As eleições europeias aproximam-se. Num ano que tem sido marcado, como se sabe, por reviravoltas políticas, há que lembrar que só existe uma sociedade democrática quando a informação se encontra acessível. E quando existem entidades que garantem que esta ecoa de forma relevante e correta. Sem incoerências. Sem “achismos”. Sem equívocos. O caminho é através da existência de dados que comprovem a veracidade e consistência das mensagens que se pretendem passar.
Os meios de comunicação social – tradicionais ou não – são um veículo fundamental para a democracia. Sem eles, e sem a liberdade de expressão que, felizmente, vivemos, seria impossível analisar o comportamento de cada deputado e de cada partido e, a partir daí, tomar decisões. A capacitação do cidadão para questões políticas é importante para a participação ativa no processo democrático. Naturalmente, podemos analisar esta realidade como um ciclo: com informação acessível, o cidadão torna-se informado; um cidadão devidamente informado, toma decisões conscientes; com decisões tomadas, o cidadão vota; e com o voto, tornamo-nos uma sociedade democrática e, por sua vez, mais informada.
Neste contexto, a análise mediática e o media intelligence ganham uma importância particular. É através destas duas dimensões que se identifica se as iniciativas de mobilização e educação do cidadão, e consequentemente da sociedade, para a participação cívica, estão a promover o efeito de literacia desejado.
O acompanhamento regular da agenda política e dos conceitos discutidos, para além dos títulos e controvérsias, ajuda não só os cidadãos a melhor compreenderem o contexto, como obriga ao escrutínio dos representantes políticos, impelindo-os a serem altamente transparentes nas suas ações.
Do lado dos partidos, e dos deputados, há que destacar, também, a relevância da análise mediática e da media intelligence. Sem esta monitorização, não é possível gerir a evolução das suas campanhas. Não é possível analisar a opinião pública, comparando-a com a opinião publicada, concluir sobre os temas que mais destaque merecem, nem entender a perceção pública de cada deputado, intrinsecamente relacionada com a sua reputação. Adicionalmente, o media intelligence permite também gerir riscos e prever crises, através de dados mediáticos que mapeiam a realidade concreta que se vive, delineando atempadamente um plano estratégico. E, caso necessário, esta monitorização constante de dados permite, de facto, gerir uma crise,
entendendo os parâmetros que merecem análise e qual o caminho a seguir para melhorar a
opinião pública.
É fundamental, portanto, que surjam e se consolidem entidades que se debrucem de forma sistemática sobre os assuntos públicos e políticos. Que contextualizem os cidadãos, que lhes forneçam ferramentas para a tomada de decisão e que sustentem uma sociedade informada. Por outro lado, que analisem a perceção pública, permitindo a cada candidato político criar
estratégias para alcançar os seus objetivos.
Deixo o meu apelo e esperança, enquanto cidadão. Que se procure informação credível, que
quem partilha desta preocupação exerça o vosso (nosso) direito democrático e que contribuam
para a construção de uma sociedade livre e consciente.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.