–E agora, meus filhos, vou rezar por quem?
Foi com essa pergunta que nos saudou a minha mãe, Constantina Samuel. Sentada no cadeirão da sala, ela permanece soberba e soberana, convertendo num trono o mais decrépito dos assentos. As mãos – que antes faziam crochê – manipulam com destreza um aparelho de controlo remoto. À frente dela, o eterno televisor, seu único e fiel companheiro, seu ombro, seu colo, sua luminosa almofada.