Democracia
Democracia amordaçada
Quem não entra cedo no recreio partidário descobre mais tarde que a política é como aquelas discotecas exclusivas: sem cartão certo não há pulseira, sem pulseira não há entrada
Iniciativa dos Comuns arranca campanha "pela paz, liberdade e Estado Social"
Em apenas dois dias, 600 pessoas assinaram o manifesto da Iniciativa dos Comuns “pela paz, liberdade e Estado social”. Este sábado, há manifestações em Lisboa e no Porto, mas estas deverão ser apenas as primeiras de várias ações contra o genocídio na Palestina, a corrida ao armamento e a ameaça que o investimento em Defesa representa para o Estado Social
Esta é a história de como se começa a perder a democracia: eu vi, ninguém me contou
Um dos pilares da democracia ocidental é a liberdade de expressão e de manifestação. E é isso que está em erosão. As sucessivas crises, a ideia de estado de exceção, abriram caminho para que a força musculada do Estado seja usada para reprimir direitos que achávamos adquiridos. Está tudo a acontecer à nossa frente. Mas, claro, escolhemos não olhar. Talvez até ao dia que nos bata à porta. Talvez até ao dia em que não seja preciso ter a coragem daqueles miúdos para levar com cassetetes nos lombos.
A conversa da bolha
A quem é que isso interessa? Interessa aos que não querem ser submetidos ao escrutínio do jornalismo e, por isso, o desclassificam. Interessa aos que querem semear o caos da descrença para oferecer a ordem da obediência e da crença cega. Interessa aos que não gostam dos resultados da ciência e do estudo e querem manter uma ignorância que lhes protege os interesses
Dedicado a todos os homens (e mulheres) que odeiam as mulheres
Eu sei que eles não são a maioria. Eu sei que talvez nunca venham a ser a maioria. Mas eles contam com uma maioria que se cale, que se encolha, que os deixe ocupar todo o espaço com os seus gritos, que aceite que não vale a pena enfrentá-los, que os trate com a compaixão que merecem os que não sabem o que fazem ou se entretenha a tentar compreender os motivos profundos do seu ódio. Não contem comigo para isso. Não estou cá para isso.
Os outros não têm medo
Este é um texto sobre incompreensão. E sobre como não conhecemos o País. Se há uns que estão cabisbaixos e amedrontados, há os outros. Os que não têm medo, porque a liberdade, a fraternidade e a igualdade não têm espaço nas vidas que levam
Se o dia é de reflexão, vamos lá refletir sobre o que é importante... sem violar a lei
É sobre isto, exatamente sobre isto, que precisamos de refletir neste nosso dia de reflexão: queremos ou não uma Europa unida pelo respeito da democracia, dos direitos humanos, da justiça social, da paz e do progresso social?
Eles não são todos iguais: Vão e votem
Olhem bem para o papel que têm à frente. Esse boletim de voto custou muito a chegar-vos às mãos. Houve gente a ser torturada e a morrer, a viver escondida e perseguida, para que hoje pudessem pôr uma cruz nesse papelinho. É um papel frágil, que não vos dá tudo o que prometeu. Mas é nele que se podem escrever todas as promessas, todas as esperanças, toda a imaginação de que se pode fazer o futuro. Não o deixem em branco
Precisamos de falar de liberdade. Crónica de Margarida Davim
Precisamos de falar de liberdade, da liberdade a sério, construída em luta e festa, feita com todos e para todos, mesmo para os que não gostam dela, para que até esses possam dizer o que querem e que não lhes falte a saúde, a educação e a habitação quando o azar lhes bater à porta e descobrirem que, afinal, a liberdade não é um substantivo individual, mas só é plena quando se escreve no coletivo.
O que nos falta é "espanto político"
Paralisados pelas ideias da autoajuda, limitados pela crença de que só as nossas crenças nos limitam, anestesiados pela indignação amorfa das redes sociais, incapazes de interrogação e “espanto político”, deixamo-nos domar. Porque só “espanto político” nos pode fazer ver o mundo como ele é e ser capazes de exigir que ele seja como imaginamos que devia ser
"Nós somos a maioria, eles são o 1%"
“Nós somos a maioria, eles são o 1%”, diz Sanders. Enquanto assisto à queda dos princípios de igualdade perante a lei, justiça e liberdades individuais no prometido oásis das democracias ocidentais, a ideia de Sanders parece a única esperança possível. “Nós somos a maioria, eles são o 1%”
Tanto fez que agora tanto faz?
Nada é mais estável do que uma ditadura. Sob uma ditadura, não há crises políticas nem escândalos. Imaginem o sossego! Acabam-se as notícias sobre casos, casinhos e megaprocessos. Acabam-se mesmo as notícias. Ninguém faz perguntas e ninguém chateia
A armadilha do senso comum
Quem acredita que a democracia se pode construir como o reino de um “senso comum” guiado pelo “puro bom senso” está, mesmo que não se aperceba disso, a abrir caminho para uma submissão aceite sem crítica
Arquivos, museus e bibliotecas: mais cultura, mais democracia
O mote de todo este artigo é simples: é possível fazer mais e melhor. Uma política robusta de promoção e desenvolvimento dos arquivos, museus e bibliotecas contribui para uma melhor democracia, uma sociedade civil mais informada e culta, capaz de responder aos desafios do século XXI
Nas nossas costas, enquanto escolhermos não olhar
O sonho de controlo de qualquer ditador passa agora a estar disponível às forças de segurança num dos maiores blocos da democracia ocidental. Alguém se lembra de um debate sobre o tema? Quantos sabiam que estas novas regras estavam a ser cerzidas nas nossas costas? Andamos certamente distraídos. Ou deixámos simplesmente de nos importar?
Para que serve o jornalismo?
Escrevo este texto em dias de grande perturbação para a redação da VISÃO. Vivemos numa enorme incerteza. E haverá quem culpe o mercado, quem nos diga que é o futuro inexorável que aí vem, com os seus algoritmos e inteligências artificiais, quem ache que não faremos falta e quem se regozije com a possibilidade de ver desaparecer quem interroga, quem incomoda, quem escrutina e expõe. A todos gostaria de pedir que parassem para pensar e imaginassem esse futuro sem jornalismo
O poder voltou às catedrais
Mesmo que muitas vezes de forma limitada e imperfeita, a democracia é o sistema em que o princípio do voto universal dá poder aos que o não têm. Durante quanto tempo poderemos continuar a usar essa palavra para descrever um sistema em que o poder está nas mãos de um grupo restrito de pessoas que age em seu próprio benefício?
O Presidente Rei era o futuro de um passado que desfizemos
Este país parece órfão, sempre à espera de um pai. Olho para trás cem anos. A História já quase lhe apagou o nome, que resiste em avenidas, cravado na pedra, escrito em moradas, já sem emoção. Sidónio Pais. Alguém sabe quem é? Era um homem numa farda, alto, bonito, de olhos doces
Olhar o passado nos olhos, mesmo que doa
Nada é eterno. Durante 48 anos, o meu avô acreditou viver naquele que era aos seus olhos o melhor e o mais justo dos regimes. Nesses anos, milhares de portugueses viveram na miséria, calados, com medo, com fome de tudo, mas sobretudo de liberdade. Eram muitos, mas não foram os suficientes. E talvez nunca tivessem sido, se a guerra colonial não tivesse tornado absolutamente insuportável o que até aí a maioria aguentava, mais ou menos resignada
Meus queridos anos 80: Dez momentos que marcaram "a década prodigiosa"
O novo livro de Pedro Boucherie Mendes retrata, de forma surpreendente, a primeira década vivida, integralmente, em democracia. Das centenas de referências, falamos de dez temas
Portugal, uma democracia que não deve aceitar o ódio
A promotora cultura Maribelle Brito, cabo-verdiana a residir no Porto, defende que as autoridades de Cabo Verde devem intervir "de forma firme e clara" contra os discursos de André Ventura e do Chega que atingem membros da comunidade daquele país a viver em Portugal