Acabar com o desporto de formação como medida preventiva da COVID19 é das maiores asneiras que tenho assistido. Asneira intelectual, asneira pedagógica, asneira do ponto de vista da saúde física e mental das pessoas….
Termino apenas com a convicção de que, sendo medidas que afetam tantos e tão boas pessoas, ex-atletas de enorme valor, atletas de enorme valor, jovens fora de série, este mesmo grupo de pessoas, habituadas a não baixar os braços, a unirem-se nos momentos difíceis, seja capaz, com a urgência e eficácia que se impõe, de esclarecer e convencer os nossos dirigentes a alterarem as medidas aplicadas, repondo o bom caminho das coisas….
ESTAMOS JUNTOS!