Frequentemente, noto alguma hesitação sobre a melhor altura de uma equipa de interiores entrar num projeto e, antes de mais, quero começar por sublinhar que cada gabinete tem a sua forma de trabalhar. Conheço colegas que preferem entrar no processo no momento em que tudo está feito e, depois, há malta, como eu, que prefere entrar no momento em que se começam a levantar paredes.
Pessoalmente, considero que pensar ambientes vai muito mais além que simplesmente colocar cadeiras, mesas e um sofá. Na verdade, pode ser um exercício bem mais complexo do que parece. Recordo que por vezes as coisas mais importantes estão imperceptíveis à primeira vista, e que tudo deve obedecer a uma intenção. Uma intenção justificada e forte.
Vou dar um exemplo: para mim é crucial a iluminação ser pensada em prol, não só de cada divisão de uma casa (e refiro-me a uma casa como um mero exemplo), como também de cada atividade realizada nesse compartimento. Ao ser trabalhada a iluminação, deve ser questionado e considerado o sistema de ar condicionado, pois no caso de haver condutas sobre os tetos falsos, é necessário perceber se pode ou não interferir com o pretendido. Ainda sobre os tetos falsos, é importante ter em conta se vão haver cortinas, blackouts ou então nem vai levar nada. Para além disso, toda a parte eléctrica será pensada e colocada especificamente onde se pretende. Não obstante, permite também testar várias tonalidades para paredes e tetos, já que cada espaço é um espaço.
É engraçado, sabem? Às vezes sinto que vivo num mundo à parte, mas a realidade é que sinto que os espaços falam comigo. A forma como a luz natural o manipula e ao mesmo tempo o transforma, o seu cheiro e a sua localização… tudo isto são elementos que tornam cada um num espaço diferente e distinto. E é isto que deve, no final, ganhar forma e ser trabalhado para ir de encontro a uma necessidade especifica do cliente.
As casas não são escritórios e os escritórios não são restaurantes, mas há um elemento que deve ser regra e marcar sempre presença – o Conforto -, ou seja, a capacidade de nos sentirmos bem e à vontade num determinado espaço.
Bem, nesta altura já devem pensar que preciso de algum tipo de acompanhamento, então vamos lá voltar ao tema.
Pode ser também demasiado cedo, pensarão alguns, chamar-se uma equipa de interiores na fase em que o projeto está a ser desenvolvido por especialidades como arquitetura, estruturas, etc, etc…, ou seja, quando ainda nem começou a ser construído.
É importante cada especialidade ter o seu espaço e tempo para trabalhar e pensar na sua intenção.
Recomendo que, e antes de abordarem um especialista de interiores, façam uma lista das vossas necessidades e rotinas diárias: Se pretendem ter uma mesa grande para receber uma dúzia de amigos; se fazem refeições na cozinha, se gostam de ler, entre muitas outras sugestões.
Lembrem-se que a vantagem de estarmos aqui a trabalhar para si é criarmos e pensarmos num espaço completamente personalizado. E, acima de tudo, divirta-se. Este é um momento que para muitos corresponde ao desenvolvimento de um sonho, então confie e deixe-se levar por um mundo de criativos que nasceram para criar e fazer dos seus sonhos uma realidade.