Ventura parece estar a perder folgo e força, passou a tempestade. A áurea criativa que o rodeava em cada declaração parece ter perdido luz desde as eleições Europeias, o primeiro grande erro estratégico, talvez pelo cabeça de lista. Nestas eleições, o partido, que tinha alcançado três meses antes 18,07% de votos em eleições legislativas, ficou-se pelos 9,79%. De então para cá o carisma do líder para o combate esfriou como se as baterias não conseguissem encontrar o carregador certo.
A reforçar o que digo, e quando o grosso da classe política nacional está a banhos, o líder do Chega aproveitou a terceira semana de agosto para anunciar que vai fazer chegar ao Governo uma proposta de referendo à imigração e que a mesma deve ser considerada uma “proposta incontornável” no processo de negociações para o Orçamento do Estado. De facto 78+50=128, ou seja, um número de votos mais do que suficiente para que o OE 2025 seja aprovado por larga maioria.
Para quem acompanha política e mesmo para quem apenas vai ouvindo os soundbites esta proposta é estapafúrdia e roça a chantagem. O Orçamento do Estado deve ser olhando com seriedade e não como instrumento de coação, como o instrumento do “vale tudo”.
Serão as eleições autárquicas o meio, a solução para que Ventura recupere toda a sua energia e até glamour? Para mim, as autárquicas de 2025 são o tudo ou nada de André Ventura.
Mas, para que este tudo aconteça, o líder da direita radical em Portugal tem de encabeçar uma candidatura autárquica à maior Câmara do país: Lisboa.
André Ventura tem de ir a jogo em Lisboa e com isso fazer xeque-mate ao PSD, o partido onde já militou e pelo qual foi autarca em Loures.
Para que este xeque-mate aconteça imagine o cenário pós-eleições autárquicas onde Carlos Moedas não é eleito por causa dos votos perdidos para André Ventura. É um cenário que deve ser equacionado por quem tem a direção da campanha e que a tornar-se realidade iria permitir a Ventura renascer com um capital político, um brilho e a ambição de voltar a perseguir o seu sonho de fazer uma “carga de ombro” ao PSD.
Por agora, ainda lhe faltam uns centímetros para lutar ombro a ombro, mas se conseguir esse feito em Lisboa… fica na corrida.
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+ Montenegro estacionou ao centro, e bem.
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