Os portuenses foram, desde sempre, grandes amantes de espetáculos. Há notícias de, anteriormente ao século XV, já haver representações de autos, comédias e pantominas, nos adros das igrejas, em pequenos logradouros e até nas ruas.
Numa ata de uma reunião municipal do século XIV os moradores da rua da Bainharia pedem à Câmara autorização para montarem um tablado na Cruz do Souto (entroncamento das ruas da Bainharia, Escura, Souto e Pelames) para sobre ele representarem uma pantomina em louvor dos Três Reis Magos. Não admira, por isso, que o Porto se tornasse pioneiro na realização de outro género de espetáculos.
Em 1623, por exemplo, chegou a esta cidade uma companhia espanhola que, a convite do conde de Miranda, representou a comédia “Malmaridada”. A representação foi feita nas cocheiras da residência daquele titular, ao cimo da rua Carpo da Guarda, em cima de um palco montado sobre dois carroções.
Mais de século e meio depois, em 1760, cantou-se ópera pela primeira vez no Porto e no país, pois o canto lírico só dez anos mais tarde chegaria a Lisboa. O espetáculo, encenado no mesmo local do anterior, foi organizado, desta vez, pela Câmara e teve como objectivo a comemoração do casamento da futura rainha D. Maria I, com seu tio, o infante D. Pedro.
Dois anos depois, agora por iniciativa do corregedor da cidade, João de Almada e Melo, uma companhia italiana levou à cena, também nas cocheiras do conde de Miranda, a ópera italiana “Il Trascurato”
Mais três espetáculos se realizariam, em 1785, para celebrar o casamento do futuro rei D. João VI, com a princesa Carlota Joaquina.
O espaço onde se faziam as representações era, porém, inadequado, estava velho e tornara-se demasiado acanhado, o que levou o novo corregedor da cidade, Francisco da Almada e Mendonça, filho de João de Almada e Melo, a promover a construção de um edifício de raiz para representações teatrais. A ideia só começou, verdadeiramente, a tomar forma em 1794, quando o governo aprovou a planta do engº Teodoro Sousa Maldonado. O inicio das obras atrasou-se de tal modo que a planta primitiva acabaria por ser abandonada e substituída por uma outra do italiano Vicente Mazzoneschi.
Finalmente, em 13 de Maio de 1798, o novo teatro, apesar de inacabado, foi solenemente inaugurado no dia do aniversário natalício do príncipe D. João, cujo nome o teatro viria a adotar. Foi o primeiro edifício que se construiu no Porto propositadamente para espetáculos de teatro. Na véspera da inauguração, pagens e lacaios, às ordens de Francisco de Almada e Mendonça, andaram pelas ruas da cidade a anunciar o acontecimento. O chão das vias de acesso ao teatro estava coberto de espadanas e ervas odoríferas. O largo fronteiro ao edifício encheu-se de cadeirinhas. E as damas, receosas de estragarem os seus altos penteados, não se deitaram na noite da véspera da inauguração.
O primitivo edifício do teatro de S. João foi destruído por um violento incêndio em 1908. O atual, que substituiu o primeiro, é obra do arquiteto José Marques da Silva.