1. O País parece cada vez mais ameaçado por uma nada racional e democraticamente suicida tendência para lançar suspeições ou mesmo afogar a política e seus principais protagonistas num rio de água pouco limpa. Para já não falar das ações de alguns integrantes do MP, é o que ressalta da forma de fazer “política” de muitos políticos, e de fazer “informação” e “comentários” em muitos média. Tal situação é tremendamente nociva para a democracia e para o País. O que de forma imediata se traduz no que todas as sondagens mostram: o grande beneficiário é o Chega. Quem não vê isto é cego; quem o vê e não altera os seus comportamentos ou não preza a democracia ou é muito falho de clarividência, inteligência, competência.
2. O mais recente episódio que pode contribuir para agravar a situação é o chamado “caso das gémeas” e a participação nele do Presidente. O caso é, de facto, estranho e sob certos aspetos chocante. Marcelo veio garantir que o que fez foi apenas seguir a prática normal de todos os titulares de altos cargos públicos, reenviando para os responsáveis do respetivo setor qualquer exposição, queixa ou pedido recebido na Presidência; e o que não fez foi qualquer outra diligência para ser atendida a pretensão em causa, veiculada pelo seu filho. Ora, é indesmentível constituir prática normal o que garantiu ter feito, e é claro dever-se acreditar no que garantiu não ter feito – salientando, bem, ninguém estar autorizado a fazê-lo em seu nome.